Marina e Eduardo estavam certos
Durante a campanha eleitoral os candidatos do PSB à presidência da República, primeiro Eduardo Campos e depois Marina Silva, defenderam uma proposta que aos olhos dos leigos em economia parecia uma aberração, que era a autonomia do Banco Central, rechaçada pela campanha de Dilma Rousseff, que durante o processo quando a candidatura de Marina chegou a ameaçar seu favoritismo, afirmou que Marina iria tirar comida da mesa do trabalhador caso fosse eleita por defender a autonomia do Banco Central.
Passaram 14 meses do processo eleitoral de 2014 e ontem ficou comprovado que a tese defendida por Eduardo e Marina na campanha presidencial poderia não ser a melhor alternativa, mas dava indicativos que a economia do país precisaria de algum rumo para resolver o problema econômico que estaria por vir. A indicação de Joaquim Levy para o ministério da Fazenda inicialmente agradou o mercado, mas no decorrer dos meses a sua atuação no cargo se mostrou inócua porque o ajuste fiscal proposto por ele não foi cumprido na sua totalidade por falta de força política da presidente Dilma Rousseff.
Fritado pelo próprio governo, Joaquim Levy se viu sem condições políticas de continuar no cargo. Nada do que ele viesse a fazer surtiria efeito porque o governo como um todo carece de norte e sobretudo de credibilidade perante a sociedade e principalmente perante o mercado nacional e internacional, e ontem Levy pediu as contas e foi embora pra casa. O Planalto agiu rápido e fez uma dança das cadeiras, mandando Nelson Barbosa do Planejamento para a Fazenda, logo ele que foi o responsável pelo duplo rebaixamento do país pelas agências de risco internacionais.
Num período de instabilidade econômica, como o atual, e o que precedeu o Plano Real durante o governo Itamar Franco, ministros da Fazenda costumam ser trocados como os técnicos de futebol quando o time vai mal. Na economia não é diferente, se existe inflação e estagnação econômica, dificilmente o ministro da Fazenda será mantido por muito tempo. No governo Itamar, que em menos de três anos, foram nada menos que seis ministros (Gustavo Krause, Paulo Haddad, Eliseu Resende, Fernando Henrique Cardoso, Rubens Ricúpero e Ciro Gomes), enquanto no governo FHC Pedro Malan ficou durante todo o período do tucano (oito anos) e Lula/Dilma conseguiram ter Guido Mantega por mais de oito anos no cargo.
O que Pedro Malan e Guido Mantega tinham em comum? Uma estabilidade econômica consolidada com a inflação controlada e crescimento significativo. Diferentemente do segundo governo Dilma Rouseff que vivencia uma estagnação e uma inflação consistentes. A troca de Levy por Barbosa só evidencia que o governo perdeu as rédeas da economia e não sabe mais o que fazer para controlar novamente.
Nelson Barbosa já assume o ministério da Fazenda com o prazo de validade estipulado – deve durar menos tempo que Joaquim Levy – e mais uma vez fica comprovado que Eduardo Campos e Marina Silva, quando afirmaram que a economia caminhava para um colapso, não estavam sendo profetas do apocalipse, apenas estavam falando a verdade, que Dilma Rousseff custou a admitir e o país hoje paga caro a fatura dos erros do governo.
José Agripino – O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo Tribunal Federal a abertura de mais um inquérito para investigar o presidente nacional do DEM, senador Agripino Maia (RN), por peculato qualificado e lavagem de dinheiro. Esse é o terceiro pedido de abertura de investigação da Procuradoria-Geral da República contra o parlamentar. A relatora do caso no STF será a ministra Rosa Weber.
Avaliação – Os bastidores políticos de Brasília avaliaram que a queda de Joaquim Levy da Fazenda foi vitória do ex-presidente Lula, que por muitos meses tentou convencer a presidente Dilma Rousseff a retirar Levy pra colocar Henrique Meirelles. Mesmo não emplacando o seu preferido, Lula conseguiu parte significativa do seu objetivo, que era afastar Levy do cargo.
João Fernando – Em sua tradicional confraternização com a imprensa, o deputado federal João Fernando Coutinho (PSB) considerou um equívoco a decisão do STF em tirar da Câmara dos Deputados a prerrogativa exclusiva de abrir o processo de impeachment. Para o socialista o Senado terá poder demais em todos os processos de impedimento de presidentes que vierem a ocorrer daqui por diante, porque além de decidir se abre ou não o impeachment, a Casa também fará o julgamento final do presidente. Em suma decidirá duas vezes contra apenas uma da Câmara.
Gravatá – O interventor do município coronel Mário Cavalcanti, fez ontem um balanço sobre o primeiro mês da sua gestão em Gravatá, dentre as medidas tomadas o interventor indicado pelo governador Paulo Câmara considerou significativas a redução de secretarias, a retomada da coleta de lixo e o pagamento dos salários de novembro. O coronel planeja reduzir em 20% o seu salário e o número de cargos comissionados.
RÁPIDAS
Aline Mariano – A secretária de combate ao crack e outras drogas do Recife Aline Mariano comemora a liberação de todos os recursos destinados para a sua pasta em 2015. Com isso Aline conseguiu colocar em prática uma série de projetos que visam melhorar a situação dos dependentes químicos da cidade.
Ricardo Teobaldo – O deputado federal Ricardo Teobaldo (PTB), relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2016, colocou em seu parecer R$ 10 bilhões de receita com a CPMF e afirmou que a contribuição é extremamente necessária para ajudar o governo a equilibrar as contas públicas.
Inocente quer saber – Quanto tempo Nelson Barbosa ficará no comando do ministério da Fazenda?