O anseio por um acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, cultivado ao longo de 25 anos de negociações, encontra-se sob nuvens sombrias de incerteza. A proposta visa a redução ou eliminação de tarifas de importação e exportação, abarcando a dinâmica comercial entre esses blocos. Contudo, a atual conjuntura testemunha um impasse crucial: a resistência de agricultores de oito países da União Europeia, que protestam contra o aumento de impostos e o pacto com o Mercosul.
A base do descontentamento reside no receio de que a entrada da safra sul-americana resulte em uma redução geral nos preços dos produtos agrícolas europeus, intensificando a competição. Esse cenário levou a França a assumir uma posição contrária, declarando a interrupção das negociações. Além disso, o presidente Lula enfrenta críticas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e de setores de esquerda que também repudiam o tratado.
Em meio a essas controvérsias, surge uma dicotomia entre as perspectivas alemã e espanhola e a resistência francesa. Enquanto Alemanha e Espanha defendem o livre comércio, argumentando que o acordo reduzirá a dependência da América do Sul em relação à China, a França posiciona-se de maneira firme contra, encerrando, inclusive, as negociações.
Vale ressaltar que, para a aprovação, todos os 27 países da União Europeia e os 4 do Mercosul precisam votar a favor, destacando a complexidade do processo. A Europa representa a segunda maior parceira comercial do Mercosul, que, por sua vez, é o oitavo para os europeus. Se concretizado, o tratado seria o segundo maior acordo do mundo em relação ao PIB somado dos participantes.
Em 2018, o comércio bilateral entre os dois blocos movimentou expressivos US$ 100 bilhões, e as projeções indicam que o acordo poderia gerar um impacto significativo de R$ 500 bilhões no PIB brasileiro ao longo de uma década.
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