A incoerência de Marília Arraes
Após a morte de Miguel Arraes em 2005, que havia perdido o governo de Pernambuco em 1998 para Jarbas Vasconcelos, tudo parecia convergir para um sepultamento do arraesismo no estado. Veio a eleição de 2006 e a tese do fim do arraesismo foi para as cucuias com a vitória de Eduardo Campos para governador de Pernambuco no segundo turno por uma diferença superior a um milhão de votos para o então governador Mendonça Filho, que disputava a reeleição.
Naquela eleição Marília Arraes foi uma das mais aguerridas defensoras de Eduardo, chegando a bater boca nas redes sociais em defesa do projeto do primo, além de ter participado ativamente do processo eleitoral que devolveu a família Arraes o protagonismo político no estado. Logo assim que Eduardo assumiu o governo, Marília foi nomeada para um cargo na Agência do Trabalho, naquele momento ela não sentiu nenhum constrangimento em assumir um cargo de indicação política, e lá ficou até meados de 2008.
Graças ao prestígio obtido pelo primo, Marília candidatou-se pela primeira vez a vereadora do Recife, quando obteve mais de dez mil votos, sendo uma das mais votadas do pleito. Ao longo de quatro anos Marília realizou um mandato apagado, e na única vez que tentou fazer algo relevante criou uma confusão tão grande que acabou permitindo a criação do grupo Direitos Urbanos, que surgiu para se contrapor ao famigerado projeto de Marília que queria “regulamentar” a utilização dos espaços públicos.
Vieram as eleições de 2012 e Marília, por fazer um mandato pífio, conseguiu ter menos votos que na primeira eleição, com pouco mais de oito mil votos, mesmo contando com toda a estrutura possivel e imaginável viabilizada pelo PSB e pelo primo que era governador de Pernambuco. Nas duas disputas em que Marília se elegeu vereadora, será que prevaleceu a meritocracia que ela tanto cobra atualmente do PSB? Certamente não. Ela se elegeu graças ao sobrenome e ao primo que era governador.
Com a vitória de Geraldo Julio, Marília chegou a assumir a secretaria de Juventude e Emprego, e novamente realizou uma gestão apagada, que não deixou a menor saudade. Saiu da secretaria com o objetivo de herdar a cadeira da tia na Câmara Federal, mas encontrou um obstáculo que foi a negativa de Eduardo Campos, que certamente considerou que ser deputada federal era querer demais. E a partir daquele momento Marília passou a fazer política com o fígado, tecendo comentários impróprios e sequer respeitou a memória do primo, fatalmente morto num acidente aéreo.
A nomeação de João Campos, filho de Eduardo e primo de Marília, para a chefia de gabinete do governador Paulo Câmara foi questionada por muitos, que certamente desconhecem as particularidades da política e podem ter total liberdade para concordar ou discordar da decisão do governador, que vale salientar, tem a prerrogativa de nomear quem ele bem entender para qualquer cargo no governo até 31 de dezembro de 2018, porque o povo de Pernambuco outorgou esse direito a ele através das urnas.
O que não compete a Marília é essa postura de crítica contumaz do PSB e da família de Eduardo e pela nomeação de João, haja vista que ela foi total beneficiária do projeto do PSB, configurando-se num telhado de vidro dela, que certamente não estaria proferindo nenhuma crítica ao primo e ao partido, se em 2014 ele tivesse permitido a sua ida para Brasília representando Pernambuco como deputada federal. Coerência não foi feita pra todo mundo.
Priscila Krause – Caso decida sair do DEM para se filiar ao PTB, Priscila Krause terá a mesma dificuldade para construir uma candidatura a prefeita do Recife, uma vez que o deputado Sílvio Costa Filho está a muito mais tempo no partido e se credenciou como candidato natural da sigla a prefeito. Além disso, ela estaria se alinhando a um projeto que defende o governo Dilma no estado, o que naturalmente frustraria parcela significativa do seu eleitorado.
Troca-troca – Foi promulgada ontem pelo Senado a PEC que abre a chamada janela da infidelidade, que dura trinta dias. Com isso os vereadores e deputados que decidirem trocar de partido podem fazer a travessia sem o menor risco de perda de mandato. Apesar dos parlamentares terem a liberdade de trocar de legenda, eles não levarão consigo os recursos do fundo partidário nem o tempo de televisão e rádio para seus novos partidos.
Dengue – Apesar do governo de Pernambuco realizar campanhas de conscientização para o combate ao Aedes Aegypt, mosquito causador da febre chikungunya e do zika vírus, o complexo esportivo Santos Dumont em Boa Viagem, de responsabilidade do governo do estado, está com vários focos de mosquito espalhados pela área. A situação já causou doença em vários frequentadores do espaço que o utilizam para a prática de esportes e outras atividades físicas.
Descaso – A prefeitura de Timbaúba, comandada pelo prefeito Júnior Rodrigues, está abandonando até o cemitério da cidade, cujos coveiros estariam com salários atrasados e por isso se negando a realizar sepultamentos. Além disso o cemitério está com vários focos do mosquito Aedes Aegypt, que contribuíram para aumentar a quantidade de casos de febre chikungunya na cidade.
RÁPIDAS
Terezinha Nunes – A ex-deputada estadual e atual presidente da Jucepe Terezinha Nunes (PSDB) decidiu que será candidata a vereadora do Recife em outubro. Caso se eleja, a tucana irá qualificar muito o debate na Casa José Mariano, devido a sua vasta experiência na vida pública.
PSDC – A chapa do PSDC para vereador do Recife terá muitos nomes testados nas urnas, dentre eles Marcos di Bria, Josemi Simões e a pastora da Igreja do Evangelho Quadrangular Flávia Santos. A sigla acredita que pode emplacar três vereadores na Casa José Mariano em outubro.
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