Do G1 PE
A tarde de hoje foi de protesto na Avenida Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. Atos ocorreram também em outros 19 estados para pedir o fim da corrupção e o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). O protesto acabou às 17h30. A Polícia Militar (PM) de Pernambuco disse não ter condições de mensurar a quantidade de manifestantes — o major Antônio Vieira, que comanda a operação da PM no protesto pelo 19º Batalhão, disse que não será divulgado balanço. Já o movimento Vem Pra Rua, principal organizador, falava em oito mil pessoas na concentração e 40 mil ao longo de todo o trajeto. A Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) também não divulgou números neste domingo.
No dia 15 de março, em ato semelhante ocorrido no Recife, o movimento Vem pra Rua estimou o número de participantes em 50 mil pessoas. Já o movimento Brasil Livre informou que foram 20 mil pessoas. Na ocasião, a PM disse ter estimado 8 mil pessoas no local. A CTTU falava em 15 mil pessoas.
Dois trios elétricos e um carro de som acompanharam o ato, que começou às 14h na concentração e saiu em passeata às 15h. O percurso total foi de 3,5 km de extensão – da pracinha de Boa Viagem ao Segundo Jardim, ambos na avenida Boa Viagem, principal do bairro.
O Vem pra Rua defende a saída de Dilma — seja por impeachment, cassação ou renúncia — por conta dos escândalos de corrupção. “A resposta que o governo deu aos protestos do último dia 15 de março não foi satisfatória. Hoje, o que mais incomoda quem está nesse movimento é a utilização do dinheiro do povo para financiar esses escândalos de corrupção”, disse um dos organizadores do Vem pra Rua, Gustavo Gesteira.
Outros grupos menores defendiam a intervenção militar – o que é inconstitucional no Brasil, um estado democrático de direito. “A gente precisa sair desta ditadura e entrar numa intervenção militar para ocupar o Congresso e afastar os corruptos”, disse a policial civil Sandra Queiroz. “Sou totalmente contra a essa safadeza política. Quero a saída de Dilma pela maneira mais legítima que for possível”, disse o administrador Marcos Rocha.
Outros manifestantes pediam mais educação, corte no excesso de gastos públicos e combate à corrupção. Um grupo organizou um painel escrito ‘Fora Dilma’ onde as pessoas podiam ‘carimbar’ a mão depois de passar na tinta. Outros distribuíam papéis em forma de cédula de Dólar com a foto da presidente brasileira. Em um dos prédios da orla, ao longo do percurso do protesto, uma moradora batia panelas vestida com as cores da bandeira brasileira.
O grupo Estado de Direito também participava da manifestação com cerca de 150 pessoas, divididas no trio elétrico e no chão da avenida. “Somos um grupo conservador que defende o impeachment da presidente por conta do esquema de corrupção conhecido como ‘Petrolão’. Também queremos uma investigação no BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social]”, disse Diego lajedo, um dos organizadores do grupo.
Ao longo do percurso uma mulher se vestiu de Dilma Rousseff e desfiava em um dos trios, circulando em outros momentos pelo chão e tirando fotos com outros manifestantes. Ela levava um cartaz com os dizeres: “Em favor do Brasil, diga ao povo que não fico, renuncio já”.
Também chamou atenção um boneco gigante – figura típica do carnaval do Recife e de Olinda – do juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos relacionados à Operação Lava Jato no Paraná.
Um pequeno conflito ocorreu em frente a um dos prédios da Avenida. Um manifestante hostilizou um morador que usava camisa vermelha e adesivo com rosto de Dilma. A PM interveio e garantiu a segurança do morador.