O populismo começa a ruir na América Latina
A América Latina vivenciou nas últimas duas décadas um processo de esquerdização nos países que formam o nosso continente, com as vitórias de Néstor e Cristina Kirchner na Argentina, Hugo Chavez e Nicolás Maduro na Venezuela, Michelle Bachelet no Chile, Evo Morales na Bolívia e Lula e Dilma Rousseff no Brasil.
Ao longo dos anos, os governantes esquerdistas conseguiram grande popularidade perante os seus eleitores, porém esse processo começou a ruir já em eleições anteriores, como a vitória de Sebastian Piñera no Chile em 2010, que mesmo com a volta de Bachelet em 2014, mostrou que a esquerda começava a deixar de ser uma unanimidade.
Nas eleições de Lula e Dilma no Brasil, sobretudo em 2006 e 2014, quando ambos disputaram a reeleição, respectivamente, ficou evidente que o populismo estava se ruindo, ora por escândalos de corrupção, ora pela situação econômica do país. Na reeleição de Lula ele foi obrigado a ir ao segundo turno contra um desconhecido Geraldo Alckmin, que acabara de ser governador de São Paulo. Mesmo vencendo a disputa em 2006, Lula percebeu que não era a unanimidade que acreditava ser.
Nas eleições de 2010, com um cenário econômico bastante favorável e com a aprovação nas alturas, Lula conseguiu emplacar Dilma Rousseff como sua sucessora. Numa disputa contra José Serra, Dilma venceu com uma diferença de aproximadamente 12 milhões de votos. A variável econômica foi fundamental para que a esquerda continuasse no poder através de um terceiro governo do PT, com uma certa folga.
Já em 2014 o cenário ficou mais complexo para o PT, com a economia em frangalhos e os escândalos de corrupção cada vez mais corriqueiros, Dilma Rousseff foi reeleita contra Aécio Neves por uma diferença de apenas três milhões de votos. Ficando evidente que a sua vantagem se deveu exclusivamente ao contingente de eleitores beneficiários do Bolsa-Família, um programa que apesar de ter seus avanços, é extremamente populista.
Na Argentina ontem numa eleição bastante disputada entre o candidato apoiado por Cristina Kirchner, Daniel Scioli e o opositor Mauricio Macri, os argentinos elegeram no segundo turno Macri, que foi presidente do Boca Juniors, o clube mais popular da Argentina, e defensor de teses de direita. O resultado pôs fim a uma hegemonia de doze anos dos Kirchner e consolidou a queda do populismo na América Latina.
Os ventos que permitiram as vitórias dos Kirchner, de Lula e Dilma, de Hugo Chavez e Nicolás Maduro, de Evo Morales, etc. começam a se dissipar por desgaste natural da esquerda, e convergem para que nas próximas eleições presidenciais no Brasil e nos demais países, os eleitores escolham candidatos mais próximos do que defende a direita.
Pé quente – Torcedor do Santa Cruz, o governador Paulo Câmara no seu primeiro ano de mandato conseguiu o que Eduardo Campos em sete anos não conseguiu: ver seu time campeão. Como se não bastasse, o Santa Cruz conseguiu voltar para a primeira divisão após uma década fora, chegando a disputar a Série D do campeonato brasileiro. Paulo Câmara está rindo a toa.
Gentilezas – Protagonistas de uma disputa duríssima pela prefeitura de São Paulo em 2004, os senadores Marta Suplicy (PMDB) e José Serra (PSDB), que saiu vitorioso daquela disputa, voltaram a dialogar no Senado. Marta e Serra estão afinadíssimos, e essa relação cordial pode culminar numa aliança em 2016, quando Marta tentará ser prefeita de São Paulo, e em 2018, quando Serra poderá migrar para o PMDB de Marta pra disputar novamente a presidência da República.
Desemprego – No final do governo FHC entre 2001 e 2002, o desemprego cresceu assustadoramente por conta das crises internacionais que atingiram em cheio a economia brasileira. A situação do desemprego foi mais um componente para que Lula vencesse a eleição de 2002. Agora, em pleno 2015, o desemprego volta a crescer e tende a ficar ainda maior em 2016. Se os índices de popularidade de Dilma são baixos, imagine com o desemprego em alta? O PT está extremamente temeroso com o cenário que vem se desenhando.
Agravamento – Após ser envolvido num escândalo de corrupção, com a informação de que teria dinheiro na Suíça, o presidente da Câmara deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ) estava extremamente desgastado para continuar no cargo, mas na semana passada quando realizou uma manobra para que a representação do PSOL no Conselho de Ética da Câmara não fosse votada, perdeu todas as condições políticas perante seus pares.
RÁPIDAS
Disputa – O Palácio do Campo das Princesas e a prefeitura do Recife têm absoluta certeza de que o PSDB não bancará politicamente a candidatura de Daniel Coelho a prefeito no ano que vem. Integrantes do PSB teriam recebido a garantia do senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, de que a prioridade dos tucanos é a aliança com o PSB e consequentemente com a reeleição de Geraldo Julio.
Dígitos – O empresariado nacional acredita que o desemprego e a inflação deverão atingir os dois dígitos percentuais no início de 2016 porque o governo federal não econtra uma saída plausível para a crise que se instaurou jo Brasil.
Inocente quer saber – Aécio Neves vai entregar mesmo a cabeça de Daniel Coelho ao PSB?