Não há sinalização de virada de jogo no Recife
Nas eleições em que houve segundo turno João Paulo conseguiu virar o jogo pra cima de Roberto Magalhães em 2000 e Eduardo Campos virou pra cima de Mendonça Filho em 2006, tanto Roberto quanto Mendonça estavam buscando a reeleição e acabaram derrotados, porém já havia uma sinalização clara no desfecho do primeiro turno que o jogo seria virado na segunda etapa.
Na eleição deste ano o desfecho da disputa não foi por mérito de João Paulo ou demérito de Geraldo Julio, se deu porque Priscila Krause conseguiu manter 5% dos votos válidos após o debate da Globo e isso foi fundamental para mandar a eleição para uma segunda etapa. Não havia também uma tendência de queda de Geraldo e crescimento de João Paulo, muito pelo contrário, João começou liderando e desidratou ao longo da disputa, ficando com menos de 24% dos votos válidos, um resultado muito aquém do peso eleitoral que um dia ele chegou a ter na capital pernambucana. Já Geraldo começou atrás nas pesquisas, bem verdade que numa posição de empate técnico com o petista, mas com o decorrer do guia eleitoral ele alavancou sua candidatura e assumiu rapidamente a primeira colocação de forma isolada.
Faltando 22 dias para a disputa final, tendo um guia que começa a partir desta segunda-feira, levando em consideração a vantagem que as pesquisas anteriores a domingo apontavam para Geraldo e a do Instituto Veritá que deu 40 pontos de vantagem em intenções de votos válidos para Geraldo, é possível afirmar que o jogo não será virado a favor de João Paulo nesta segunda etapa, salvo o acontecimento de um cisne negro na disputa.
Além de figurar atrás nas pesquisas, João Paulo também tem a desvantagem de ostentar quase 40% de rejeição do eleitorado recifense, praticamente o dobro da rejeição de Geraldo, o que consolida a tese de que a eleição do próximo dia 30 tende a ser uma mera nomeação de Geraldo Julio para o segundo mandato.
Aproveitamento – O governador Paulo Câmara deverá aproveitar na sua equipe a partir de 2017 alguns nomes que estarão sem mandato e que historicamente são ligados ao PSB. Dentre eles Jorge Gomes, Alexandre Arraes e Heraldo Selva. O prefeito de Jaboatão dos Guararapes Elias Gomes era cotado para assumir uma secretária a partir de janeiro, mas como perdeu eleiçōes importantes, terá dificuldades para integrar o governo.
Lula Cabral – Chateado com a presença do vice-governador Raul Henry na campanha de Betinho Gomes no Cabo de Santo Agostinho, o prefeito eleito Lula Cabral (PSB) soltou o verbo contra o vice-governador, afirmando que terá dificuldades de pedir votos para Raul Henry em 2018, além disso Lula relembrou a sua ajuda para a vitória de Paulo Câmara em 2014, que passou principalmente pelo apoio financeiro logo após a morte de Eduardo Campos.
Rio de Janeiro – O senador Marcelo Crivella (PRB) continua liderando as simulações de segundo turno contra o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL). A vantagem de Crivella é significativa, ultrapassando os vinte pontos. Isso leva a crer que somente um fato novo muito relevante possa beneficiar Marcelo Freixo na cidade maravilhosa.
Desgraça – O deputado federal Anderson Ferreira (PR) caiu em desgraça com o Palácio do Campo das Princesas quando decidiu se aliar ao senador Armando Monteiro (PTB) na disputa pela prefeitura de Jaboatão dos Guararapes. Apesar de ser um candidato mais palatável para o Palácio em termos de imagem, a atitude de Anderson fez o PSB e todo o governo fechar questão com a candidatura de Neco (PDT).
RÁPIDAS
Guerra – Ao se aliar a Raquel Lyra em Caruaru e subir no mesmo palanque de Armando Monteiro, o prefeito José Queiroz declarou guerra ao governador Paulo Câmara, que decidiu apoiar oficialmente a candidatura de Tony Gel a prefeito que nunca teve postura dúbia em relação ao governador, tendo sido vice-líder do governo na Alepe desde janeiro de 2015.
Sepultado – As urnas sepultaram no último domingo o ex-prefeito João da Costa que já não havia conseguido se eleger deputado federal em 2014 e obteve menos de seis mil votos para vereador, ficando na primeira suplência da chapa liderada por João Paulo.
Inocente quer saber – Como ficou o tamanho político de Daniel Coelho após a segunda derrota majoritária consecutiva?
William Pontes diz
Um governador sem carisma e um governo mediano não tem influência em pleito algum.Quanto aos resultados deixem o eleitor se manifestar. Vivemos a época de ausência de lideres.