O alto índice de vulnerabilidade do jovem negro no Brasil foi o tema central da audiência pública, realizada nesta segunda-feira (13), pela CPI da Violência contra Jovens Negros e Pobres da Câmara Federal. O encontro, no plenário da Assembleia Legislativa do Estado, serviu para que a comissão apresentasse resultados do trabalho feito e abrisse espaço para ouvir novas opiniões e, assim, colher sugestões para o relatório final, que será apresentado e votado nessa terça-feira (14).
O presidente da CPI, deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) afirmou que o interesse é formar um pacto não apenas federativo, mas republicano para trabalhar no sentido de reduzir o índice de homicídios da juventude negra brasileira. O parlamentar revelou que jovens negros e de baixa renda representam 80% das vítimas registradas no Brasil, a uma taxa média nacional de 70 negros assassinados a cada grupo de 100 mil habitantes.
Para reduzir esse índice alarmante, o petista afirmou que, um dos encaminhamentos da CPI será pela criação de um Plano Nacional de Enfretamento dos Homicídios. “O grande problema da segurança no Brasil é a falta de dados, por isso, é importante se criar um sistema nacional de informações, de forma padronizada”, defendeu Lopes.
O presidente também informou que o relatório final do colegiado considera como genocídio a violência que vem sendo praticada contra a juventude negra e pobre do país. E para combatê-la, o trabalho final aponta cinco proposições a serem cumpridas nos próximos 10 anos, tal como a apresentação de uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional), obrigando a União, estados e municípios a investirem um determinado percentual em políticas públicas que apontem para a reparação do racismo e a promoção da igualdade social, a partir da criação de um Fundo Nacional de Combate ao Racismo.
Autor do requerimento que propôs a realização da audiência, o deputado federal Betinho Gomes (PSDB-PE) ressaltou que o Brasil tem dois extremos e um deles é o Nordeste, região cujos estados e municípios ocupam o topo da lista da violência contra os jovens pobres e negros. “E para mudar esse cenário, temos que ter a capacidade de nos unificar nessa luta que é defender a nossa juventude e enfrentar essa violência”, finalizou o parlamentar.
O encontro contou com ampla participação popular e de membros de movimentos sociais, além dos deputados federais Pastor Eurico (PSB-PE) e delegado Edson Moreira (PTN-MG), e dos estaduais Tereza Leitão (PT), Bispo Ossésio Silva (PRB) e Edilson Silva (PSol), que é presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Alepe, a qual foi parceira na realização da audiência pública.
Agosto, de novo
Bernardo Mello Franco – Folha de S.Paulo
No poema de T. S. Eliot, abril é descrito como o mais cruel dos meses. Na história brasileira, o título pertence a agosto. O mês assistiu ao suicídio de Getúlio, à renúncia de Jânio e à morte de JK. Em 2015, será decisivo para apontar o desfecho, ainda incerto, da crise que engoliu o governo Dilma.
Em 16 de agosto de 1992, a classe média foi às ruas de preto para pedir o impeachment de Collor. A oposição escolheu a mesma data para as novas manifestações contra a petista. A esquerda também prepara atos “contra o golpismo” para o dia 20, com a participação de sem-terras, sem-tetos, petroleiros e sindicalistas.
As marchas ameaçam elevar a temperatura da crise até o ponto de ebulição. Nos dois lados, começam a surgir temores de que o Brasil siga o caminho da Venezuela, com a radicalização de posições e a possibilidade de confrontos nas ruas.
Se a tensão resultar em violência, será um retrocesso. Após longas décadas de instabilidade, o país finalmente aprendeu a resolver suas diferenças nas urnas, de forma pacífica e respeitando as instituições e o calendário eleitoral.
Agosto também será decisivo para o futuro da Lava Jato. No dia 5, o Ministério Público elege a lista tríplice para a sucessão do procurador-geral da República. A permanência de Rodrigo Janot dependerá do aval de Dilma e de votação secreta no Senado, que já tem 15 integrantes sob investigação no STF.
O procurador guarda duas cartas na manga: as denúncias contra os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros. Além de liderar a oposição informal à presidente, ambos estão na linha sucessória caso ela seja impedida.
