Teori Zavascki coloca em xeque credibilidade do STF
Responsável pela operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal, o ministro Teori Zavascki tomou uma decisão no apagar das luzes que coloca a Suprema Côrte brasileira em completa suspeição. Isso porque mesmo com a decisão de Gilmar Mendes, ratificada por Rosa Weber, de que Lula não poderia assumir o ministério da Casa Civil, Teori Zavascki decidiu que a investigação sobre o ex-presidente Lula, que não tem foro privilegiado, subisse para o Supremo Tribunal Federal.
A decisão, no mínimo exdrúxula, deixa o juiz Sérgio Moro de mãos atadas para agir caso quisesse decretar a prisão do ex-presidente Lula. O efeito prático é que Lula acaba se safando de uma cada vez mais plausível prisão. Mas além disso tal decisão coloca o STF em absoluta suspeição, como se Lula não pudesse ser investigado por ninguém. Nem Moro, nem Teori, nem ninguém. É no mínimo contraditório.
O movimento de Teori acontece logo após o ex-presidente Lula afirmar em áudio interceptado pela Polícia Federal que o Supremo Tribunal Federal é acovardado. Nomeado por Dilma Rousseff em 2012, o ministro Teori Zavascki dá margem para interpretações maliciosas de que ele esteja a serviço do Palácio do Planalto, fazendo jus a sua indicação durante um governo petista.
Com sua atitude, Teori assinou em baixo a atrapalhada nomeação de Lula, que tinha por objetivo fazer o ex-presidente fugir de Sérgio Moro, e que até agora não foi efetivada porque várias ações questionaram a nomeação de um investigado da justiça para o ministério da Casa Civil. No fim das contas, mesmo não sendo ministro Lula ficou com a prerrogativa de foro privilegiado.
Cada vez mais os brasileiros ficam mais certos de que o Supremo Tribunal Federal está se tornando uma verdadeira casa de “Pai Lula” onde ele manda, desmanda, faz o que bem entender. Uma vergonha para aquela que deveria ser a guardiã da Constituição.
Odebrecht – Após a decisão da Odebrecht de fazer uma delação premiada, o ambiente no Palácio do Planalto ficou ainda mais nebuloso. Apesar de envolver nomes da oposição também, o maior prejudicado com a decisão de Marcelo Odebrecht e demais membros da empreiteira é o governo Dilma Rousseff, uma vez que ela foi uma das maiores doadoras de campanha da presidente e responsável por uma série de obras bilionárias do governo federal.
Hipocrisia – O presidente da Câmara Municipal do Recife vereador Vicente André Gomes, que se aposentou como deputado federal e até hoje recebe integralmente como tal, decidiu que não haverá o reajuste de 33%, que não acontece desde janeiro de 2013, no salário dos vereadores do Recife a partir da próxima legislatura. O posicionamento soa como uma verdadeira hipocrisia, uma vez que o salário não é o principal gasto da Câmara com os vereadores, mas sim as verbas de gabinete e demais valores que são desconhecidos de grande parte da população.
Desembarque – O vice-presidente Michel Temer se reuniu ontem com alguns figurões do PMDB no Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência em Brasília, para desmontar uma tentativa liderada por Renan Calheiros e ministros do partido que tinha por objetivo adiar a decisão sobre o desembarque do governo, marcada para o próximo dia 29. Ficou acertado que o PMDB sairia imediatamente da base do governo e os ministros teriam até o dia 12 de abril para entregar os cargos. Temer acabou vitorioso na articulação.
Beneficiário – Virou quase que uma unanimidade a tese de que o maior beneficiado pela decisão do PSB de apoiar a candidatura de Jorge Gomes a prefeito de Caruaru com o aval do prefeito José Queiroz foi o deputado Tony Gel (PMDB). Raquel Lyra, agora tucana, virou um poço de mágoas com o Palácio, e se ela ficar de fora do segundo turno apoiará o peemedebista. Caso Jorge Gomes fique de fora da disputa, também marchará com Tony Gel.
RÁPIDAS
Emprego – O Caged, do ministério do Trabalho, divulgou ontem que em fevereiro o Brasil perdeu 104.582 postos de trabalho com carteira assinada. O resultado foi o pior desde fevereiro 2011, quando foram criados 280.799 postos de trabalho no primeiro ano do governo Dilma Rousseff.
Posicionamento – O governador Paulo Câmara enfim decidiu se posicionar sobre o impeachment de Dilma Rousseff. O socialista afirmou que a situação da presidente, caso se confirme todas as denúncias, é insustentável e o impeachment deve prosperar.
Inocente quer saber – Se Lula não é ministro, por quê mereceu ganhar os privilégios de Teori Zavascki?