A dificuldade de Daniel Coelho para arregimentar partidos
Nas eleições municipais de 2012 Daniel Coelho havia saído do PV e ingressado no PSDB. Naquele momento, ele era apenas uma incógnita e pouca gente considerava a hipótese de crescimento da sua candidatura. Mesmo assim o tucano conseguiu o apoio de duas siglas nanicas: o PPS, que indicou a candidata a vice-prefeita, e o PTdoB do vereador Marcos di Bria, que buscava garantir a sua reeleição e precisava coligar na proporcional com o PSDB.
O tempo passou e as urnas mostraram a viabilidade de Daniel, que saltou do quarto lugar nas pesquisas para o segundo lugar com 245.120 votos, e por muito pouco não chegou ao segundo turno. Na eleição seguinte Daniel deixou de ser deputado estadual para ser deputado federal. Na disputa ele obteve quase 140 mil votos, onde mais de 60 mil votos saíram da capital pernambucana, fazendo dele o terceiro deputado federal mais votado do Recife.
As pesquisas que avaliam o cenário de outubro mostram que Daniel aparece oscilando entre 12 e 20 pontos, alternando entre o terceiro e o segundo lugar nas sondagens. Mesmo surgindo como o principal adversário do prefeito Geraldo Julio, o tucano não tem conseguido empolgar os partidos. A maioria das siglas estão negociando com o prefeito, com o deputado Sílvio Costa Filho ou com o superintendente da Sudene João Paulo.
Se em 2012 Daniel conseguiu duas siglas. Pra 2016 era pra ele ter ao menos o dobro disso. Além de não ter o dobro, não contará nem com o PPS, que marchará com a reeleição de Geraldo Julio, nem com o PTdoB, que apoiará Silvio Costa Filho. Como se não bastasse, Daniel precisará convencer o próprio PSDB de que vale a pena apostar na sua candidatura em detrimento de manter a aliança com o PSB no Recife e no estado.
Na história recente das eleições no Recife nenhum candidato conseguiu se viabilizar sem ter um projeto consistente do ponto de vista partidário. As vitórias de Jarbas Vasconcelos, Roberto Magalhães, João Paulo, João da Costa e Geraldo Julio foram pautadas na construção de frentes políticas relevantes. Nenhum deles conseguiu vencer a disputa sozinho. Se Daniel quiser mesmo ser prefeito em outubro precisará construir alianças e mostrar que é adepto do diálogo, sob pena de entrar isolado na disputa e ter o seu partido rachado.
Entrevista – O ministro do Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio Exterior Armando Monteiro será o entrevistado do programa da GloboNews ancorado por Miriam Leitão. O programa vai ao ar a partir das 20:30 horário do Recife, e deverá abordar, além da questão econômica, a situação política do país.
Saída – Caso o PSDB confirme a candidatura de Daniel Coelho a prefeito do Recife, a secretária de Combate ao Crack e outras drogas Aline Mariano se filiará ao PSB para buscar a reeleição. Aline acredita que o PSDB dificilmente elegerá dois vereadores lançando Daniel Coelho porque a legenda não teria cauda. Além disso, Daniel em 2012 não conseguiu garantir votos de legenda pro PSDB, quando obteve apenas 8 mil, o que pode se repetir e prejudicar a chapa proporcional.
Patrulhamento – Choveram críticas ao prefeito Geraldo Julio e ao secretário de Turismo e Lazer Camilo Simões por terem acompanhado o show de Ivete Sangalo na última terça-feira no camarote Parador, no Recife Antigo. Tal crítica não se justifica porque na condição de chefe do executivo municipal e de comandante da pasta ligada ao turismo, eles têm o direito e até mesmo o dever de circular por todos os grandes eventos do carnaval recifense.
Governador – Prestes a assumir a presidência estadual do PSDB, o prefeito de Jaboatão dos Guararapes Elias Gomes volta e meia tem seu nome lembrado por tucanos, aliados e pessoas do meio político para disputar o governo de Pernambuco em 2018. Mas para isso se tornar viável, Elias precisará fazer o dever de casa, que será eleger Conceição Nascimento prefeita de Jaboatão em outubro.
RÁPIDAS
Confusão – Após a prefeitura de Condado, na Mata Norte, proibir o desfile do bloco O Doutorzinho do ex-prefeito Edberto Quental, aliados do ex-gestor não gostaram nem um pouco da decisão da prefeitura e não se fizeram de rogados. Simplesmente apedrejaram a residência da prefeita Sandra Félix. O caso foi parar na polícia.
Sacrifício – O PT cogita sacrificar novamente a candidatura da deputada Teresa Leitão a prefeita de Olinda para mais uma vez marchar com o PCdoB, que lançará Luciana Santos. A contrapartida seria do PCdoB apoiar o candidato que o PT apresentará a prefeito do Recife em outubro.
Inocente quer saber – A dificuldade do PT é mesmo momentânea como Lula afirmou ontem?