Impeachment é a única saída para tirar o país da letargia
Após o anúncio na última quarta-feira por parte do presidente da Câmara Eduardo Cunha de que daria prosseguimento ao processo de impeachment, o país começou a vislumbrar uma divisão entre os defensores de Dilma e os opositores dela. Em outubro do ano passado uma vantagem mínima permitiu a Dilma mais quatro anos, mas hoje os seus apoiadores não chegam a dois dígitos nas pesquisas, enquanto cerca de setenta por cento dos brasileiros querem a sua saída.
Ao logo da história brasileira sempre aconteceram escândalos de corrupção, inclusive durante o governo Lula. Mas como havia um cenário econômico favorável, os brasileiros fizeram ouvido de mercador para os escândalos e não só reelegeram Lula como permitiram ao PT mais quatro anos em 2010 com a vitória de Dilma Rousseff.
Nas eleições de 2014 Dilma correu riscos de perder a disputa primeiro para Marina Silva e depois para Aécio Neves, tanto num momento quanto no outro, Dilma só se saiu vitoriosa graças a uma campanha, apesar de sórdida, muito eficiente. O programa do PT foi capaz de jogar no colo de Aécio e de Marina uma série de coisas que posteriormente a própria Dilma viria a fazer.
O eleitor, convencido pela estratégia eficiente de João Santana, o marqueteiro de Dilma, “comprou” um produto defeituoso. O país da propaganda do PT estava longe de ser o Brasil que os brasileiros vivenciavam no dia a dia. Assim como em toda relação de consumo, quando o produto ou o serviço não supre as expectativas do cliente, ele pode solicitar reembolso ou troca do produto defeituoso, na política não é diferente.
Geralmente são esperados quatro anos para o eleitor poder se redimir do erro, mas se existem indícios de irregularidade numa gestão de uma prefeitura por exemplo, o Tribunal de Contas recomenda o afastamento, podendo ser nomeado o vice-prefeito, o presidente da Câmara ou até mesmo um interventor. Mas uma coisa é certa, a cidade não pode parar porque o prefeito se mostrou incapaz de governar para os seus eleitores.
Num condomínio, os condôminos elegem um síndico, um subsíndico, o conselho fiscal, etc. Caso o síndico não consiga fazer com que o condomínio resolva os anseios daqueles que contribuem financeiramente para o bom andamento do prédio, eles se reúnem e dão um jeito de afastar o síndico. Não podem esperar o término do mandato porque o condomínio não aguenta tanto tempo.
Assim como numa cidade pequena ou num simples condomínio que não funcionam como era pra funcionar, no país não é diferente. Além de existir a variável corrupção, a economia do país vai mal, a figura da presidente da República não inspira confiança e ela é incapaz de apontar um norte para o Brasil porque além de não ser política, Dilma também se mostrou uma péssima gestora, fazendo cair por terra a imagem que o marketing de João Santana ajudou a criar.
Quando os brasileiros elegeram Dilma Rousseff em outubro do ano passado, também elegeram um vice-presidente que constitucionalmente foi eleito para substituir Dilma quando necessário, temporária ou até mesmo definitivamente. Diferentemente do que querem pregar os adeptos do PT, a saída de Dilma não seria um golpe da oposição, muito menos de Michel Temer ou de Eduardo Cunha. Se ela realmente cair é porque perdeu as condições políticas de continuar no cargo. Ela paralisou o Brasil de tal maneira que mesmo com a sua saída, Michel Temer na condição de herdeiro da presidência da República precisará de muito traquejo político e jogo de cintura para pelo menos quebrar o ciclo de crise política, econômica e institucional que Dilma colocou o país.
Dilma não possui mais a menor condição de ocupar a presidência da República. Está sitiada no Palácio do Planalto, refém de tudo e de todos, além disso prejudicando o país com a sua incapacidade. Então o impeachment não é somente mais uma saída para o Brasil, mas sobretudo a única saída que o país possui para poder virar a página e voltar a ser um país de fato e de direito.
Movimento – Cada vez mais próximo de virar presidente da República, Michel Temer tem se movimentado bastante nos bastidores para dialogar com o empresariado, com os governadores, com o congresso nacional, etc. Ele sabe que ao ocupar a presidência da República precisará pregar a união para sair da crise, e nada melhor do que dialogar com aqueles que podem dar sustentação ao seu futuro governo.
Chantagem – O Palácio do Planalto definiu como chantagem a abertura do impeachment por parte de Eduardo Cunha, mas quem chantageia dificilmente coloca a chantagem em prática. Logo o PT, que ao longo dos anos utilizou a chantagem como arma eleitoral ao dizer que caso os adversários vencessem a eleição eles acabariam com o Bolsa-Familia. Se isso não é chantagem, qual é o outro nome?
Dois pesos – Nos governos Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, o PT defendeu com unhas e dentes o impeachment dos presidentes. No de Collor, que acabou acontecendo, o PT liderou o processo para defenestrar o presidente do cargo e se negou a contribuir com o governo de união nacional proposto por Itamar Franco. Agora, com o impeachment de Dilma em curso, o PT acha que é golpe.
Suspenso – A executiva nacional do Partido dos Trabalhadores decidiu suspender por sessenta dias a filiação do senador Delcídio Amaral (MS), que foi preso na semana passada por atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato. Quando foi preso, Delcídio ocupava o posto de líder do governo Dilma Rousseff no Senado.
RÁPIDAS
Visita – A presidente Dilma Rousseff desembarcará neste sábado no Recife para lançar um plano de ação contra o Aedes aegypit, que causa várias tipos de doenças, entre elas a dengue e a zika. O evento será no Centro de Operações do Comando Militar do Nordeste, no bairro do Curado.
Risco – O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) declarou em Lisboa nesta sexta-feira que está acompanhando com “apreensão” o quadro político brasileiro porque “se o sentimento se generalizar, a presidente terá muita dificuldade de evitar o impeachment”.
Inocente quer saber – Caso Dilma Rousseff seja impichada, o ministro Armando Monteiro voltará para o Senado?