A bancada do PMDB na Câmara dobra a aposta no naufrágio de Dilma. “O governo acabou, já estamos assistindo ao velório. A dúvida agora é a data do enterro”, diz o deputado baiano Lúcio Vieira Lima
A radicalização de Aécio
Ilimar Franco – O Globo
Estrategistas em campanhas eleitorais dizem que Aécio está na linha certa. Ele capitaliza o sentimento de oposição da sociedade, coloca-se como alternativa e encarna o papel de o mais aguerrido. Um marqueteiro diz que o povo está cansado da luta política, mas está mais cansado ainda do PT. E acrescenta que, com o PT executando um ajuste fiscal, o PSDB pode superar estereótipo negativo que o acompanha.
O PSDB e o candidato Aécio Neves, avaliam estrategistas, precisam ter energia para sustentar essa contundência nos próximos três anos. Essa postura é normal em países europeus onde há parlamentarismo. Os partidos de oposição criam os chamados “shadow cabinets” para contestar o primeiro-ministro. Lembram que, independentemente da repercussão, essa foi a atitude adotada pelo PT até chegar ao poder (2002). Era pau na moleira. Os tucanos, após 4 derrotas, viram que era hora de abandonar o ar blasé e colocar a mão na massa. É passado a máxima autossuficiente, atribuída a FH, de que em 6 meses Lula os chamaria para ajudar a governar.
A publicidade dos tucanos de que a presidente Dilma vai ser destituída pelo TSE, pelo TCU ou por um impeachment mexeu com a criatividade de um consultor político: “Só falta o PSDB apresentar um programa de governo aos eleitores”. Seu presidente, Aécio Neves, já proclamou que está preparado para governar.
Indicado de Dilma cobrou propina para campanha
De O Globo
Reportagem da ‘Veja’ diz que Ricardo Pessoa contou que fez o depósito após recado de Valter Luiz Cardeal de Souza
O empresário Ricardo Pessoa, dono da empreiteira UTC, afirmou em depoimento de delação premiada que Valter Luiz Cardeal de Souza, diretor da Eletrobras e considerado o homem da presidente Dilma Roussef na estatal, teria mandado o consórcio Una 3, que fechou contrato para tocar parte das obras da Usina de Angra III, “doar” para o PT a diferença de quatro pontos percentuais entre o desconto pedido pela Petrobras (10%) e o concedido pelo consórcio (6%).
A informação está na revista “Veja”, que disse ter tido acesso a parte do depoimento de Pessoa. Cardeal negou, neste sábado, as acusações e disse que vai entrar com queixa-crime contra o delator.
Segundo a revista, a Eletrobras pediu desconto de 10% no valor cobrado pelo consórcio, formado pelas empresas Andrade Gutierrez, Odebrecht, Camargo Corrêa e UTC Engenharia. Depois de intensas negociações, o consórcio teria aceitado reduzir em 6% o valor. Cardeal teria então chamado executivos do consórcio. Teria sido “curto e grosso” e dito que “as empresas deveriam doar ao PT a diferença entre o desconto pedido pela Eletrobras e o desconto aceito por elas”
Coluna do blog desta quinta-feira
Cerco está se fechando para Dilma
Já há um entendimento dentro do próprio Palácio do Planalto de que dificilmente o Tribunal de Contas da União isentará Dilma Rousseff do episódio das pedaladas fiscais. Porém, o TCU apesar de levar nome de Tribunal, serve como um órgão auxiliar, onde quem decide mesmo é o Congresso Nacional.
É aí que mora o perigo. Hoje o Congresso é comandado por Renan Calheiros e Eduardo Cunha, ambos são personas non gratas pelo Palácio do Planalto, e eles possuem lastro entre os senadores e deputados, que estão absolutamente desapontados com o Planalto, que tem sua articulação política em frangalhos.
Correndo por fora está o vice-presidente Michel Temer que é um poço de mágoas com o ministro da Casa Civil Aloizio Mercadante. Temer também tem muito lastro junto aos deputados e senadores porque já foi presidente da Câmara e sempre era um dos cabeças do Congresso Nacional.
Em política não existe vácuo de poder. Ao longo dos quatro anos do primeiro mandato a presidente Dilma Rousseff foi incapaz de fazer jus politicamente ao cargo que ocupa. Essa situação se agravou ao longo deste ano, onde a presidente começou seu segundo mandato completamente enfraquecida. Dilma não faz política, em síntese é quase uma analfabeta política. Então acaba virando refém daqueles que se interessam por fazer política e fazem com maestria, como é o caso dos três integrantes da linha sucessória, que são experts na matéria.
