A Câmara Municipal do Recife aprovou, nesta segunda-feira (29), a Lei Padre Júlio Lancellotti, de autoria da vereadora Liana Cirne (PT), que proíbe a aplicação de técnicas de arquitetura hostil na cidade do Recife. A parlamentar explica que a chamada arquitetura hostil consiste em um conjunto de técnicas empregadas para impedir a utilização de equipamentos públicos pelas pessoas em situação de rua; ou dificultar a circulação de idosos, jovens, pessoas com limitações de locomoção ou de outros segmentos da população.
“São exemplos da arquitetura hostil a instalação de pedras pontiagudas ou ásperas; pavimentação irregulares; pinos metálicos pontiagudos; cilindros de concreto nas calçadas e bancos divididos. São técnicas que impedem as pessoas de sentarem ou deitarem, por exemplo”, explica a vereadora petista. Ainda segundo Liana, a lei é inspirada em proposição do senador Fabiano Contarato (PT), e presta homenagem ao Padre Júlio Lancellotti, símbolo do combate à aporofobia (aversão às pessoas pobres).
“Quando o Padre Júlio Lancellotti, com os seus 72 anos, empunhou uma marreta e derrubou os paralepídos instalados pela Prefeitura de São Paulo embaixo do viaduto Dom Lucas Mendes de Almeida, na Zona Leste da cidade, ele virou símbolo dessa luta e fez uma provocação a todas e todos nós, que lutamos por uma cidade inclusiva e democrática”, detalhou Liana.
A vereadora chamou a atenção ainda para a discriminação das famílias em situação de rua. “É comum ligar as pessoas em situação de rua a usuários de drogas, mas essa não é a realidade de muitas dessas pessoas. Não negamos que o problema existe, mas não podemos generalizar. Não se pode fechar os olhos para as outras realidades, como das mulheres vítimas de violência, que temendo novas agressões deixam suas casas com seus filhos e vão morar nas ruas. Também não podemos esquecer que nos últimos anos o Brasil voltou ao mapa da fome com o crescimento da pobreza extrema no País, obrigando muitas famílias a deixar suas moradias”, destacou Liana.
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