Geralmente, utilizo meu instagram para falar sobre alguns temas urbanísticos e tentar entender como anda a noção das pessoas sobre urbanismo e fazer as pessoas “linkarem” infraestrutura com urbanismo. Semana passada fiz uma enquete em meu instagram perguntando: “quando falo em mobilidade urbana você associa a?” A maioria respondeu: congestionamento e transporte público. Mobilidade não se resume ao transporte e o congestionamento é consequência da forma como a cidade vem sendo pensada.
As primeiras cidades, surgiram na antiguidade (4.000 a.C)com função militar, política e religiosa. Com isso era normal ter espaços feitos para encontros, trocas entre pessoas.
No decorrer dos séculos, as cidades foram se adaptando de acordo com novos padrões de anseios, densidade, zoneamento, transporte etc. Porém, no século XX, ou mais especificamente no pós-guerra que as cidades começaram a mudar seu traçado urbano. Com o advento do automóvel, sua valorização como bem de consumo, e a rápida disseminação do seu uso e de sua necessidade, fez com que houvesse uma inversão na forma de pensar a cidade: as cidades começaram a serem adaptadas e projetadas para acomodar os automóveis. De uma hora para outra, as cidades para pessoas foram transformadas em cidades para os carros. O termo mobilidade apareceu, nos últimos anos, de maneira crescente nos meios de comunicação e principalmente na política, pois foi somente em janeiro de 2012 que surgiu a exigência da elaboração dos Planos de Mobilidade Urbana.
Mais carros levam a maior congestionamento, poluição, consumo de combustível e emissões de gases. Se a quantidade de investimento apenas em novas vias e as viagens de carro acompanhar o mesmo ritmo de crescimento da população, os ganhos com a eficiência do combustível e tecnologias limpas serão anulados e os motoristas continuarão presos nos congestionamentos. Mobilidade significa a capacidade de chegar aos lugares necessários, como trabalho, escola, parques, comércio, hospitais etc, ou seja, viabilizar as viagens essenciais para o exercício do direito de ir e vir, seja a pé, carro, ônibus, bicicleta etc. Mobilidade não é ter apenas uma maneira de se deslocar, mas o direito de ter um sistema com um leque de oportunidade de transportes e que possuam qualidade e uma cidade agradável para caminhar.
Na próxima vez em que for pensar em mobilidade urbana peço encarecidamente que lembrem de algumas noções: qualidade do percurso, acessibilidade e segurança. Esses termos também devem ser lembrados e devem ser inseridos em nosso contexto urbano para valorizá-lo. Ampliar o acesso ao transporte público e a uma cidade caminhável é o nosso atual grande desafio. É preciso pensar o futuro da nossa cidade como um cenário de ruas mais vibrantes, onde é seguro caminhar, usar bicicleta ou o transporte público. Ou seja, é preciso voltar a construir uma cidade para pessoas!
Priscila Neri, Arquiteta Urbanista
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