Hoje a presidente não governa, é uma mera figura decorativa. Na realidade sempre foi assim, mas com o cenário de crise agravado, a inaptidão de Dilma Rousseff ficou exposta, deixando a presidente desnudada perante a opinião pública.
O cerco está se fechando e pelo andar da carruagem não há outra alternativa que não seja a saída de Dilma Rousseff do cargo, seja através do impeachment, da cassação ou até mesmo da renúncia.
Campanha – Já está nas ruas a campanha de outdoors do Painel do Lyra e do Blog Edmar Lyra. A peça tem por objetivo fortalecer a marca do nosso programa na TV Guararapes que em três meses de existência atingiu a marca de 1 milhão de visualizações. O projeto é assinado pela Stampa Mídia Exterior.
Processo – Depois de ser chamado de bandido pelo senador Ronaldo Caiado (DEM/GO), o ex-presidente Lula decidiu apresentar no Supremo Tribunal Federal uma queixa-crime contra o senador goiano. “Lula tem postura de bandido. E bandido frouxo! Igual à época que instigava metalúrgicos a protestar e ia dormir na sala do delegado Tuma”, escreveu Caiado na rede social.
Renan Calheiros – A 14ª Vara da Justiça Federal de Brasília atendeu a pedido do Ministério Público Federal e abriu ação civil de improbidade administrativa contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). A decisão foi publicada no “Diário de Justiça” da Primeira Região no último dia 16. Renan foi acusado de ter recebido propina da construtora Mendes Júnior para pagamento de despesas de uma filha com a jornalista Mônica Veloso.
Indefinição – Após sair de uma reunião com o presidente em exercício Michel Temer, a senadora Marta Suplicy afirmou aos jornalistas que ainda não decidiu qual será o seu destino partidário. Na conversa com Temer, Marta discutiu a possibilidade de se filiar ao PMDB. Mesmo assim, garante que as conversas com o PSB estão bastante avançadas.
RÁPIDAS
Túnel – O túnel Augusto Lucena em Boa Viagem, que fica próximo ao Shopping Recife e ao Carrefour, está completamente às escuras, colocando em risco a integridade física de motoristas que precisam da via para se locomover.
Abandono – O Centro Cultural Miguel Arraes de Alencar, que fica em Prazeres em frente ao terminal integrado de Cajueiro Seco, está completamente abandonado. Uma obra que poderia servir de suporte aos mais carentes, virou um verdadeiro elefante branco. A gestão do equipamento é de responsabilidade da Fundarpe.
Inocente quer saber – Geraldo Julio conquistará a reeleição no primeiro turno?
Vidigal apresenta três propostas para novo pacto federativo
A primeira parte do relatório do novo pacto federativo está prevista para ser votada amanhã, quinta-feira (8). Membro da Comissão Especial que discute o novo pacto, o deputado Sergio Vidigal (PDT-ES) apresentou três propostas para acrescentar ao relatório, sendo duas Propostas de Emenda à Constituição (PEC’s) e um projeto de lei.
A previsão é que as propostas sejam incluídas no relatório e votadas em plenário no segundo semestre. Uma das PEC’s dá nova redação ao caput do art. 212 da Constituição Federal, elevando de 18 para 25% o percentual aplicado pela União na manutenção e desenvolvimento do ensino.
Vidigal explica que há uma grande concentração de recursos no âmbito da União. “O que vemos nesta atual distribuição é que apesar de receber grande parte da arrecadação, a União tem poucas obrigações. Quando se avalia a totalidade das receitas arrecadadas, o montante investido pela União em educação torna-se proporcionalmente ainda menor, comparativamente aos demais entes”.
A segunda PEC altera o art. 159 da Constituição Federal, para determinar a entrega de parte do produto da arrecadação das contribuições sociais aos Estados, Distrito Federal e Municípios. Destes 25%, o percentual de 12,5% terá que ser distribuído para o Fundo de Participação de Municípios (FPM) e 12,5% para o Fundo de Participação de Estados (FPE).
“Mas vale a pena ressaltar que os recursos entregues nestes termos serão aplicados exclusivamente em ações de saúde ou de assistência social”, afirmou Vidigal.
