Prisão de Delcídio Amaral implode reação do governo Dilma Rousseff
Desde a reforma ministerial que o Palácio do Planalto começou a ensaiar uma reação para a crise política sem precedentes que se instaurou no governo Dilma Rousseff. Parecia que a situação melhoraria pra Dilma e seus aliados e a agenda negativa que permeou praticamente todo o ano de 2015 em torno do governo, mudaria de mãos e de alvo, ficando em cima do presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha.
O noticiário acuou Cunha e fez com que ele se aproximasse cada vez mais do Palácio do Planalto. Até então a tese do impeachment tinha perdido força e validade, mas o cenário político conturbado voltou a pairar sobre o governo Dilma, primeiro anteontem com a prisão do empresário José Carlos Bumlai, muito próximo do ex-presidente Lula. Ontem a situação se agravou com a prisão do senador Delcídio Amaral (PT/MS), líder do governo no Senado, por tentar atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato, viabilizando uma quantia financeira que pudesse pagar pelo silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.
Delcídio na condição de líder do governo não poderia falar exclusivamente como “pessoa física”, mas sim como representante do governo federal. Se ele estava propondo um plano de fuga para Cerveró era porque tinha o lastro e o aval do Palácio do Planalto pra poder viabilizar a situação. Qurrer dissociar o fato ocorrido ontem com o senador do Palácio do Planalto e do Partido dos Trabalhadores, como tentou o presidente nacional do PT Rui Falcão, é uma tarefa praticamente impossível de ser executada, haja vista que Delcídio não era um senador qualquer, mas sim um dos grandes elos do Palácio do Planalto com o Congresso Nacional, não só pela condição de líder do governo, mas sobretudo pelo excelente trânsito que tinha com seus pares.
A prisão do senador pela Polícia Federal deve trazer vários desdobramentos, dentre eles uma abertura de um processo por quebra de decoro parlamentar que pode culminar na cassação do seu mandato, mas muito mais do que custar o mandato de Delcídio, o fato ocorrido ontem trouxe à estaca zero qualquer possibilidade de reação do Palácio do Planalto desse processo de letargia que tomou conta do país.
Foco – A prisão de Delcídio Amaral ocorrida ontem era tudo o que o presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB/RJ) precisava. Com Delcídio no noticiário nacional, o que deve durar por baixo duas semanas, Cunha sai do olho do furacão e ganha tempo pra terminar o ano na presidência da Câmara Baixa.
Agilidade – Depois de pedir ontem uma audiência com a presidente Dilma Rousseff para tratar dos casos de microcefalia que estão se alastrando por todo o Nordeste, o governador Paulo Câmara teve seu pleito atendido com uma agilidade fora do comum. Hoje mesmo será recebido pela presidente para tratar do assunto que é extremamente delicado.
Empegos – Num cenário de crise econômica cada vez mais consistente e imprevisível, o prefeito Elias Gomes tem conseguido viabilizar ações que contribuem para Jaboatão dos Guararapes driblar a crise. Ontem o prefeito anunciou a chegada da empresa de tecnologia Tivit, que vai se instalar na Estrada da Batalha e terá um investimento na ordem de R$ 30 milhões somente com obras e equipamentos. A expectativa é que a empresa possa gerar cerca de quatro mil empregos, dos quais metade ainda em 2015.
Humberto Costa – O senador Humberto Costa na condição de líder do PT no Senado tem cavado dia após dia a sua sepultura política. Quando orientou a bancada a optar pelo voto secreto na decisão sobre o relaxamento da pena de Delcídio Amaral e depois na apreciação do mérito do relaxamento da prisão do senador. Com isso Humberto caminha para virar um político sem qualquer respaldo social. Hoje não teria a menor condição de se reeleger senador e ainda corre riscos significativos se tentar um mandato na Câmara Federal.
RÁPIDAS
Encontro – Será realizado hoje num restaurante de Caruaru um encontro promovido pelos eleitores e amigos do deputado Tony Gel. O evento contará com as presenças do vice-governador Raul Henry e do deputado federal Jarbas Vasconcelos, e será uma espécie de pontapé inicial pela candidatura de Tony Gel a prefeito de Caruaru nas eleições do ano que vem.
Ipojuca – O perfeito Carlos Santana, que se elegeu exclusivamente por conta do prestígio do então governador Eduardo Campos, vem enfrentando uma situação dificilima no município por escassez de recursos e o êxodo das empresas que decidiram investir em Suape na época do boom econômico. Santana não consegue se encontrar na gestão e sofrerá para conseguir a reeleição.
Inocente quer saber – Depois das prisões de José Carlos Bumlai e Delcídio Amaral, o ex-presidente Lula corre o risco de ver o sol nascer quadrado?