Daniel Coelho foi o grande vitorioso do impeachment no Recife
Mesmo depois de ter perdido a chance de dar o 342º voto que sacramentou a guilhotina de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados na votação do dia 17 de abril, o deputado Daniel Coelho acabou sendo o grande beneficiário dos desdobramentos do impeachment em Pernambuco. Isso porque o PSB decidiu unilateralmente pedir os cargos do PSDB. Com a atitude, o partido deixou de passar mais dois meses com a incerteza da candidatura de Daniel, o que o imobilizaria na construção de um palanque forte, para transformar a candidatura em fato consumado e deixar de ser um projeto pessoal de Daniel para se tornar um projeto partidário do PSDB.
Há cerca de um mês a candidatura de Daniel Coelho estava mais para não ser do que para ser, e isso inexoravelmente beneficiava o prefeito Geraldo Julio, que tem no tucano o principal adversário. Agora a candidatura de Daniel não só foi consumada pelo próprio Palácio do Campo das Princesas como também três partidos o procuraram oferecendo apoio ao seu projeto.
Os fatos atropelaram o PSB, que após o impeachment não só perdeu o protagonismo como também deixou sequelas insanáveis na Frente Popular. Para as eleições de 2016, se a reeleição de Geraldo Julio era difícil, apesar de o socialista ser o favorito, agora ela ficou bastante comprometida, porque o jogo ficou zerado. O fsvoritismo de Geraldo de outrora foi relegado a um segundo plano. Os próprios partidos que compõem a Frente Popular já reavaliam apoio ao socialista.
O próprio Daniel chegou a afirmar numa rede social que não acreditava que sua candidatura a prefeito fosse o centro das atenções a ponto de influenciar a decisão do PSB de apoiar o impeachment logo após a votação na Câmara dos Deputados. O PSB agiu como se assim fosse, dando uma importância sobrenatural a postulação de Daniel. Como o desfecho acabou se tornando favorável ao tucano e desfavorável ao PSB, Daniel começa o processo eleitoral pós-impeachment completamente fortalecido e caminha para ser um adversário ainda mais duro do que foi pra Geraldo Julio em 2012, que por sua vez não poderá contar com Eduardo Campos, que foi fundamental para o resultado das eleições que levaram Geraldo ao comando da capital pernambucana.
Força – Diferentemente do que alguns analistas quiseram plantar, o fato de assumir o ministério de Minas e Energia aos 32 anos é um feito e tanto de Fernando Filho, que garante um horizonte político acima do normal. Isso sem contar com o fato de comandar estatais importantes como Furnas, Chesf, Petrobras, etc. Fernando é talvez o mais jovem político pernambucano a chegar à Esplanada dos Ministérios, demonstrando força e sobretudo capacidade de articulação.
Em vão – Incentivado sabe lá por quem e pelo quê, o governador Paulo Câmara teria enviado uma carta ao presidente Michel Temer solicitando que o deputado Fernando Filho não fosse nomeado ministro de Minas e Energia. A atitude, que foi em vão, causou profundo desconforto entre o governador e o senador Fernando Bezerra Coelho, numa relação que já não era das melhores.
Conserto – Visando consertar o equívoco, o governador Paulo Câmara convidou o senador Fernando Bezerra Coelho para um ato do governo estadual ontem. O senador aceitou o convite e acompanhou o governador, mas segundo um interlocutor do senador, o estrago já estava feito e sem a menor condição de haver uma reversão.
Posse – A prefeitura de Jaboatão dos Guararapes realiza hoje no auditório da sede do executivo municipal a partir das 10 horas a posse do Conselho Municipal de Comunicação, que visa discutir as diretrizes da comunicação no município. A medida é pioneira no Nordeste e foi idealizada pelo agora secretário de governo Jorge Lemos e pelo prefeito Elias Gomes.
RÁPIDAS
Jaboatão – A decisão do PSB de cobrar os cargos do PSDB ao que parece não trará desdobramentos em Jaboatão dos Guararapes. A ordem do Palácio do Campo das Princesas é manter a aliança com o PSDB que reelegeu Elias Gomes e elegeu Heraldo Selva vice-prefeito do município em 2012.
Nomeações – O presidente Michel Temer anunciou a indicação da economista Maria Silvia Bastos para a presidência do BNDES. A decisão ocorreu após Temer receber críticas por não convocar mulheres para a sua equipe ministerial. Para os Correios o ministro Gilberto Kassab indicou o ex-deputado Guilherme Campos (PSD). Já para o comando da Petrobras está cotado o engenheiro Pedro Parente, que já foi ministro de três pastas no governo FHC.
Inocente quer saber – O gênero da equipe ministerial é mais importante que a sua competência?