O deputado federal Daniel Coelho (PSDB) participou, nesta sexta-feira, de entrevista ao programa de Ednaldo Santos, na Rádio Jornal, onde fez uma avaliação sobre o cenário político municipal. Questionado a respeito da gestão do atual prefeito Geraldo Júlio, Daniel expôs sua percepção sobre o que observa nas andanças pelas comunidades do Recife: “O sentimento é de decepção”.
“O sentimento (das ruas) é de decepção. O que foi vendido foi um novo Recife, o que foi vendido foi uma nova prática política. E as pessoas estão vendo mais do mesmo. Um prefeito que se preocupa muito mais com essa política antiga e atrasada, de estar indo atrás de fatos políticos, de estar tentando fazer entendimentos através da distribuição de cargos. Não tem nada mais velho do que isso. Eu sinto que há uma grande decepção e ela está muito concentrada nas áreas mais pobres, mais periféricas. Ali, houve realmente um abandono completo e a população está ansiando por mudanças. A gestão atual é elitista. O PSDB caminha no sentido de apresentar uma alternativa ao eleitor”, afirmou Daniel Coelho.
Questionado sobre como observa a máquina pública da prefeitura, Daniel lamentou o inchaço da estrutura, “um inchaço que começa lá atrás, na gestão do PT” e que foi crescendo, o que provocou “uma capacidade muitas vezes pequena de execução”. “Você tem secretarias que gastam muito mais na folha de pagamento do que efetivamente fazendo alguma coisa. Taí, por exemplo, a secretaria que trata da questão dos animais. O custo (da secretaria) é de cargo comissionado, mas não tem dinheiro para execução. E isso vai sendo reproduzido em outras áreas. Você começa a criar secretarias, que tem um custo alto para manutenção do seu custeio, do seu cargo comissionado, das pessoas que ali trabalham, mas não têm capacidade de investimento. A gente precisa inverter essa lógica”, destacou.
Segundo Daniel Coelho, um dos problemas da administração atual é que “o grupo que está governando a cidade nunca andou na cidade, que não conhece os bairros da cidade, não teve essa vivência necessária”. “Hoje a gente tem uma gestão burocrática, de gabinete, e é por isso que a população fica insatisfeita”, ressaltou.
Questões fundamentais, como saúde e educação, estão entre os maiores problemas da gestão. “A gente não viu avanços na questão do atendimento à saúde. Por incrível que pareça, ouço tanto dos profissionais da área quanto de pessoas que dependem do sistema de saúde, que chegam a ter saudade da gestão anterior, a de João da Costa, que era muito ruim na saúde. A gente tem na educação um desastre completo. Um vereador do nosso partido, André Régis, fez um levantamento de todas as escolas do município. Temos tudo catalogado, e a situação é de caos completo. Não há nenhum tipo de investimento consistente para mudar a realidade da educação no município.
O Recife está condenando mais uma geração a ficar sem educação”, lamentou.
Por fim, Daniel ressaltou as diferenças de perfil existentes entre os governador Paulo Câmara e o prefeito Geraldo Júlio. “Há uma evidente diferença de perfil entre o governador Paulo Câmara e o prefeito Geraldo Júlio. Enquanto Paulo tem demonstrado vontade de ouvir e humildade no trato, Geraldo é o inverso, tem mostrado ser um cara que escuta pouco, que decide sozinho, que passa por cima das instituições. Veja a própria relação com o PSDB. Paulo Câmara teve um tratamento com o PSDB respeitoso na condução tanto da campanha quanto do pós-campanha. Já o prefeito da cidade passou por cima das instâncias partidárias tentando criar instabilidade dentro do nosso próprio partido, sem respeitar as lideranças, os deputados eleitos, o presidente estadual do partido. Então, eles têm posições muito diferentes”, finalizou.