Múltiplas candidaturas não são garantia de segundo turno
As movimentações sobre a disputa pela prefeitura do Recife já começaram a todo vapor. Além dos partidos nanicos, estão colocados como pré-candidatos a prefeito nada menos que seis prefeituráveis, são eles: Geraldo Julio (PSB), Daniel Coelho (PSDB), João Paulo (PT), Silvio Costa Filho (PTB), Priscila Krause (DEM) e Edilson Silva (PSOL), que podem configurar quase dez nomes disputando a prefeitura do Recife em outubro.
Muitos estão acreditando que lançando nove candidatos contra o prefeito Geraldo Julio o segundo turno seria fato consumado, porém, no histórico do Recife das últimas sete eleiçōes, em apenas uma ocasião houve segundo turno, que foi ano 2000. Naquele pleito nem existiram tantas candidaturas, apenas seis, e mesmo assim, apenas cinco mil votos separaram Roberto Magalhães da vitória no primeiro turno.
Nas demais eleicōes, todos os prefeitos liquidaram a fatura no primeiro turno. Joaquim Francisco (1988), Jarbas Vasconcelos (1992), Roberto Magalhães (1996), João Paulo (2004), João da Costa (2008) e Gerado Julio (2012). Apesar dos prefeitos terem sido vitoriosos na primeira etapa, apenas João Paulo obteve vitória relativamente folgada em 2004, os demais venceram com no máximo 52%, que foi o caso de Jarbas Vasconcelos.
O que o histórico mostra? Que a possibilidade de um segundo turno está muito mais na qualidade dos candidatos do que propriamente a quantidade. A disputa com maior quantidade de candidatos foi 1996, que obteve nada menos que oito prefeituráveis, ainda assim Roberto Magalhães conseguiu vencer no primeiro turno.
Em 2000 quando o Recife mandou sua única eleição para o segundo turno, João Paulo, segundo colocado, teve nada menos que 35% dos votos, enquanto os demais juntaram quase 16% dos votos válidos. Além disso, havia uma terceira candidatura, que foi a de Carlos Wilson, que conseguiu fazer críticas contundentes ao prefeito na época tanto na televisão quanto na rua, e o episódio da “banana” de Roberto Magalhães foi fundamental para a existência de uma segunda etapa.
Se todas as postulações de oposição forem mantidas para a disputa de outubro, dois candidatos devem ficar com entre 30% a 40% dos votos válidos, e os demais se dividirem com o restante. No contexto histórico das eleições, o mais votado da disputa oscilou entre 49,4% dos votos válidos e 56,11%, que foram, respectivamente Roberto Magalhães em 2000 e João Paulo em 2004. Isso significa que os prefeitos, sobretudo os que estão buscando reeleição, como é o caso de Geraldo Julio, conseguem ficar muito próximos da metade dos votos válidos.
Então lançar nove candidatos como estão querendo os oposicionistas, pode ser um tiro no pé, dificultando a construção de candidaturas competitivas. Como teríamos na disputa um caminhão de japoneses, o prefeito Geraldo Julio seria o candidato mais destacado, com grandes chances de ser reeleito. O melhor caminho para a oposição é o lançamento de, no máximo, três candidaturas competitivas e três nanicas, incluindo a postulação de Edilson Silva no grupo dos nanicos. Isso facilitará a identificação do eleitor a nomes da oposição, a ponto de permitir um segundo turno.
Pontapé – Após muitos boatos no meio político de que sua candidatura seria rifada, o deputado federal Daniel Coelho reuniu a tropa no último sábado e deu o pontapé inicial para a sua candidatura a prefeito do Recife. Daniel se dedicará integralmente a disputa no Recife durante os fins de semana porque durante a semana precisará estar em Brasília no exercício do seu mandato.
Intervenção – O deputado federal Silvio Costa (PTdoB) afirmou que a nomeação de João Campos para a chefia de gabinete foi uma espécie de intervenção da família do ex-governador Eduardo Campos no governo Paulo Câmara. Para Silvio, o episódio corrobora a sua tese de que o governador Paulo Câmara é um “governado”.
Glória do Goitá – Piorou a situação jurídica do prefeito de Glória do Goitá, Zenilto Miranda (PTB). O prefeito inicialmente tinha conseguido a aprovação de suas contas no TCE, mas o Ministério Público de Contas (MPCO) conseguiu reverter a decisão com um recurso, na última quarta-feira (17), rejeitando as contas do gestor. Caso o parecer do TCE seja confirmado no Poder Legislativo, o prefeito ficará inelegível para a reeleição em outubro. A maioria dos vereadores da cidade é de oposição. Miranda foi alvo da Operação Carona da Polícia Federal, em outubro do ano passado, quando foi afastado do cargo. Voltou um mês depois com uma liminar do TRF5.
Rito – A presidente Dilma Rousseff apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF), na última sexta-feira (19), um pedido para que a Corte rejeite o recurso apresentado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para mudar a decisão a respeito das regras para o rito de impeachment. No documento, a Advocacia-Geral da União pede a manutenção dos três principais pontos aprovados pelo Supremo na véspera do recesso do Judiciário, no final do ano passado.
RÁPIDAS
Comitê – A oposição no Congresso Nacional decidiu criar um comitê pró-impachment, que terá como intuito unificar e formalizar as ações em defesa da saída da presidente Dilma Rousseff do cargo. Os movimentos Brasil Livre e Vem pra rua serão convidados a integrar o comitê, que espera arrecadar fundos e ter suas ações mais canalizadas.
Fred Ferreira – Cunhado dos deputados Anderson Ferreira e André Ferreira, o empresário Fred Ferreira será candidato a vereador do Recife e deverá alcançar expressiva votacao para a Casa José Mariano.
Inocente quer saber – Por quê o Senado ainda não cassou o mandato de Delcídio Amaral?