Se ceder demais, Temer começará mal seu governo
Em vias de assumir interinamente por até 180 dias à presidência da República, Michel Temer precisa fazer diferente do que a sua companheira de chapa e antecessora Dilma Rousseff fez. Um dos principais sinais será reduzir a máquina pública a começar pelo número de ministérios. O número ideal é algo em torno de 25 pastas na Esplanada, que já foi de 39 e atualmente é de 32. Essa diferenciação será um recado claro ao país e igualmente fundamental para que o futuro governo ganhe credibilidade junto ao povo brasileiro.
Na construção de uma falsa maioria, Temer está reticente em reduzir ministérios, querendo agradar a gregos e troianos e poderá incorrer no mesmo erro que levou Dilma Rousseff à guilhotina. Num momento de crise, cortar da própria carne é uma forma de ganhar a sociedade para o seu lado. Tendo a sociedade, o Congresso vem por osmose. Já o inverso raramente se consegue alcançar. Apesar de serem necessárias algumas reformas, que exigem maioria qualificada no Congresso, não dá para governar com todo mundo. Os deputados e senadores precisam votar pelos interesses do país e não por conta dos seus próprios interesses.
Outro fator é que Temer não pode ceder aos partidos a ponto de indicar ministros sem estatura política e sobretudo administrativa para o cargo. Isso fará com que o fisiologismo prevaleça nas discussões entre alguém sem capacidade para assumir o cargo e entes que dialogarão com o ministro. Se fosse pra ser mais do mesmo, não haveria motivos para trocar Dilma Rousseff.
A inflação segue elevada, o desemprego idem, e isso só será revertido com provas cabais de que o governo Temer estará no caminho certo. O que neste exato momento ele não tem feito. É importante que Temer também tenha a sensibilidade de não convocar pessoas que estejam envolvidas direta ou indiretamente na operação Lava-Jato, e que naturalmente poderão trazer instabilidade ao governo com o avanço das investigações.
Temer precisa se impor como presidente da República, porque é isso que ele será a partir do dia 12 de maio, se ceder demais correrá sérios riscos de terminar como Dilma Rousseff.
Luciano Siqueira – Existe uma tese defendida pela Frente Popular de que o vice-prefeito Luciano Siqueira (PCdoB) precisa ser mantido na chapa de reeleição do prefeito Geraldo Julio, primeiro pra não gerar disputa entre nomes e partidos pelo posto, segundo pelo histórico de que quando Roberto Magalhães trocou o vice Raul Henry por Sérgio Guerra acabou perdendo a reeleição para João Paulo em 2000.
Capitalizar – Mesmo tendo recebido a Via Mangue com apenas 40% e entregou a obra recentemente ao povo recifense, o prefeito Geraldo Julio pouco tem capitalizado politicamente esse feito. Afinal, é a maior obra de mobilidade dos últimos anos, e após caminhar a passos de tartaruga nas gestões do PT, enfim foi entregue aos recifenses, contribuindo para melhorar consideravelmente o tráfego na Zona Sul.
Bruno Araújo – Ficou a cargo do deputado Bruno Araújo informar oficialmente a Daniel Coelho que sua candidatura foi rifada. O PSDB estadual e o nacional defendem o alinhamento com a reeleição do prefeito Geraldo Julio, prezando pela aliança com o governador Paulo Câmara no estado e retribuindo o apoio dado pelo PSB a Aécio Neves no segundo turno de 2014.
Ministros – Dificilmente Pernambuco emplacará Bruno Araújo, Mendonça Filho, Fernando Filho, Augusto Coutinho e Raul Jungmann no ministério de Michel Temer. Pelo menos dois ficarão de fora da Esplanada. Fernando Filho está praticamente certo na Integração Nacional, pasta ocupada pelo pai, o senador Fernando Bezerra Coelho.
RÁPIDAS
Armando Monteiro – De volta ao Senado, Armando Monteiro se dedicará a reorganizar a tropa do PTB no estado, visando as eleições de 2016 mas sobretudo as de 2018, quando Armando deverá buscar uma cadeira na Câmara dos Deputados.
Virou pó – Pesquisas qualitativas apontam que a popularidade do ex-prefeito João Paulo no Recife virou pó. Por isso ele praticamente desistiu de disputar a prefeitura do Recife em outubro, e está examinando a hipótese de tentar uma cadeira na Câmara Municipal para não ficar sem cargo público até 2018.
Inocente quer saber – O ex-governador Joaquim Francisco assumirá o comando da Sudene no governo Michel Temer?