
Poucas candidaturas no Brasil abordam tão frontalmente o tema da maconha como Ivan Moraes, que disputa uma vaga para deputado estadual em Pernambuco pelo PSOL. Diante de um assunto melindroso do ponto de vista eleitoral e rodeado de desinformação e preconceito, Ivan não se furta a abraçar a causa de maneira explícita e séria.
A pauta não é novidade para o político que, como vereador do Recife, é coautor do projeto de lei que regulamenta o uso de remédios à base de cannabis na cidade. Na época, Ivan chegou a fazer outdoors com o lema “remédio, trabalho e renda para quem precisa”, o que gerou indisposição com a bancada conservadora. Atualmente, dentro do seu programa de propostas para a vaga na Assembleia Legislativa de Pernambuco o tema ganha um capítulo completo, intitulado Programa Estadual da Maconha e prevê a produção dos remédios à base de canabinoides pelo Lafepe (Laboratório Farmacêutico de Pernambuco) e a distribuição gratuita em farmácias populares. Dentro da plataforma, o candidato ainda considera a geração de emprego e renda no cultivo e a criação de diversos “subprodutos” para a indústria têxtil e de cosméticos. “A maconha é uma planta com um potencial terapêutico enorme e uma outra infinidade de usos. O seu uso medicinal já é permitido no Brasil, melhorando a qualidade de vida de milhares de pessoas, mas o custo dos medicamentos e a burocracia que envolve sua distribuição tornam o acesso muito difícil à população mais vulnerável”, explica. Para além do uso medicinal, o psolista defende também uma política de drogas que se afaste do encarceramento em massa e da violência e morte associada ao tráfico e à polícia, sobretudo de jovens negros. “A política de guerra às drogas fracassou e só serve para prender e matar gente pobre e negra. Eu vou sempre preferir o caminho de cuidar das pessoas. E com essa planta o caminho já tá dado”, aponta.