Projeto de lei
O projeto de lei, de autoria de Sergio Vidigal, altera a Lei nº 10.880, de 9 de junho de 2004, para estabelecer novos valores a serem repassados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) aos Estados, Distrito Federal e Municípios para complementação do custeio do transporte escolar e merenda, além de estabelecer critérios para atualização dos valores.
A proposta estabelece que o valor per capita por aluno/ano a ser transferido aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios à conta do Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (PNATE) será calculado com base nos valores mínimos e máximos constantes do Anexo a esta Lei e no Fator de Necessidade de Recursos do Município – FNR-M, que considera: o percentual da população rural do município (IBGE), a área do município (IBGE), o percentual da população abaixo da linha de pobreza (IPEADATA) e o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB (INEP).
Os valores deverão ser obrigatoriamente atualizados anualmente, até o final do mês de fevereiro, segundo o índice oficial de inflação adotado pelo Banco Central do Brasil.
Coluna do blog desta quarta-feira
Governo opta pela vitimização para se salvar
Não é de hoje que quando surge qualquer escândalo envolvendo o PT que os políticos do partido adotam a tese da vitimização. Foi assim no mensalão, foi assim no episódio do câncer de Dilma que o PT usou o acontecido à exaustão a fim de garantir a eleição dela em 2010 e agora no cenário de crise o partido age como se Dilma fosse vítima do caos que ela ajudou a colocar o Brasil.
Vale ressaltar a postura agressiva em que o programa político de Dilma adotou nas eleições do ano passado, chegando a dizer que Marina Silva iria tirar a comida da mesa do trabalhador caso fosse eleita presidente da República apenas porque Marina defendia a autonomia do Banco Central. Já no segundo turno Aécio Neves foi achincalhado no programa de Dilma e completamente desmoralizado nas redes sociais pela militância paga pelo PT.
Não foi a oposição quem mentiu sobre a real situação econômica e fiscal do país. Muito menos que praticou as pedaladas fiscais e utilizou recursos de empreiteiras através de chantagem para se eleger. Esses fatos são notórios e inquestionáveis. A presidente tem apenas 9% de ótimo e bom porque deixou a economia do país em frangalhos.
Se ela é hostilizada por eleitores é porque deu margem pra isso quando hostilizou seus adversários no guia eleitoral, criando um clima de acirramento dentro da sociedade que dificilmente será finalizado enquanto ela estiver no cargo de presidente da república. Portanto, querer se vitimizar no atual cenário político não vai colar, e poderá sair pior do que está.
Multa – A Justiça acatou pedido do Estado e determinou que o Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol) se abstenha de realizar a paralisação das atividades dos policiais civis prometida para começar à meia-noite desta quarta-feira. O descumprimento acarretará multa diária de R$ 30 mil e o sindicato já foi intimado por oficial de justiça ontem à noite.
Risco – O prefeito Geraldo Julio esteve ontem em Brasília para solicitar recursos junto ao ministro da Integração Nacional Gilberto Occhi para viabilizar a colocação de geomanta, recuperação de canaletas e escadarias em 240 pontos de risco da cidade.
Secod – A secretaria de enfrentamento ao crack e outras drogas comandada por Aline Mariano, mesmo sem recursos, conseguiu capacitar duas turmas no curso de qualificação profissional realizado pela pasta. A expectativa de Aline é que com a liberação dos recursos, a secretaria possa abranger milhares de jovens em situação de vulnerabilidade social.
Goiana – O deputado Aluisio Lessa (PSB) irá promover na próxima segunda-feira, às 19h, reunião com o secretário de Defesa Social Alessandro Carvalho, na Câmara de Vereadores do município. Além de tratar de segurança de uma forma geral na cidade, Carvalho irá anunciar a chegada de uma unidade da Companhia Independente da PMPE em Goiana a partir de agosto.
RÁPIDAS
Socorro Pimentel – A deputada Socorro Pimentel (PSL) se reuniu ontem com o superintendente da Conab Caio Mello e reivindicou que a companhia efetuasse a compra de farinha de mandioca dos agricultores de Bodocó, Araripina, Ipubi e Ouricuri. Socorro esteve acompanhada do seu marido, o ex-deputado Raimundo Pimentel.
