Oposição pode repetir erro de 2005
A oposição ao presidente Michel Temer decidiu que não votará a admissibilidade da denúncia porque acredita que não tem votos suficientes para tal e que o presidente ficará “sangrando” até 2018 e consequentemente permitindo a volta do PT no ano que vem. A estratégia está longe de ser acertada, pois em 2005 quando Lula era presidente e estourou o escândalo do mensalão, os partidos antagônicos ao PT pensaram que ele iria sangrar até 2006 e não conquistaria o segundo mandato.
O tempo se encarregou de permitir Lula se recuperar, vencer a eleição no ano seguinte e emplacar sua sucessora Dilma Rousseff em duas eleições. No fim das contas a oposição capitaneada pelo PSDB e pelo então PFL viu suas bancadas minguarem e a ascensão do PT se consolidou por muitos anos, e o partido só perdeu o poder via impeachment porque Dilma era uma aberração política, qualquer outro conseguiria se segurar.
Muitos podem reclamar dos meios, mas o fato é que o presidente Michel Temer conseguiu duas vitórias importantes, primeiro a aprovação da reforma da previdência e ontem ele aprovou um relatório contrário a admissibilidade do processo, rejeitando o parecer do relator Sérgio Zveiter. Se Temer estivesse moribundo como se fala, ele não teria conquistado duas vitórias importantes mesmo vivendo seu pior momento.
Apostar que a não apreciação da denúncia do plenário desgastará Temer é cometer o mesmo erro estratégico de 2005, pois se com a reforma trabalhista houver a retomada do emprego de maneira mais consistente e consequentemente a retomada da economia, a crise política acabará ficando em segundo plano e o governo, que passa por sérias dificuldades neste momento, se recuperar a ponto de virar a página desta denúncia.
Perdendo ou ganhando no plenário, a oposição precisa votar o relatório, quanto mais esticar a corda mais se estará fazendo o jogo do governo, que diferentemente da oposição, tem o que ofertar a aliados e se manter no posto, com a certeza que desta coalizão poderá sair um fortíssimo candidato em 2018. Temer não é bem-avaliado pela população, nunca foi e nunca será, mas conhece como ninguém os atalhos do Congresso Nacional, e por conta disso poderá acabar engolindo a oposição se ela empurrar com a barriga a apreciação da denúncia.
Respeito – Apesar de dizer que haverá punição contra todos os deputados que votarem pela admissibilidade da denúncia contra Michel Temer, ninguém do meio político acredita que haverá retaliação ao deputado Jarbas Vasconcelos a ponto de expulsá-lo do partido. Temer respeita a trajetória de Jarbas e não seria capaz de tamanha descortesia com um peemedebista histórico como o ex-governador de Pernambuco.
Leitura – Nesta sexta-feira, às 9h da manhã, a segunda-secretária da Câmara dos Deputados, Mariana Carvalho (PSDB-RO), fará a leitura do relatório aprovado na Comissão de Constituição e Justiça nesta quinta-feira (13). Por maioria, a CCJ rejeitou a admissibilidade da denúncia contra o presidente da República Michel Temer por prática de corrupção passiva. O relatório, no entanto, ainda será apreciado por todos os parlamentares, em plenário, no dia 2 de agosto.
Arcoverde – A prefeita Madalena Brito (PSB) recebeu muitas críticas pelo fraquíssimo São João que realizou este ano em Arcoverde. Adversária do grupo de Zeca Cavalcanti, Madalena vem realizando um segundo mandato muito pior do que o primeiro, as críticas não se restringem apenas ao São João, comenta-se que a prefeita está mais perdida que cego em tiroteio.
Pedido – O senador Armando Monteiro (PTB) ocupou a tribuna do plenário para solicitar “sensibilidade” ao conselho de ministros da Camex (Câmara de Comércio Exterior) para aprovar, no próximo dia 25, recomendação do Ministério da Agricultura de taxar em 17% as importações de etanol de milho dos Estados Unidos.
RÁPIDAS
Posse – O prefeito eleito de Belo Jardim Hélio dos Terrenos (PTB) já se debruçou na formação do seu secretariado para chegar com o time pronto na data da posse, marcada para o dia 1 de agosto. Helio foi eleito com quase 19 mil votos no dia 2 de julho quebrando uma hegemonia de cinco eleiçōes seguidas do ex-prefeito João Mendonça, que venceu 2000, 2004, 2012 e 2016, e elegeu o sucessor em 2008.
Marketing – O sociólogo e publicitário Oswaldo Matos Júnior, responsável por mais de 160 campanhas eleitorais, muito competente no mercado, está construindo os cenários para 2018 e poderá assumir campanhas proporcionais e majoritárias no ano que vem.
Inocente quer saber – Qual secretaria o governador Paulo Câmara ofertará ao grupo do senador Fernando Bezerra Coelho?
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