Paulo Câmara precisará repactuar seu governo após as eleições
A eminente vitória de Geraldo Julio no próximo domingo não será suficiente para manter a Frente Popular unida em torno da reeleição do governador Paulo Câmara em 2018, porque diferentemente de Geraldo, que entregou obras importantes, o governador ainda precisa imprimir a sua marca de gestão, pois se o governo terminasse hoje e precisasse do crivo das urnas, o governador teria dificuldades para enumerar os acertos da sua gestão junto ao eleitorado pernambucano.
Nos últimos dois anos do seu governo, Paulo Câmara não só precisará dar um tom político a sua gestão como principalmente prestigiar diversos partidos da Frente Popular, em especial o PSDB de Bruno Araújo, o DEM de Mendonça Filho, o PPS de Raul Jungmann, o PP de Eduardo da Fonte e alguns outros partidos que integram a Frente Popular. O mesmo diz respeito a Geraldo Julio no Recife a partir de janeiro de 2017.
Hoje postos estratégicos como Educação, Turismo, Desenvolvimento Econômico, Casa Civil, Administração, Planejamento, Fazenda e Saúde são ocupados por técnicos ou políticos ligados ao PSB e essa concentração de poder nas mãos de um único partido tem melindrado aliados e incentivado fissuras na base de sustentação do governador Paulo Câmara. O grupo dos quatro ministros de Temer sabem da força do poder paralelo que eles podem implementar visando a disputa do Palácio do Campo das Princesas daqui a dois anos, e naturalmente se não houver atenção especial por parte do governador, o rompimento pode ser inevitável.
Além da necessidade de repactuar o seu governo distribuindo pastas importantes com setores relevantes da Frente Popular, o governador precisará deflagrar as discussões sobre a composição da chapa majoritária com os atores que anseiam pela participação, sob pena de permitir ruídos de comunicação ao longo de 2017 que podem contribuir para a implosão da Frente e do seu governo, o que naturalmente não seria nada satisfatório para os planos do PSB de governar Pernambuco por mais quatro anos.
Dividir o bolo do governo não é um sinal de fraqueza do governador Paulo Câmara, muito pelo contrário, será uma prova inequívoca de altruísmo e sentimento de grupo. Se todos os principais atores forem contemplados da forma que esperam dentro do governo, eles terão cada vez menos argumentos para colocar em prática a tese de ruptura que hoje está cada vez mais latente dentro do meio político pernambucano. É melhor diminuir o peso do PSB no governo e garantir o protagonismo estadual por mais quatro anos do que querer tudo para o partido e acabar perdendo a joia da coroa que é o governo estadual.
Distância – Aguardando apenas o desfecho da eleição no Recife que deve sacramentar a derrota de João Paulo, o senador Armando Monteiro considera a fatura do apoio do PT a sua candidatura a governador paga. A ordem agora é se aproximar do governo Michel Temer, cuja consolidação se dará com o voto de Armando a favor da PEC 241 no Senado, e se afastar definitivamente do PT em Pernambuco. Armando esperará fissuras na Frente Popular para definir o caminho a ser tomado visando 2018.
Reunião – O governador Paulo Câmara esteve reunido ontem com o presidente Michel Temer em Brasília e na pauta entraram a inclusão do Aeroporto dos Guararapes, da BR-232 e do Arco Metropolitano no pacote de concessões federais; a devolução da autonomia do Porto de Suape; a adequação e duplicação da BR-423 no trecho entre São Caetano e Garanhuns, a retomada das obras da Ferrovia Transnordestina e a conclusão da Refinaria Abreu e Lima.
Paulista – Candidato a vereador com quase 2 mil votos, Kennyo Miguel não se elegeu porque o DEM não atingiu o quociente eleitoral, mesmo assim ele deverá ser indicado pelo ministro Mendonça Filho para assumir a secretaria de Educação ou a de Desenvolvimento Econômico de Paulista na gestão do prefeito Júnior Matuto. É possível que seja feito um alinhamento com o ministério da Educação para facilitar a parceria com Mendonça e permitir a atração de recursos para a educação na cidade.
Partilha – Nem mesmo foi eleito prefeito de Jaboatão dos Guararapes e o vereador Neco já teria feito a partilha da sua futura gestão com aliados. O vereador do Recife Edmar de Oliveira está cotado para ficar com pelo menos uma secretaria, assim como os deputados federais Wolney Queiroz e João Fernando Coutinho e o deputado estadual Lucas Ramos, que devem ficar cada um com uma secretaria de Jaboatão para acomodar aliados.
RÁPIDAS
Vara – A Quarta Vara de Sucessões e Registros Públicos da Capital segue sem um juiz titular há meses. O juiz Romão Ulisses Sampaio, da Quinta Vara, está sendo obrigado a acumular, o que faz com que os processos fiquem estagnados esperando a disponibilidade do juiz. Desde que Dr. Márcio Aguiar virou desembargador que a Vara não tem um titular.
Oferecimento – Não foi de graça a declaração de João Paulo de que o PT poderia se aliar ao PSB novamente. O PT que não tem mais nenhuma perspectiva de poder estaria sonhando com um espaço no governo Paulo Câmara e na futura gestão de Geraldo Julio. Pra isso o governador e o prefeito precisariam consolidar o afastamento dos ministros de Temer.
Inocente quer saber – O governador Paulo Câmara optará pelos ministros de Temer ou pelo moribundo PT pernambucano?
William Pontes diz
2018 está distante, e antes tem 2017 que nos reserva muitas surpresas e emoções no campo político. Temer continuará presidente? Os deputados continuarão ministros? O de Educação pela mediocridade tem de sair. Portanto é muito precoce qualquer avaliação. Corte de gastos contra quem? ONtem a Câmara aprovou aumento para privilegiados.
William Pontes diz
Complementando o comentário supra, aduzo que falta ao blogueiro uma leitura mais agitada do momento político e institucional do país.