Falha – O senador Aécio Neves cometeu um ato falho domingo passado na convenção nacional do PSDB. Ele afirmou que havia sido reeleito presidente da República, quando na verdade seria presidente do PSDB. As redes sociais fizeram a festa com a declaração do tucano.
Inocente quer saber – A reação do Palácio do Planalto sobre o impeachment foi desproporcional às críticas dos tucanos?
Coluna do blog desta terça-feira
Palácio do Planalto sentiu o golpe
Ontem o núcleo duro do governo se reuniu para avaliar o cenário político cada vez mais adverso para a presidente Dilma Rousseff. Haja vista que existem três frentes para uma possível cassação, que são: Pelas pedaladas fiscais que pode ter havido crime de responsabilidade para a presidente; cassação do registro da chapa eleita em 2014 por doações ilegais, e o pedido do PSDB de afastamento da presidente por ter infringido o artigo 359 do código penal.
Além disso no último domingo teve a convenção nacional do PSDB em Brasília recheada de críticas ao PT e ao governo da presidente Dilma Rousseff. Já havia sido deflagrada a situação crítica de Dilma após as pesquisas apontarem a presidente com apenas 9% de aprovação. Os acontecimentos dos últimos dias sugerem que ela perdeu as condições políticas de governar o país.
De público o vice-presidente Michel Temer refuta a tese de impeachment e de abandonar a articulação política do governo, mas de privado ele tem tentado construir com setores do PSDB uma saída honrosa para que ele possa assumir a presidência após a cassação de Dilma.
Também há um entendimento no meio político sobre a hipótese de salvar Lula da prisão. Seria um acordo político entre Congresso Nacional, Poder Judiciário e Palácio do Planalto. Até porque não ficaria nada bem para a imagem do país ter um ex-presidente que foi bem-avaliado e chegou a eleger a sucessora, aparecer algemado para o mundo inteiro ver.
O Palácio do Planalto sabe que não há condições de recuperação do caos que se instalou no país. E nada que a atual presidente venha a fazer possa virar o jogo porque ela perdeu o que há de mais importante para qualquer governante ou instituição: a credibilidade.
Já há quem defenda uma renúncia da presidente a fim de evitar uma sangria ainda maior que não contribui em nada com o país. Até porque ela está demonstrando abatimento e falta de vontade em continuar no cargo. Os últimos episódios mostraram o quanto ela é rejeitada pela sociedade brasileira.
Um novo governo, apesar de não ser fácil, poderia captar uma expectativa de esperança em eventuais acertos, coisa que os atuais ocupantes do Palácio do Planalto não conseguiriam. O país ganharia um fôlego para se restabelecer politicamente até 2018 através do governo de coalizão de Michel Temer que está sendo esboçado para tentar, literalmente, salvar a pátria.
Candidato – O empresário Francisco Eduardo Cavalcanti, irmão do ex-governador Joaquim Francisco, tem sido estimulado por amigos a disputar um mandato de vereador do Recife nas eleições do ano que vem. Ele está analisando a legenda para a disputa, mas estaria inclinado a se filiar ao Solidariedade do deputado federal Augusto Coutinho.
Executiva – Marcos Eduardo (Dudu), que coordenou a campanha do governador Paulo Câmara (PSB) no litoral norte, foi eleito na última sexta-feira para compor a executiva municipal do PSB de Igarassu. Dudu deverá fazer parte da coordenação politica da campanha de Yves Ribeiro a prefeito do município nas eleições do ano que vem.
Prestígio – Além de assumir a relatoria da Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional e indicar a diretoria da CONAB, o deputado federal Ricardo Teobaldo (PTB) conseguiu emplacar a diretoria regional dos Correios através da aliada Deyse Ferraz. Há quem aposte que ele vai indicar o responsável pela Infraero no estado, mas não há nada confirmado.
Infraestrutura – São Bento do Una, comandada pela prefeita Débora Almeida (PSB), vem investindo forte na aquisição de máquinas para ajudar na infraestrutura da cidade. Desta vez foram adquiridos por meio de licitação dois caminhões-pipa, dois tratores, uma pá carregadeira, um caminhão caçamba e uma retroescavadeira para obras na cidade. Ao todo foram investidos mais de R$ 1,3 milhão, oriundo de emenda do deputado federal Bruno Araújo (PSDB).
