Escolha de Eduardo em 2014 não foi em vão
O ex-governador Eduardo Campos ao longo de 2007 a 2014 criou uma hegemonia política nunca antes vista porque era um político completo, pois além de conhecer os meandros da política também era um extraordinário gestor. Não foi de graça que ele obteve 83% dos votos válidos em 2010 na sua reeleição e atingiu 90% de aprovação durante o período em que exerceu o cargo.
Para ser um bom político não basta saber exercer o poder, ser bom gestor ou ser bom articulador político, é preciso enxergar mais à frente, e Eduardo era um gênio neste sentido. Soube o momento de se candidatar a governador em 2006, soube o momento de ensaiar rompimento do PT em 2013 e igualmente soube escolher aquele que viria a ser o seu sucessor no governo de Pernambuco.
Quem acompanhou os bastidores da escolha do sucessor de Eduardo sabe perfeitamente que Paulo Câmara era um dos poucos auxiliares de Eduardo que não postulavam a indicação por conta do seu jeito simples e dedicado ao trabalho. Talvez por conta exatamente desta simplicidade de Paulo que ele acabou sendo o escolhido por Eduardo em fevereiro de 2014 para ser o seu sucessor.
A escolha não foi gratuita muito menos equivocada. É bem verdade que Paulo Câmara amarga índices de desaprovação elevados, mas isso se dá por uma conjuntura nacional que derrubou a receita dos estados, aumentou o desemprego e consequentemente a violência. Pernambuco não é uma ilha, e acabou sendo prejudicado por toda a conjuntura econômica desfavorável, sobretudo por ser um estado que, apesar de ter crescido significativamente ao longo dos governos Jarbas e Eduardo, é pobre em relação a muitos estados da federação.
Paulo Câmara herdou um abacaxi enorme para descascar, e ao longo de dois anos praticamente tem conseguido agir com a serenidade que o momento pede. Paulo cortou custeio da máquina, transformou gasto ruim em gasto bom, e tem sido um dos poucos governadores a pagar o salário do funcionalismo público em dia. Muitos dirão que não passa de obrigação, mas no cenário em que estamos vivendo, o colapso de um não pagamento da folha salarial seria insanável para a economia do estado, que vive um momento extremamente complexo.
Por isso é importante ressaltar a postura de Paulo, que mesmo não sendo um governador bem-avaliado, tem feito o que é pra ser feito para continuar conduzindo os rumos de Pernambuco até chegar a ventos menos tortuosos. A escolha de Eduardo Campos em 2014 que foi ratificada pelas urnas não foi de graça. Pernambuco não poderia estar em melhores mãos do que as de Paulo Câmara neste momento tão dificil.
Paulista – Fazendo uma gestão pífia em Paulista, o prefeito Júnior Matuto (PSB) foi reeleito absolutamente por falta de adversários e tem sido bastante desatencioso com a base que o reelegeu no dia 2 de outubro. A expectativa a partir de janeiro de 2017 é que Matuto possa ser mais atencioso com a sua base política e definitivamente fazer jus ao mandato novamente conquistado.
Derrotados – Apesar de terem sido derrotados nas urnas em 2016, Antônio Campos (Olinda), Delegado Lessa (Caruaru), Jorge Alexandre (Camaragibe), Carlos Santana (Ipojuca) e Neco (Jaboatão dos Guararapes) alcançaram expressivas votações e podem disputar mandato na Alepe em 2018. Eles conseguiram recall suficiente para tentar um mandato na Casa Joaquim Nabuco.
Stand By – A candidatura do empresário Armando Monteiro Bisneto, filho do senador Armando Monteiro Neto, a deputado federal ainda é tratada com cautela. Ela só será viável se Armando disputar a reeleição para o Senado, nas hipóteses de candidatura a governador ou a deputado federal o projeto será arquivado para não haver conflito de interesses.
Romário Dias – Um profundo conhecedor dos bastidores da Alepe afirma que o ex-presidente da Casa deputado Romário Dias (PSD) não tem a menor chance de ganhar a presidência ou até mesmo a primeira secretaria. Para este integrante da Casa Joaquim Nabuco, Romário Dias já bebeu água antes mesmo do processo ser deflagrado. Ele aposta na recondução de Guilherme Uchoa e Diogo Moraes.
RÁPIDAS
Opositor – O deputado estadual Álvaro Porto (PSD) que foi eleito na chapa de Armando Monteiro em 2014 e virou governista ao se filiar ao PSD está com saudades do tempo de oposicionista e tem utilizado artilharia pesada contra o Palácio do Campo das Princesas.
Reforma – Após a eleição da mesa da Alepe e a formação do secretariado do prefeito Geraldo Julio, o governador Paulo Câmara deverá fazer em 2017 uma reforma no seu secretariado. Há quem afirme que muitos técnicos darão vez a políticos da base de sustentação do governador no primeiro escalão.
Inocente quer saber – O Palácio voltou a estabelecer diálogo com os ministros Mendonça Filho e Bruno Araújo?
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