A implosão da família Arraes na política
Três vezes governador de Pernambuco, Miguel Arraes criou uma figura mitológica em torno da sua trajetória política, mesmo tendo perdido a reeleição em 1998 para Jarbas Vasconcelos por uma diferença de um milhão de votos. O peso político de Arraes acabou beneficiando Eduardo Campos em 2006, um ano após a sua morte, que se apresentou ao eleitorado pernambucano como “o neto de Arraes” e acabou se elegendo governador de Pernambuco.
A vitória de Eduardo projetou Ana Arraes, que se elegeu deputada federal em 2006 e foi reeleita com uma expressiva votação em 2010, e pouco tempo depois de assumir o segundo mandato conseguiu ser indicada para o cargo de ministra do Tribunal de Contas da União. Em 2008 Marilia Arraes, prima de Eduardo, sobrinha de Ana e neta de Arraes, se lançou para a política e se elegeu vereadora, conseguindo a reeleição em 2012.
Com a morte precoce de Eduardo em 2014, mesmo o PSB elegendo o senador e o governador, além de expressivas bancadas para a Alepe e para a Câmara Federal, a família Arraes acabou ficando num segundo plano. Sem um líder pra conduzir o processo, como foi primeiro com Arraes e depois com Eduardo, a família mais poderosa da história de Pernambuco configura-se num amontoado de gente que não se entende.
Marilia, neta de Arraes e vereadora, decidiu se virar contra o PSB e contra o legado de Eduardo, que foi fundamental para a sua vitória em 2008, atacando o partido, o prefeito Geraldo Julio, de quem foi secretária, e toda a cúpula do PSB no estado, além disso terá grandes dificuldades de se reeleger vereadora, uma vez que seus mandatos foram alcançados majoritariamente por conta do chamado “voto de estrutura”. Antonio Campos, igualmente neto de Arraes e irmão de Eduardo, almeja ser prefeito de Olinda, mas não é uma figura querida no meio político como o irmão, além disso não tem o menor traquejo para ser político, se for eleito será exclusivamente por incompetência dos adversários e por conta do “voto-homenagem”. Renata Campos, viúva de Eduardo, de acordo com informações extraoficiais, estaria rompida com a sogra Ana Arraes, e hoje a família Campos é uma e a família Arraes é outra.
Para um clã que alcançou vários mandatos de deputado federal, além de cinco mandatos de governador, três com Arraes e dois com Eduardo, a família Arraes depois de perder os seus dois maiores líderes dificilmente conseguirá forjar um novo líder político capaz de ser governador por exemplo, porque o chefe que norteava todos os anseios da família e cadenciava o jogo político morreu no dia 13 de agosto de 2014. Na política e no estado pode até aparecer alguém capaz de ser até melhor do que foi Eduardo, mas para a família Arraes, que perdeu seus dois maiores expoentes, dificilmente existirá outro, porque a família se tornou uma verdadeira guerra de egos. No carnaval a divisão ficou latente, quando Ana Arraes e Antonio Campos foram os únicos da família a aparecerem em público na homenagem ao ex-governador acontecida no Rio de Janeiro pela Escola de Samba Vila Isabel. Marilia ficou para a homenagem a Arraes pela Gigantes do Samba, enquanto Renata prestigiou a homenagem a Eduardo pela Galeria do Ritmo, ambas no carnaval do Recife. A briga de egos pode culminar numa implosão da família de Arraes na política, porque ninguém consegue mais se entender.
Policiamento – Os foliões que acompanharam os shows de O Rappa e Jota Quest no Marco Zero presenciaram cenas de caos na última segunda-feira. As brigas colocaram em risco a integridade física dos foliões e ganharam as redes sociais. O secretário de Defesa Social Alessandro Carvalho, que já não está muito bem no cargo, será novamente questionado pelo ocorrido. Certamente houve mau planejamento do policiamento para o Recife Antigo.
Escolha – Com os números das pesquisas favoráveis a Raquel Lyra e Tony Gel, o Palácio do Campo das Princesas avaliou que não vale a pena brigar com João Lyra Neto para bancar a candidatura de Jorge Gomes com o apoio de José Queiroz. O Palácio em breve dará ciência ao prefeito de Caruaru, que deverá ser obrigado a fabricar um candidato para a sua sucessão pelo PDT.
Consequência – O PSB não garantindo legenda a Jorge Gomes em Caruaru poderá ter uma consequência direta no Recife, onde tentará a reeleição de Geraldo Julio. É que o PDT de José Queiroz dará carta-branca a Isabella de Roldão, presidente municipal, para apoiar o candidato que quiser, que deverá ser Silvio Costa Filho (PTB).
Legislação – Com a modificação na Lei Eleitoral que definirá o tempo de televisão do candidato majoritário considerando apenas as seis maiores legendas da coligação, a necessidade de juntar inúmeros partidos para ter os maiores tempos de televisão e rádio diminuirá. A decisão terá como consequência direta a possibilidade de existirem coligações mais homogêneas do ponto de vista programático.
RÁPIDAS
Alternativa – Visando evitar que o vice-prefeito Luciano Siqueira leve o PCdoB a apoiar um candidato de oposição a Geraldo Julio, o núcleo político do PSB considera a hipótese de garantir as condições para que Luciano consiga se eleger vereador em outubro e dois anos depois deputado estadual.
Férias – O governador Paulo Câmara transmitiu o cargo ao vice-governador Raul Henry no último domingo para curtir férias de sete dias com a sua família. Até o próximo domingo Raul Henry será o governador em exercício.
Inocente quer saber – O governador Paulo Câmara ainda não exonerou Pedro Eurico porque ninguém está disposto a assumir o lugar?