RÁPIDAS
Romário – O senador Romário, que é o presidente do PSB do Rio de Janeiro, divulgou a criação de um site do diretório estadual do partido para a imprensa do país inteiro. A atitude pôde ser interpretada como um start para sua pré-candidatura a prefeito do Rio nas eleições do ano que vem.
Cortes – Diante do cenário de crise que assola todos os municípios do Brasil, sobretudo os menores, o prefeito de Moreno Adilson Gomes Filho (PSB) decidiu reduzir o seu próprio salário em 12,7%, bem como de secretários, secretários-executivos e gerentes. Com a medida, Dilsinho pretende economizar 10% na folha de pagamento.
Inocente quer saber – Por qual motivo Jarbas Vasconcelos estaria decidido a romper com o prefeito Geraldo Julio?
Coluna do blog desta segunda-feira
Michel Temer prepara um governo de coalizão
A semana começa com a forte expectativa de um eventual impedimento da presidente Dilma Rousseff até o final do ano. Em Brasília as articulações estão a mil porque há evidências que a presidente não irá escapar do Tribunal de Contas da União do episódio das pedaladas fiscais. Além disso há questionamentos sobre o financiamento da campanha da presidente, que pode ensejar numa cassação do registro da sua candidatura, e por consequência culminar num afastamento do cargo.
Ciente de que o cenário é crítico e que mesmo tentando ajudar na ponte entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional, o vice-presidente Michel Temer foi sumariamente sabotado pelo ministro da Casa Civil Aloizio Mercadante, o que causou ira na cúpula do PMDB, que comanda além do Palácio do Jaburu, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal.
Diante do exposto, Renan Calheiros e Eduardo Cunha agem para sangrar o Palácio do Planalto, colocando em pauta temas espinhosos para o governo federal. Aprovando coisas absurdas que todos nós sabemos que a presidente será obrigada a vetar a fim de não comprometer ainda mais a situação fiscal do país. Eles acabam jogando pra platéia, que naturalmente está sedenta pela saída de Dilma do cargo.
De modo mais discreto, Michel Temer, que é um dos homens mais importantes da república brasileira, não pelo cargo que ocupa, mas por toda a sua trajetória política e interlocução com deputados e senadores, se movimenta no intuito de criar as condições políticas para o pós-Dilma, caso a saída da presidente seja fato consumado.
O PMDB nacional já começa a trabalhar com a tese de que o comitê financeiro da campanha de Michel Temer ao cargo de vice-presidente foi distinto do de Dilma Rousseff. O que isso significa? Que se houver evidências de cassação do registro de Dilma por doações ilegais, o vice-presidente sairá ileso da situação, podendo ocupar o cargo de presidente da República.
Também não é interessante para o país arcar com um novo processo eleitoral ainda este ano. O custo de uma eleição é elevadíssimo e teria que mobilizar tribunais eleitorais, cadeia de rádio e tevê, etc. Então as articulações dão conta de um futuro governo Michel Temer.
No comando do Palácio do Planalto, Michel Temer poderia contar com os bons quadros do PSDB, do próprio PT e de siglas menores, como PV, PTB, PR, etc. Temer tem hoje uma bagagem política muito maior que a de Itamar Franco em 1992 antes do impeachment de Fernando Collor. E isso tem pesado favoravelmente pra consolidar o impeachment. Já há uma tendência para que o PSDB possa assumir a área econômica do futuro governo.
Com apenas 9% de aprovação, a única coisa boa que Dilma Rousseff poderá legar ao país é a sua saída do cargo, porque seu governo perdeu a credibilidade perante a sociedade e vem perdendo a legitimidade conquistada nas urnas em outubro do ano passado.
Ronaldo Moura – Em Paulista o presidente do DEM Ronaldo Moura deixou o cargo para dar lugar a Odemir Junior. Com a mudança a sigla integrará oficialmente a base do prefeito Junior Matuto. Ronaldo Moura é ligado politicamente à deputada estadual Priscila Krause.
Chuvas – Com as chuvas torrenciais que atingiram Jaboatão dos Guararapes, o prefeito Elias Gomes preferiu ficar no município para monitorar a situação em vez de participar da convenção nacional do PSDB que reconduziu o senador Aécio Neves ao cargo de presidente da sigla.
