A valorização da democracia e a capacidade de diálogo com o poder legislativo e com a sociedade, em uma escuta participativa, serão pilares fundamentais para garantir a governabilidade. Essa é a posição da candidata à Presidência pela Coligação Unidos pelo Brasil, Marina Silva, em entrevista ao jornal Estado de S.Paulo, nesta terça-feira. Sabatinada por quatro jornalistas da publicação, Marina tratou de temas como a governabilidade, energia e agronegócio, além de responder a perguntas enviadas por internautas pelo Twitter do Estadão.
A presidenciável reiterou sua disposição para conversar com todos os setores da sociedade e da política para construir um governo que atenda à agenda da população. “Acredito na capacidade do diálogo do Congresso, para fazer com que o Brasil tenha uma governabilidade programática, na qual as pessoas apoiem pelo mérito e pelo projeto. O Congresso tem que ser respeitado”, afirmou Marina.
Questionada sobre qual seria sua primeira medida se eleita presidente, Marina destacou a importância da reforma tributária e da revisão da qualidade dos serviços públicos no País. Ela criticou o atual governo na condução da gestão pública. “Temos hoje 39 ministérios, criados para assegurar uma governabilidade que não funciona”, disse.
A diversificação da matriz energética brasileira também foi abordada na entrevista, tema sensível e de primeira necessidade para dar sustentação ao crescimento do Brasil, na opinião da candidata. “Queremos que a matriz energética continue limpa e segura, a partir da energia eólica, solar, da biomassa. Hoje, se perde o equivalente a quatro usinas de Belo Monte com o não aproveitamento do bagaço da cana-de-açúcar”, disse Marina. “Se tivéssemos investido em biomassa, cujo megawatt/hora custa R$ 200, enquanto o uso de diesel é de R$ 1.700, teríamos uma economia ambiental e do dinheiro público”.
Em linha com a temática ambiental, Marina reiterou seu compromisso em incentivar o agronegócio, em diversas linhas de frente. “A agricultura deve prover renda, criar formas inovadoras de produção na propriedade. É um setor aberto ao diálogo”, diz. Marina reforçou sua trajetória política de mais de 30 anos, como vereadora, deputada, senadora e ministra do Meio Ambiente (2003 a 2008), época em que conseguiu negociar com o Congresso o apoio para aprovar projetos que até então estavam parados. “Aprovamos as leis mais difíceis, como a lei de gestão de florestas públicas, a criação do Serviço Florestal Brasileiro, a concessão de florestas públicas, que tramitava há 30 anos no congresso”, comentou, respondendo àqueles que tentam impor-lhe a imagem de pessoa pouco aberta ao diálogo.
Política macroeconômica – Marina também abordou sua visão estratégica para a condução da economia de forma que o Brasil saia do atual cenário recessivo e volte a crescer. “Vamos criar instrumentos para que o governo tenha como meta controlar inflação, tenha recursos para investimentos e realizar o que nos propomos, ter bens e serviços que melhorem vida das pessoas”, comentou.
A candidata confirmou a criação de um Conselho de Responsabilidade Fiscal, para gerir a distribuição e utilização do orçamento público no Brasil. “Nossas propostas e compromissos, como o ensino em tempo integral, o passe livre, a qualidade dos serviços públicos, são feitos dentro de espaço fiscal que não comprometa nossa determinação de que não haverá irresponsabilidade com gasto público. Nossa política econômica não será uma aventura”, completou.
Perguntada sobre a alteração no Programa de Governo com relação à união civil entre homossexuais, Marina refutou acusações de que teria agido com preconceito e discriminação. “Não há nada que comprometa nosso compromisso com a defesa do movimento LGBT como legítimo e justo, que assegure seus direitos como cidadãos sem qualquer forma de discriminação”.
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