Cerco tem se fechado para os corruptos no Brasil
Defensores da ex-presidente Dilma Rousseff afirmavam após o impeachment dela que o objetivo da classe política era afastar Dilma para acabar com a Lava-Jato. É bem verdade que alguns corruptos inveterados como Romero Jucá e Renan Calheiros efetivamente sonhavam com isso, mas ficou muito claro com o decorrer dos meses que a operação Lava-Jato não é seletiva e que não tem a menor expectativa de parar enquanto não investigar e punir os crimes do colarinho branco.
Ontem foi uma prova cabal disso quando o prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes teve seus bens bloqueados pela justiça, o governador de São Paulo Geraldo Alckmin foi delatado por ter recebido R$ 2 milhões em dinheiro vivo para a sua campanha rumo ao Palácio dos Bandeirantes em 2010. Não obstante o atual presidente Michel Temer teria recebido R$ 10 milhões em propina. Para o caso não ficar apenas no PMDB de Temer e Paes nem no PSDB de Alckmin, Lula foi novamente indiciado por tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa ontem, sendo que desta vez na Operação Zelotes por tentar intervir na compra de 36 caças e incentivos fiscais a montadoras brasileiras por meio da Medida Provisória 627.
O fato é que tanto a Lava-Jato quanto a Zelotes investigam a fundo as entranhas da nossa república. O crime compensou por muitos anos, a impunidade imperou e os corruptos perderam qualquer limite, se achando acima do bem e do mal e acreditavam que cadeia só era lugar para pobre. Ledo engano, as instituições nunca funcionaram tão fortemente como agora, isso não se dá porque os políticos deixaram como Dilma Rousseff e Lula chegaram a afirmar que foram eles que permitiram as investigações, mas sim porque a democracia tem se consolidado a cada dia e a sociedade está cada vez mais intolerante com os malfeitos dos políticos corruptos que são muito bem remunerados mas não se dão por satisfeitos e querem sempre mais para alimentar um sistema de poder que se mostrou podre, danoso ao país e a partir de agora está falido.
Não é a Lava-Jato que é uma usina de crises como alguns acreditam ser, na verdade foi o nosso sistema político brasileiro que precisava de uma varredura geral para desnudar os esquemas da nossa república. A Lava-Jato é uma conquista da sociedade, que a partir de agora tem a prerrogativa de forma mais consistente para através das urnas mandar os corruptos para o lugar que eles merecem antes de ir pra cadeia: o ostracismo.
Desempenho – Assim como o governo Michel Temer que em sete meses segue mais perdido que cego em tiroteio, os ministros Mendonça Filho (Educação), Bruno Araújo (Cidades), Raul Jungmann (Defesa) e Fernando Filho (Minas e Energia) até agora não trouxeram nada relevante pra Pernambuco, que segue com grandes dificuldades de captação de recursos junto aos ministros pernambucanos.
Santo – Na lista da Odebrecht o governador de São Paulo Geraldo Alckmin foi chamado de “santo”, mas apesar do apelido foi capaz de receber R$ 2 milhões. Para quem almeja ser presidente da República em 2018, Alckmin começou muito mal a sua campanha, pois fica evidenciado que mesmo sendo um bom gestor não está eticamente a altura de comandar os destinos do Brasil.
Justiça – Seria cômico se não fosse trágico o codinome do presidente do Senado Renan Calheiros ser justiça na lista de propina da Odebrecht. Além de ter sido ministro da Justiça no governo Fernando Henrique Cardoso, o coronel de Brasília demonstrou essa semana com a decisão do Supremo Tribunal Federal que ele manda na nossa república, inclusive na suprema côrte.
Preconceito – A ex-presidente Dilma Rousseff em entrevista à Financial Times afirmou que o governo Temer é composto por pessoas brancas, ricas e velhas. O preconceito partiu de uma senhora de quase 70 anos, branca e com um patrimônio declarado de mais de R$ 1 milhão. Incoerência a gente vê por aqui.
RÁPIDAS
Vetado – Um tucano de alta plumagem em Pernambuco afirma que a tentativa do deputado federal Daniel Coelho de ser o líder do PSDB na Câmara dos Deputados em 2017 não passa de um sonho de verão. Para o político, o correligionário chegou agora e já quer sentar na janela, sobretudo após impactante derrota eleitoral sofrida este ano pela prefeitura do Recife.
Ostracismo – O prefeito de Ipojuca Carlos Santana (PSDB) que perdeu a reeleição de forma acachapante deve amargar um grande ostracismo a partir de 2017, pois além da derrota eleitoral terá que ajustar contas com a justiça pois está bastante encrencado.
Inocente quer saber – Se gritar pega ladrão em Brasília, sobram quantos?
William Pontes diz
É trágico para não fizermos cômico o fato de desvantagem uma mulher honesta e colocar uma camarilha no poder. Essa é a triste história desse país. O outro lado é que a corrupção vive faceiramente, e nas nossas barbas.