PSDB – Na convenção de ontem, Pernambuco foi contemplado com três cargos na executiva nacional do PSDB, o deputado federal Bruno Araújo assumiu uma vice-presidência, o deputado federal Daniel Coelho ficou como vogal da executiva e a presidente da Jucepe Terezinha Nunes ficou como suplente.
Recife – Aliados do deputado Daniel Coelho consideram que a sua presença na executiva nacional do partido pode facilitar no convencimento da cúpula tucana sobre a necessidade de ter uma candidatura própria do partido à prefeitura do Recife no ano que vem, cujo candidato seria o próprio Daniel Coelho.
RÁPIDAS
Consolação – Nos bastidores políticos a informação é que o deputado Lula Cabral terá como prêmio de consolação, por não ter assumido nenhuma secretaria e ter perdido a disputa pra primeiro-secretário da Alepe, a indicação do PSB para disputar a prefeitura do Cabo no ano que vem.
Senado – Apesar de negar quando questionado sobre o tema, o secretário da Casa Civil Antonio Figueira é visto como um forte nome para disputar o Senado na chapa de reeleição do governador Paulo Câmara. Há quem diga que ele trabalha dia e noite para ocupar o posto em 2018.
Inocente quer saber – Anderson Ferreira desistiu de disputar a prefeitura de Jaboatão dos Guararapes no ano que vem?
O caminho dos tucanos
Cristiana Lôbo – G1
Nem tão depressa que possa ser acusado de “namorar com o golpismo”, nem tão devagar que possa correr o risco de se desconectar da militância e de seus eleitores. Neste estreito caminho, os oradores se revezaram na convenção nacional do partido que, como era esperado, reelegeu Aécio Neves para mais dois anos como presidente do partido.
De início, ficava clara a distinção dos discursos: os deputados e a militância muito mais aguerridos, falando claramente em tocar adiante processos que possam levar ao afastamento da presidente Dilma. Já os principais líderes, num tom abaixo, recorriam a uma linguagem cifrada, como fez Fernando Henrique Cardoso: “estamos prontos para o que vier pela frente”.
“O desfecho dessa crise não depende do PSDB, mas o partido está pronto para assumir sua responsabilidade”, disse Aécio, o que mais claramente se equilibra entre a cobrança especialmente da bancada na Câmara e a recomendação de prudência feita pelos líderes mais antigos. A todo momento, Aécio falava no fim do governo Dilma, “que não se sabe quando ocorrerá”; em outro momento, disse que o PSDB vai chegar ao poder “mais cedo do que alguns imaginam”.
Por trás da unidade do discurso crítico ao governo e ao PT, estava nítida, também, a disputa interna para escolher quem será o candidato à presidência em 2018. Geraldo Alckmin se dispôs a dar entrevista, o que empurrou Aécio a fazer o mesmo. O governador de São Paulo centrou suas críticas ao PT. “O PT está no fundo do poço e precisamos não permitir que eles afundem o Brasil junto”, disse, deixando sua frase de efeito no dia. “O PT não gosta de pobre, gosta do poder”.
José Serra também preparou seu discurso, este mais centrado na economia. Disse que a crise é grande e que até o fim do ano o desemprego pode chegar a 9%. Mas também deu um recado interno ao falar que não se pode votar no Congresso medidas que tenham consequências fiscais permanentes – um recado ao próprio partido, que votou pelo fim do fator previdenciário e aumento do Judiciário.
Marconi Perillo teve comportamento de quem queria se mostrar ao partido. Chegou atrasado e, visto, foi aplaudido por sua claque. Fez um discurso para a militância, carregado de críticas e se mostrando como gestor competente.
Os representantes de partidos aliados foram bem mais críticos ao governo e, ao falar da crise do país, que combina dificuldade econômica com política. Roberto Freire (PPS) fez questão de fazer comparação com o período que precedeu o impeachment de Collor. Esta palavra não foi pronunciada pelos dirigentes tucanos, com exceção de Carlos Sampaio, líder do partido na Câmara.
O encontro do PSDB foi realizado num hotel em Brasília, a poucos metros do Palácio da Alvorada, residência oficial da presidente – e por onde ela tem passado diariamente nos passeios de bicicleta. Havia tantos carros e ônibus levando tucanos que muitos se valeram do estacionamento do Palácio da Alvorada.