Parece clichê, mas não é de hoje que estamos com uma cidade estrangulada. Com 217 km2, a capital pernambucana é uma das menores capitais do país. Sua região metropolitana tem 3,7 milhões de habitantes e é a terceira maior densidade populacional do país, perdendo apenas para São Paulo e Rio de Janeiro.
Passam pelas ruas do Recife cerca de 3 milhões de automóveis por dia, considerando aqueles que precisam circular entre Olinda e Jaboatão dos Guararapes, Cabo e Paulista, dentre outros. Muito carro para as 13 mil ruas que a cidade do Recife possui.
Como se não bastasse, a cada dia entram 100 novos carros nas ruas da cidade. Para piorar a situação, possuímos uma malha cicloviária muito precária, apenas 21 quilômetros, inviabilizando a troca do automóvel pela bicicleta, haja vista que não há uma interligação na cidade. Enfim, não dá para atravessar o Recife de bicicleta. Para efeito de comparação, a cidade está muito distante do Rio de Janeiro (240 km), de Curitiba (120 km) e possui apenas a nona malha cicloviária do país. Enquanto Rio e Curitiba têm projetos para chegarem a 400 km, o Recife ainda não tem nada para apresentar.
Outro modal muito importante é o metrô, porque tem elevada capacidade de transporte. São transportados diariamente 285 mil passageiros, sendo 240 mil na linha centro e 45 mil na linha sul. A malha metroviária da RMR é de 40 km, sendo a quarta maior do Brasil. Mas ainda há uma dificuldade por parte dos recifenses de utilizar este modal por conta da pouca iluminação e grande insegurança na parte de fora das estações.
A frota de ônibus do Recife é de aproximadamente 2 mil veículos e em breve aumentará com as licitações para novas linhas. Atualmente a maioria dos veículos não possuem ar-condicionado e geralmente andam com superlotação.
Um modal importante para a mobilidade urbana é o fluvial, no nosso caso a navegabilidade do Rio Capibaribe. Esta ainda está no papel e precisa urgentemente ser colocada em prática.
O último, simples e não menos importante modal são as calçadas. O recifense precisa andar por uma calçada inteira, sem buracos, pedras ou até mesmo lixo. Isso fará com que ele possa se deslocar entre os modais e a sua residência ou seu trabalho.
Precisamos fazer uma interligação de modais de transporte, fazendo com que o coletivo se sobreponha ao individual. Para isso o cidadão que mora na Zona Norte e trabalha na Zona Sul precisa utilizar o transporte público sem precisar passar por engarrafamentos, lotação, desconforto, etc.
A cidade precisa interligar os bairros através das ciclovias se quiser um transporte saudável com qualidade de vida. Precisa que o passageiro do metrô possa utilizar um ônibus confortável e atraente, que possa levá-lo de casa ao trabalho sem desconforto e sem estresse. Navegar o Capibaribe não só serve como transporte como também uma rota turística que resgata a importância da história da cidade.
O custo de uma interligação de modais é muito menor do que construir viadutos, fazer edifícios-garagem, etc. Precisamos investir nos transportes alternativos aos carros para que possamos ter o benefício de uma cidade mais saudável.
O que não podemos mais é deixar tudo como está, de forma que as pessoas se sintam mal só pelo fato de enfrentarem o caótico trânsito do Recife. Ninguém aguenta mais, queremos mobilidade para a nossa cidade.