O risco de implosão da base de Paulo Câmara em Caruaru
As eleições de Caruaru em 2016 trouxeram uma fatura indigesta para o Palácio do Campo das Princesas, que chegou a garantir o PSB a Raquel Lyra e depois acabou tomando para entregar a Jorge Gomes, que foi o candidato de Paulo Câmara e de José Queiroz. O governo Paulo Câmara teve três candidatos no primeiro turno, que foram Jorge Gomes, Erick Lessa e Tony Gel. Raquel Lyra teve que ir para o PSDB para entrar na disputa.
Apesar de ter lançado Jorge Gomes, que também disputou com o apoio de José Queiroz, o Palácio viu seu candidato amargar o quarto lugar na disputa. Erick Lessa que era uma espécie de Plano B de Queiroz acabou morrendo na praia, ficando em terceiro lugar e consequentemente de fora do segundo turno entre Raquel e Tony Gel.
Na segunda etapa da disputa, o Palácio levou João Campos, Raul Henry, Jarbas Vasconcelos, Paulo Câmara e tantos outros para o palanque de Tony Gel, mas de nada adiantou, Raquel Lyra acabou vitoriosa com uma diferença maior do que a melhor projeção que lhe dava a vitória, e impôs uma fragorosa derrota ao PSB. Como Raquel e José Queiroz não se entenderam em Caruaru, o Palácio se aproximou de José Queiroz, entregando-lhe a secretaria de Agricultura, fato este que desagradou integrantes da base tanto de fora quanto de dentro de Caruaru, e que vem gerando arestas que estão sendo difíceis de serem aparadas.
O fato é que a base de Paulo Câmara está completamente pulverizada em quatro grupos, o de José Queiroz, o de Tony Gel, o de Laura Gomes e o de Erick Lessa, e quem tem muitos apoiadores numa cidade corre o risco de acabar desagradando todo mundo. O único político que conseguiu juntar quase todo mundo no seu palanque em Caruaru foi Eduardo Campos, mesmo assim vez por outra tinha que atuar como bombeiro na conturbada relação entre José Queiroz e João Lyra Neto. Eduardo era um artífice do entendimento, fato que não se repete nos atuais integrantes do Palácio.
O isolamento que estão querendo impor a Raquel Lyra em Caruaru pode terminar o tiro saindo pela culatra, uma vez que o eleitor pode não entender muito bem a presença de tanta gente no mesmo palanque e culminar não só no risco de derrota de alguns atores, como também no de implosão do palanque do governador por falta de identidade política de tanta gente que quase nunca se entendeu e que agora estará dividindo o mesmo projeto mas com interesses conflitantes dentro da cidade.
Senado – Muita gente ligada ao Palácio do Campo das Princesas considera a hipótese de ofertar a vaga de senador a André Ferreira, que disputaria o cargo numa chapa que teria Paulo Câmara no governo e José Queiroz na outra vaga. Paulo estaria de olho no voto evangélico e metropolitano para fortalecer o seu palanque de reeleição em 2018.
Vice – Além de André Ferreira e José Queiroz para o Senado, vem ganhando força o nome do ex-prefeito de Petrolina Julio Lossio para o cargo de vice-governador. A ideia seria englobar o Sertão, o Agreste e a Metropolitana na mesma chapa. Lossio estaria prestes a se filiar ao PT com o objetivo de ser o nome da sigla para a majoritária, uma vez que João Paulo e Humberto Costa pretendem mandatos de deputado e não há clima para Marília Arraes integrar a majoritária de Paulo.
Candidato – Conforme já havíamos avaliado nesta coluna, o presidente Michel Temer pretende ser candidato a reeleição em 2018. Mesmo com a popularidade em baixa, Temer acredita que até junho o cenário político será mais tranquilo por conta da retomada da economia e ele é o único nome para defender o legado do seu governo, que caminha a passos largos para recuperar a economia brasileira.
Convenção – O PMDB marcou para o dia 19 de dezembro a convenção nacional do partido, que deliberará a mudança do nome para MDB e decidirá sobre o futuro do diretório estadual de Pernambuco, que sofrerá intervenção para ser entregue ao senador e pré-candidato a governador Fernando Bezerra Coelho.
RÁPIDAS
Corda bamba – Depois do Coronel Mario Cavalcanti, pego na operação Torrentes, fala-se nos bastidores da política pernambucana que vem chumbo grosso pra cima do secretário de Justiça e Direitos Humanos Pedro Eurico. Já há quem defenda que o governador Paulo Câmara realize logo a sua exoneração antes da bomba estourar.
Amizade – O empresário Ricardo Padilha, envolvido na Operação Torrentes, é muito amigo do secretário de Transportes e deputado federal licenciado Sebastião Oliveira. O secretário trabalha no cenário ultrapassar a casa dos 150 mil votos no ano que vem.
Inocente quer saber – Michel Temer convidará Henrique Meirelles para ser o vice na sua chapa de reeleição em 2018?
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