Jucá foi o maior pecado de Temer
O presidente Michel Temer, como todo e qualquer político, comete equívocos. Em apenas dez dias do seu governo já conseguiu se envolver em algumas confusões, como por exemplo a falta de mulheres no primeiro escalão do seu governo, caracterizando um tom machista a sua equipe, o que não necessariamente foi um equívoco, mas que acabou dando pano pra manga da agora oposição capitaneada pelo PT descer a lenha em seu governo.
Igualmente na formação do ministério, Temer decidiu fundir a Cultura ao Ministério da Educação, o que vale salientar, não era nenhuma novidade, pois até o governo Sarney em 1985 a pasta era uma só. Como foram reduzidas várias pastas – de 32 para 23 – era natural que uma ou outra crítica pudesse surgir, mas igualmente não configuraria um equívoco. A crítica do PT e de segmentos beneficiados pela Lei Rouanet fez com que Temer voltasse atrás e decidisse recriar o MinC, numa clara demonstração de fraqueza do seu governo, pois as críticas petistas jamais cessarão e nada do que Temer venha a fazer será reconhecido pelos opositores, que realizam a oposição pela oposição, sem qualquer compromisso com a verdade e muito menos com o país.
Porém o maior pecado de Temer não foi o fato de não convocar mulheres, fundir e depois recriar o MinC. Um pecado mortal foi entregar o ministério do Planejamento a um político sabidamente encrencado com a Justiça. Romero Jucá é um dos mais influentes senadores do Brasil, porém tem um imenso telhado de vidro. Foi no mínimo ingenuidade acreditar que ele sairia ileso de qualquer denúncia.
O cerne da questão é que Temer não poderia, em hipótese alguma, correr o risco de ter seu governo contaminado por qualquer denúncia, seja de corrupção ou seja de obstrução à Justiça como ocorreu com Jucá. Não vale a pena vender a alma ao Diabo para se manter no poder, porque uma hora a fatura chega e fica difícil de pagar. O áudio de Jucá, que aponta ele tentando sabotar a Lava-Jato, é um tiro no coração de um governo que carece de respaldo social e popular. Convocar Jucá foi o maior pecado de Michel Temer, que deu margem significativa para que sejam colocadas em xeque as suas intenções de fazer um governo de salvação nacional.
Se Temer não se der conta da sua responsabilidade neste momento histórico, corre sério risco de ter um fim igual ao de Dilma Rousseff e de Collor. Afinal de contas, ele vai querer qual lugar na história? Um Itamar Franco melhorado ou um Café Filho piorado?
Meta – O presidente Michel Temer foi pessoalmente ao Congresso Nacional entregar a proposta de revisão da meta fiscal ao presidente do Senado Renan Calheiros. A nova meta prevê um déficit de R$ 170,5 bilhões e deverá ser votada hoje pelo Congresso, sob pena de paralisar serviços essenciais do país por absoluto engessamento do orçamento apresentado por Dilma que previa um superávit de R$ 24 bilhões.
Obstrução – Demonstrando que não há qualquer compromisso com o Brasil e sim com o PT, o senador Humberto Costa decidiu fazer obstrução na sessão de hoje que votará a revisão da meta fiscal. Tal decisão aponta que não há qualquer ressentimento ou culpa do governo anterior pela situação que colocaram o país. Humberto sabe que é um cadáver político, mas poderia ter um fim mais digno se mostrando um senador acima das questiúnculas políticas e em defesa do bem do país.
Desânimo – Ciente do desgaste do PT, o ex-deputado João Paulo não está nem um pouco animado com a hipótese de disputar a prefeitura do Recife pela quarta vez. João Paulo poderá sair infinitamente menor da eleição, pois seria a sua terceira derrota majoritária em apenas quatro anos. João Paulo trabalha com o cenário de ser candidato a vereador, pois passaria a ter uma estrutura de gabinete para tentar voltar ao mandato de deputado federal em 2018.
Anderson Ferreira – Pré-candidato a prefeito de Jaboatão dos Guararapes pelo PR, o deputado federal Anderson Ferreira não estaria nem um pouco interessado no apoio formal do Palácio do Campo das Princesas à sua postulação. Anderson teria avaliado internamente que o apoio do governador Paulo Câmara poderia lhe tirar votos em vez de ajudar.
RÁPIDAS
Sozinho – Um interlocutor de Anderson Ferreira afirmou que os mandatos obtidos pelos Ferreira na política não dependem em hipótese alguma das grandes estruturas de poder. Sendo o quinto federal mais votado e seu irmão André Ferreira o quarto estadual, Anderson não deve nada ao PSB e muito menos ao governador Paulo Câmara.
Secretaria – O deputado federal Eduardo da Fonte não quer apenas o Porto do Recife para o PP. Dudu espera ter uma secretaria no governo Paulo Câmara, pois o seu partido tem dois deputados federais e cinco deputados estaduais, sendo a segunda maior bancada da Alepe, perdendo apenas para o partido do governador, o PSB.
Inocente quer saber – O nível das eleições municipais deste ano já começou a baixar?