Romário Dias mostrou que quem foi rei nunca perde a majestade
A eleição da mesa diretora da Alepe realizada ontem não teve grandes novidades, execeto a candidatura do deputado Claudiano Filho (PP) para a segunda vice-presidência num bate chapa com o deputado Romário Dias (PSD). Essa candidatura foi construída no final de semana como uma forma de retaliar Romário, que já foi presidente da Casa durante três ocasiões. Pelo critério da proporcionalidade, o PSB ficaria com a primeira e a segunda secretarias, o PP com a primeira vice-presidência, o PTB com a terceira secretaria, o PSD com a segunda vice-presidência e o PTC ficaria com a quarta secretaria, indicando Eriberto Medeiros. Na presidência Guilherme Uchoa seria mantido, dando vez ao PDT.
Esse critério da proporcionalidade acabou sendo desrespeitado por Claudiano, apesar de que na prática qualquer partido pode lançar candidato a qualquer cargo da mesa, mas é como se fosse um acordo de cavalheiros e por isso até sexta-feira havia um consenso que Romário seria candidato único. No movimento feito por Claudiano, por muito pouco ele acabou não emplacando o cargo, quando ele obteve 24 votos contra 19 de Romário Dias, faltando apenas um voto e por isso a eleição foi para o segundo turno.
Experiente como poucos, Romário pediu a palavra e invocou o acordo que havia sido feito para a sua indicação, o que certamente sensibilizou alguns parlamentares, Claudiano por sua vez optou por não discursar antes da votação do segundo turno. Sabe-se lá motivados pelo quê, os deputados deram a Romário mais seis votos em relação ao primeiro turno e Claudiano perdeu dois, tendo apenas uma ausência e uma abstenção. O placar de 25×22 em favor de Romário Dias mostrou que ele não é carta fora do baralho, e sabe jogar o jogo daquela Casa que ele conhece como a palma da sua mão.
O movimento no final acabou sendo o satisfatório pra todos, pois Romário acabou mantendo o seu prestígio de ex-presidente e continuou na base do governador Paulo Câmara, pois já havia rumores no plenário de que o deputado do PSD iria para a oposição caso o Palácio permitisse a sua derrota em plenário, o que não seria nada bom, pois Romário mostrou em um ano o quanto poderia ser incômodo ao governador Paulo Câmara quando fazia parte da bancada de oposição. A virada de Romário, numa eleição que consolidou o prestígio de Guilherme Uchoa e Diogo Moraes, serviu também para mostrar que quem foi rei jamais perde a majestade.
Respeito – Apesar de não figurar em nenhum posto relevante na mesa diretora, o deputado estadual André Ferreira (PSC), que buscou uma suplência na mesa acabou sendo o mais votado da disputa com 47 votos. Esse resultado mostra que André Ferreira tem bom trânsito entre os pares e que se fosse para mais um mandato de deputado estadual em 2018 teria grandes chances de emplacar um cargo na mesa em 2019.
Senado – Há um forte movimento em Brasília dando conta que o senador Eunício Oliveira (PMDB/CE) deve virar réu na Lava-Jato e por isso ficaria impossibilitado de integrar a linha sucessória presidencial caso assumisse o comando do Senado. Como o PMDB possui a maior bancada e o direito de indicar o presidente, há uma forte possibilidade do senador Garibaldi Alves (PMDB/RN) presidir a Casa pelo próximo biênio.
Homenagem – A Assembleia Legislativa de Pernambuco realiza nesta terça-feira sessão solene em homenagem aos 100 anos de nascimento do ex-governador Paulo Guerra. Ele era vice-governador quando assumiu o poder em substituição a Miguel Arraes e foi responsável por várias obras estruturadoras, dentre elas a conclusão do antigo Pronto Socorro, atualmente o Hospital da Restauração que recebe seu nome. A proposição é do deputado José Humberto (PTB).
Moralidade – Alguns defensores da melhora da imagem da Câmara dos Deputados junto à sociedade acreditam que somente a candidatura de Jarbas Vasconcelos a presidente é a única que reúne condições para tal. Jarbas que tem grande respeito nacional, é bem visto também pelo presidente Michel Temer que almeja o quanto antes virar a página da crise política.
RÁPIDAS
Força – Ao receber 46 votos para a primeira-secretaria, o deputado estadual Diogo Moraes além de demonstrar força dissipou qualquer rumor de que não atendia bem os pares. Caso houvesse efetivamente a falta de atenção com as demandas dos colegas, Diogo poderia ser traído pelo voto secreto.
Inelegível – A ex-presidente Dilma Rousseff volta e meia tem seu nome ventilado para disputar a presidência da República em 2018 por conta de seu impeachment não ter cassado seus direitos políticos, porém como Dilma foi eleita e reeleita, mesmo fora do cargo de presidente, em 2018 configuraria um terceiro mandato consecutivo, o que é vedado pela Constituição Federal. Dilma portanto está inelegível para o cargo de presidente em 2018.
Inocente quer saber – Já que decidiu se rebelar contra o Palácio, por quê o deputado Alvaro Porto não entrega os cargos que ocupa no governo Paulo Câmara?
William Pontes diz
No meu caminho há uma pedra, há uma pedra no meu caminho, como o poema de Drummond. Essa pedra chama-se BR 232.