Os maiores adversários de Dilma e do PT
Os acontecimentos da semana passada mostraram ao Palácio do Planalto que os maiores adversários de Dilma Rousseff e consequentemente seus algozes num eventual impeachment não são a oposição capitaneada por Aécio Neves e composta por DEM, PPS, PSDB e Solidariedade, mas sim o PMDB de Michel Temer, Eduardo Cunha e Renan Calheiros e principalmente a nata do PIB nacional que vê os tempos áureos de crescimento econômico se esvaírem por causa da presidente.
A economia tem papel fundamental num processo político, e ganha mais relevância num momento de impeachment porque a economia e a política andam juntas, se a economia vai mal dificilmente a política consegue se sustentar. Hoje o país vive numa retração econômica que pode ser considerada uma estagflação, quando a economia está estagnada e a inflação segue alta. A inflação atingiu dois dígitos, algo que não acontecia desde 2003, o desemprego está em alta como nunca esteve nos doze anos dos governos do PT e isso tem mexido com a mentalidade do povo brasileiro, do mais pobre ao mais rico.
Até meados de 1994 o brasileiro estava acostumado com inflação elevada, moeda desvalorizada, quebradeira geral de empresas, etc. Com o Plano Real tudo isso era coisa do passado, foram vinte anos de um ciclo virtuoso, com pequenas alterações de ordem econômica que não implicaram numa crise no país. Até mesmo na crise global de 2008 o Brasil saiu praticamente ileso. Isso só foi possível porque na cadeira de presidente havia alguém que se comunicava bem com a população e tinha jogo de cintura para lidar com as intempéries como poucos que era o então presidente Lula.
Hoje temos na figura da presidente Dilma Rousseff uma pessoa incapaz de construir um raciocínio, de formular uma frase sem gaguejar, de apontar um caminho e até mesmo liderar o país para a saída da crise. Quanto mais tempo Dilma continuar, mais prejudicada estará a economia brasileira e naturalmente o país. O PIB nacional, Michel Temer e o PMDB já se deram conta disso e têm se movimentado em torno da “saída Temer”, que seria o impeachment ou a renúncia de Dilma, e o vice assumiria o governo por quase três anos com o objetivo de garantir a credibilidade do governo perdida no período de Dilma Rousseff.
Michel Temer hoje é um adversário muito mais perigoso pra Dilma Rousseff e para o PT do que Aécio Neves e a oposição, isso porque Temer é político profissional na essência, e o PMDB é ávido por poder. Em muitos anos o partido não teve tanta chance de chegar ao Planalto quanto agora. Por mais que Dilma ofereça ministérios e cargos para se manter na presidência, o PMDB profissional não vai querer mais porque esse cenário de deterioração da economia e do governo não interessa a ninguém, muito menos aos caciques do “partido do Brasil”. O PMDB não vai querer continuar sendo sócio minoritário de um empreendimento falido que é o governo Dilma podendo ser proprietário de um governo de união nacional liderado por Michel Temer.
Esvaziado – Talvez por erro de cálculo da organização, que poderia ter esperado um pouco mais para fazer uma manifestação, os movimentos realizados ontem foram um fiasco de público de norte a sul do país. Quando comparados aos de março, abril e julho, os movimentos deste domingo pareceram uma reunião de amigos em determinados locais de tão pouca gente nas ruas.
Jarbas Vasconcelos – Os bastidores de Brasília fervilham com a possível renúncia do presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha do cargo e uma aclamação do pernambucano Jarbas Vasconcelos para o posto. Jarbas é um político pautado pela ética e pela probidade administrativa. Teria melhores condições políticas para conduzir o impeachment de Dilma Rousseff nos próximos meses.
Renan Calheiros – Um parlamentar pernambucano acredita que o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB/AL) está jogando com a hipótese de não acolher o impeachment caso a Câmara dos Deputados aprove. É que uma vez colocando obstáculos ao impeachment, em caso dele acontecer Renan será fiador do governo Temer, caso ele não ocorra o alagoano será um fiador ainda mais representativo do governo Dilma.
Paulo Skaf – Aliado do vice-presidente Michel Temer, o presidente da FIESP Paulo Skaf defendeu abertamente o impeachment de Dilma Rousseff. Além disso, Skaf deixou claro que não concorda com a política econômica patrocinada pelo ministro da Fazenda Joaquim Levy, quando deixou nas entrelinhas que num governo Temer, Levy não seria aproveitado no cargo.
RÁPIDAS
Vereador – O ex-prefeito do Recife João da Costa, que já foi deputado estadual, está cotado para disputar um mandato de vereador nas eleições do ano que vem pelo PT. Em 2014 João da Costa tentou, sem sucesso, um mandato na Câmara dos Deputados.
Incoerência – Durante os governos Sarney, Collor, Itamar e FHC o PT pediu o impeachment de todos os presidentes, e era um mecanismo democrático. Agora que o governo é de Dilma Rousseff é vidraça e corre risco de ser impichada, o PT chama o mecanismo de golpe. Haja incoerência.
Inocente quer saber – Mozart Sales, envolvido na operação da Polícia Federal sobre a Hemobras, ainda será candidato do PT a prefeito do Recife?