O potencial de Priscila Krause
Na semana que passou o Democratas, numa atitude altruísta do presidente estadual deputado Mendonça Filho, lançou a pré-candidatura da deputada Priscila Krause a prefeita do Recife. Isso porque Mendonça é a principal liderança do partido em Pernambuco e aliados seus comandam a secretaria de Desenvolvimento Econômico na gestão de Geraldo Julio e a direção do Lafepe na gestão de Paulo Câmara, ambos do PSB. Mesmo correndo o risco de sofrer retaliação do PSB, Mendonça apostou na reoxigenação do Democratas na capital pernambucana.
Priscila Krause é herdeira política do ex-governador Gustavo Krause, que é um pensador político raro não só em Pernambuco como no Brasil, respeitado por todas as matizes ideológicas e partidárias. Começou em 2004 se elegendo vereadora do Recife, sendo a partir de 2005 uma combativa opositora da gestão de João Paulo, fato que se repetiu durante as gestões de João da Costa e Geraldo Julio. A oposição de Priscila é diferenciada porque ela confronta os gestores com dados, tendo embasamento técnico para proferir os seus questionamentos, que quase sempre surtem efeitos significativos. Priscila politicamente é acima da média dos políticos pernambucanos.
Por duas vezes tentou ser deputada estadual, na primeira em 2010 ficou na primeira suplência do DEM, que elegeu dois deputados naquela eleição. Na segunda acabou se elegendo com uma votação significativa. Primeiro porque se candidatou sem o apoio das estruturas de prefeituras e governo estadual, sem qualquer prefeito que pudesse pedir votos para o seu projeto, e pra completar Priscila não aceitou participar do guia eleitoral em 2014 por discordar da aliança do DEM com o PSB. O resultado, considerando essas variáveis, foi agigantador no tocante à sua trajetória política, pois Priscila atingiu mais de 47 mil votos, sendo uma das mais votadas do Recife.
Uma vez candidata a prefeita do Recife, sobretudo no tensionado ambiente político do país, Priscila não tem uma mácula sequer na sua biografia, o que pode capitalizar votos de eleitores que estão estupefatos com a corrupção e com os chamados políticos profissionais. Priscila tem o “discurso fácil” da ética, que não está embasado nas palavras dela, mas sim na sua trajetória política, e isso poderá ser fundamental para que o eleitorado recifense possa considerar a sua candidatura como a legítima alternativa à gestão do PSB comandada pelo prefeito Geraldo Julio.
Priscila tem potencial gigantesco para crescer durante as eleições, pesará contra ela a pouca flexibilidade de alianças e naturalmente o pouco tempo de televisão para se apresentar ao eleitorado recifense. Porém, num momento como o que vivemos talvez seja exatamente o fato de não estar aliada às grandes estruturas que possa impulsionar a sua candidatura. Fiquem de olho nela, pois ela será decisiva em outubro.
PP – O Partido Progressista, que tem os deputados Fernando Monteiro e Eduardo da Fonte, este último presidente estadual, cresceu bastante com o término das filiações partidárias, quando recebeu os deputados Eduino Brito, ex-PHS e pré-candidato a prefeito de Arcoverde, e Claudiano Filho, ex-PSDB. Agora o PP passa a ter seis deputados estaduais, são eles: Zé Maurício, Cleiton Collins, Dr. Valdi, Everaldo Cabral, Eduíno Brito e Claudiano Filho, sendo a segunda maior bancada da Alepe, perdendo apenas pro PSB.
PSDB – O PSDB aclamou ontem o empresário João Dória Jr. como seu pré-candidato a prefeito de São Paulo, após o vereador Andrea Matarazzo desistir de disputar as prévias se desfiliando da sigla e denunciando que haveria compra de votos. Mais uma vez os tucanos paulistas entram divididos na disputa pela prefeitura e correm risco de perder a terceira eleição consecutiva.
Governo – O governo Michel Temer já começa a ser esboçado, e pode ter o senador José Serra como ministro da Fazenda. O deputado federal Mendonça Filho também é cotado para a Esplanada dos Ministérios. Poderia assumir uma pasta voltada para os problemas do Norte/Nordeste como o ministério da Integração Nacional.
Armando Monteiro – Quem pode continuar na Esplanada mesmo com a saída de Dilma Rousseff é o ministro Armando Monteiro, que tem feito um trabalho respeitável no MDIC e possui excelente interlocução com o PIB nacional. Uma vez na equipe de Michel Temer, Armando ajudaria a manter Douglas Cintra no Senado até 2018.
RÁPIDAS
Decisão – A vereadora e secretária de Combate às Drogas Aline Mariano terá que decidir se sai ou se fica no PSDB até o próximo dia 2 de abril, quando os partidos enviarão a lista com os novos filiados para o TRE. Se ficar na sigla tucana Aline corre sério risco de não ter legenda para disputar a reeleição, uma vez que assumiu a secretaria na gestão de Geraldo Julio à revelia do PSDB municipal.
Impeachment – De acordo com o Movimento Vem Pra Rua, responsável pelo Mapa do Impeachment que monitora a posição dos deputados e senadores a respeito do impeachment de Dilma Rousseff, já são 242 deputados e 34 senadores a favor da saída da presidente. Na última segunda-feira esses números eram 220 e 31, respectivamente.
Inocente quer saber – O Palácio do Planalto conseguirá dar posse a Lula e garantir-lhe o foro privilegiado?