Marília Arraes já está no lucro
A vereadora do Recife Marília Arraes está no terceiro mandato, tendo sido reeleita pelo PT após sair do PSB. Pouca gente lembra, mas a causa da sua saida do PSB não foi a aliança do seu primo Eduardo Campos com Jarbas Vasconcelos para as eleições de 2014, pois ela já tinha sido sacramentada em 2012 na eleição de Geraldo Julio, e sim o fato de Eduardo ter negado a legenda do PSB para que ela disputasse um mandato de deputada federal naquele pleito.
Ela rompeu com o primo e alegou que ele havia se juntado ao atraso para justificar o ódio que ficou por ter seu plano frustrado. Após muitos acontecimentos, eis que Marília ganhou uma eleição mais consolidadora do que as duas anteriores, frutos exclusivamente do voto de estrutura, tendo a maior votação dos três mandatos conquistados em 2016 e se tornou a cara da renovação do PT, um partido que ficou em frangalhos após a aliança com o PSB em Pernambuco.
Por falta de quadros dispostos a entrar no risco, a pré-candidatura de Marília ao Palácio do Campo das Princesas ganhou contornos e tem conquistado um corpo significativo, fruto da sua jovialidade, da sua coragem e do seu DNA e sobrenome. Hoje a pré-candidatura de Marília Arraes já não é uma brincadeira de criança e tem se tornado uma alternativa consistente ao poderio do PSB.
A pré-candidatura dela já teve um efeito imediato, e poderá ter um efeito ainda maior no futuro, que foi distanciar Armando Monteiro do PT, um político importante, qualificado e preparado, mas que nada tinha a ver com as causas dos trabalhadores. Muitos petistas no estado votaram nele em 2014 a contragosto apenas por causa da orientação de Lula e Dilma. A prova é tanta que a massa petista mal foi às ruas naquele pleito.
Marília conseguiu tirar um contingente de apoiadores insatisfeitos do projeto de Armando Monteiro, e ainda consegue colocar em xeque um eventual apoio dos arraesistas históricos ao governador Paulo Câmara, podendo com a sua candidatura, fazer um grande estrago na disputa de 2018. É provável que ela não ganhe a disputa, mas num cenário entre Paulo Câmara (com a máquina), Armando Monteiro e ela, não seria surpresa se ela ameaçasse o antagonismo de Armando em relação ao favoritismo da máquina do PSB, e figurasse num segundo lugar ao término da disputa.
Por isso os movimentos do PSB de aproximação com o PT, não só pelo poderio de Lula e do eventual apoio dele a reeleição de Paulo Câmara, mas pelo risco de Marília se tornar algo difícil de ser controlado durante a disputa tal como ocorreu com Eduardo Campos em 2006. Ainda que haja a formalização da aliança do PT com o PSB como se comenta, e consequentemente a retirada da pré-candidatura dela ao governo, Marília já está no lucro, pois ganhou o recall suficiente para arriscar chegar a um mandato de deputada federal em 2018, projeto abortado por Eduardo e a raiz do seu problema com o PSB, desta vez com a legitimidade do voto e do tamanho político que ela ainda não tinha nas eleições de 2014.
Tempo – Apesar das negativas de seus aliados sobre uma aliança com o senador Fernando Bezerra Coelho, o senador Armando Monteiro só teria o apoio de quatro partidos: PTB, PRB, Avante e Podemos, que juntos possuem 52 deputados que foram eleitos em 2014, para disputar o governo de Pernambuco. Armando ficaria com menos tempo de televisão que Paulo Câmara (PSB/PMDB/PSD/PR) e Marília Arraes (PT/PSOL).
Chances – O ministro das Cidades Bruno Araújo segue em dúvida se disputará a reeleição de deputado federal ou o Senado em 2018 com medo do risco de ficar sem mandato. Bruno precisa levar em conta que dificilmente terá oportunidade igual para uma disputa majoritária, uma vez que além de um baita ministério, tem o comando do robusto PSDB e para onde for terá cadeira cativa na majoritária com chances reais de vitória.
Fernando Filho – Já o ministro de Minas e Energia Fernando Filho não precisa ter pressa pra buscar uma majoritária, porque tem o pai no meio do mandato de senador para disputar o governo, e só seria obrigado a entrar na parada se seu pai ficasse inviabilizado, podendo ainda ser candidato a vice-governador na chapa de reeleição de Paulo Câmara.
Patrimônio – No Dia Nacional do Patrimônio Histórico, celebrado nesta quinta-feira, o governador Paulo Câmara entregará o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco aos seis novos diplomados, durante solenidade no Teatro de Santa Isabel. Neste ano, foram agraciados Maria dos Prazeres (parteira tradicional/Jaboatão dos Guararapes); Mestre Chocho (música, choro/Jaboatão dos Guararapes); André Madureira (dança, música, teatro/Recife); José Pimentel (artes cênicas/Recife); Reisado Inhanhum (reisado/Santa Maria da Boa Vista); e Sociedade dos Bacamarteiros do Cabo (bacamarte, cultura popular/Cabo de Santo Agostinho).
RÁPIDAS
João Doria – A cada pesquisa divulgada fica mais cristalina a competitividade de João Doria em relação a Geraldo Alckmin. Além de pontuar melhor que o governador de São Paulo, que já foi candidato a presidente da República em 2006, Doria tem maior potencial de crescimento que seu colega tucano, pois tem uma rejeição menor e um grau de desconhecimento maior.
Desfiliado – O vice-prefeito de São Lourenço da Mata Dr. Gabriel Neto pediu desfiliação do PRB recentemente. Diante do cenário de dificuldade do prefeito Bruno Pereira (PTB) no município, Gabriel poderá assumir a prefeitura caso a situação se agrave nos próximos meses.
Inocente quer saber – A Lava-Jato pegará alguém com foro privilegiado depois de ter diminuído sua intensidade nos últimos meses?
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