Por Terezinha Nunes
Esta semana começou com um fato inédito na França. Nicolas Sarkozy tornou-se o primeiro presidente francês em 30 anos a não conseguir se reeleger. Algo inacreditável em tempos normais aconteceu para sacramentar a derrota de Sarkozy, um político moderado. A extrema direita francesa, ao contrário do que todos esperavam, e que, em tempos normais, jamais apostaria em um esquerdista, preferiu depositar os votos no socialista François Hollande a embarcar na canoa do atual presidente.
O motivo para a derrocada de Sarkozy foi a crise econômica que castiga a Europa sem dó nem piedade e que não está provocando a derrota apenas de políticos mais à direita, como Sarkozy, mas vitimou antes o primeiro ministro da Espanha, o segundo pais de maior nível de desemprego naquele continente,José Luiz Zapatero, um esquerdista e socialista como Hollande, agora vitorioso.
Os problemas econômicos, a história comprova, são os maiores inimigos dos políticos no exercício do mandato, sobretudo se exercem funções executivas. E na Europa não poderia ser diferente. A oposição, de esquerda ou de direita, tende a ganhar as eleições enquanto o problema não for resolvido ou reduzir sua intensidade. Não dá para suportar as marchas de desempregados nas ruas e as insatisfações generalizadas na direção dos que detêm o poder.
No Brasil é exatamente o bom momento econômico que vem operado o milagre de manter o PT no poder por 10 anos. Na era Lula, se chegou a explicar a alta popularidade do ex-presidente como fruto do seu carisma, mas, o que dizer da presidente Dilma, que não tem o carisma de Lula, usa de uma arrogância chocante no trato com seus auxiliares e membros da classe política, e, mesmo assim, está com a popularidade mais alta do que seu antecessor?
Da mesma forma que o fato de Lula ter sido um operário que chegou à presidência em um país altamente desigual não explica a popularidade que ele teve, também não se pode dizer que Dilma está com uns pontinhos a mais pelo fato de ser mulher, a primeira a dirigir os destinos do país.
Tivessem Lula e Dilma atravessado as dificuldades econômicas vividas pela Europa atualmente, nem o primeiro, provavelmente,teria se reelegido e nem a segunda chegado aonde chegou.
A maior prova de que a economia tem turbinado os governos petistas é o fato de Lula ter deixado ao país o legado do mensalão e, mesmo assim, continuar popular e o de Dilma ter mexido esta semana no rendimento da caderneta de poupança, navegando em céu de brigadeiro.
Há que se colocar na balança do PT, naturalmente, também uma grande sorte. A primeira crise econômica séria que os atingiu chegou quando todas as medidas de equilíbrio econômico-financeiro, controle da inflação e responsabilidade fiscal adotadas por Fernando Henrique e mantidas por Lula e agora Dilma, estão amadurecidas e o país respirando normalmente.
Até quando vamos ficar incólumes à crise difícil e prever mas ela já dá sinais de que se aproxima com a queda de produção na indústria, a redução do número de empregos e, agora a necessidade de mexer na poupança, algo sagrado para os brasileiros.
Enquanto for podendo se safar, o PT vai continuar respirando e encontrando maneiras de ir mantendo o poder a qualquer custo, inclusive dos casos de corrupção.
Quando o bolso está cheio as pessoas ficam mais tolerantes até com a roubalheira oficial. Venha de onde vier.
Curtas
Lóssio na mira
O que se comenta na Assembléia é que se o prefeito de Petrolina, Júlio Lóssio, vencer o pleito, derrotando Fernando Filho e Odacy Amorim, passará a ser um dos protagonistas da eleição de 2014, saindo fortíssimo da representar o sertão nas composições que se seguirão.
Debandada
Pessoas influentes no Palácio das Princesas já admitem que se Mauricio Rands vencer a prévia do PT dia 20, muitos dos atuais pré-candidatos a prefeito desistirão da disputa. Inclusive alguns de altas plumagens, tanto no lado governista como seio das oposições.
Distanciamento
Nos meios políticos dá-se como certo o afastamento entre o governador Eduardo Campos e o senador Armando Neto, após as eleições municipais. Se isso acontecer será a segunda vez que Armando se afastará de um governador no exercício do mandato. O primeiro foi Jarbas.
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