Da Folha de Pernambuco
Presidente estadual do Republicanos, o deputado federal Silvio Costa Filho esteve no campo das oposições nas eleições passadas. Mas neste pleito, afirma que votará no também deputado federal João Campos (PSB), que na sua opinião, tem uma maturidade excepcional e que irá surpreender o eleitorado recifense. “João vai liderar esse novo ciclo na Cidade, montar o seu time e fazer um grande governo”. Parlamentar articulado, Silvio tem conseguido o aporte de verbas para o Estado junto aos ministérios. Apesar desse trânsito, diz que Bolsonaro errou na condução da crise do Covid-19 e que perdeu a chance de unir o País. Leia a entrevista exclusiva abaixo:
O senhor acha viável a discussão de matérias como a reforma administrativa e tributária e o pacto federativo em meio à pandemia no novo coronavírus?
Estamos vivenciando um dos momentos mais desafiadores das últimas décadas. Além da crise sanitária, por conta da COVID 19, a crise econômica é pior que a de 1929. Infelizmente, nós vamos terminar o ano com mais de 13 milhões de desempregados, uma queda em torno de 6% a 7% do PIB, além de um déficit primário que estava previsto em R$124 bilhões e vai passar de R$850 bilhões. Precisamos, mais do que nunca, avançar na agenda das reformas, fazer o ajuste fiscal e ampliar o crédito para que o Brasil volte a crescer.
Em relação à Reforma Tributária, o senhor acredita que a aprovação deve acontecer este ano?
Acho difícil. Mas, vou trabalhar muito para que a reforma tributária seja aprovada o quanto antes. Entendo que ela é fundamental para o país. Hoje, nós temos um sistema tributário extremamente complexo. Para se ter uma ideia, são mais de 27 legislações de ICMS diferentes e mais de 200 de ISS, o que gera muita burocracia para quem quer empreender no Brasil. Sou contra qualquer aumento de impostos, porque já pagamos uma das cargas tributárias mais altas do mundo, o que representa 33% do PIB, enquanto a média da América Latina é de 22%. Defendo que no primeiro momento possamos unificar os impostos federais e, de forma gradativa, os impostos estaduais e municipais. Não tenho dúvida de que com a reforma aprovada, vamos criar segurança jurídica, tributária e fazer com que o país volte a crescer, gerando emprego e renda para a população.
Como o senhor avalia a condução do governo Bolsonaro na crise sanitária e a aproximação com o Centrão?
Acredito que o presidente Bolsonaro errou na condução do enfrentamento à crise da Covid-19. Perdeu uma grande oportunidade de unir o país. Infelizmente, decidiu brigar com a maioria dos governadores e prefeitos. Faltou planejamento para enfrentar a pandemia. Mas, preciso reconhecer, o esforço do seu governo no combate à crise econômica, que, ao lado do Congresso Nacional, tem trabalhado para superar esse momento de muita dificuldade. Nós votamos um conjunto de medidas para mitigar esta grave crise, a exemplo da PEC do Orçamento de Guerra, o auxílio emergencial, a MP 938 – que ajuda os estados e municípios que tiveram queda na arrecadação e a MP 936, que atenuou o desemprego. Muita coisa já foi feita e estamos superando esse momento difícil. Os deputados do centro têm ajudado porque dialogam com a agenda econômica e não com a agenda Bolsonaro. Por isso, o governo está tendo sustentação no parlamento.
O senhor tem realizado várias interlocuções com ministros, como o do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho. Este movimento o coloca no papel de articulação com o Governo Federal e Estadual?
Olha, quando me elegi deputado federal, fiz questão de visitar o governador Paulo Câmara e me coloquei à disposição para ajudar Pernambuco. Tenho dialogado com ele e com vários secretários. Independente de diferenças pontuais, o que está em jogo são os interesses do Estado. Por exemplo, fui procurado pelo secretário de Desenvolvimento Econômico, Bruno Schwambach, para ajudar nas obras de dragagem do Porto do Recife, ação muito importante para o escoamento da produção. Ao lado do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, conseguimos viabilizar mais de R$32 milhões. Esse tem sido o nosso papel. Todas as vezes que o governador e os prefeitos me procurarem e estiver ao nosso alcance, vamos trabalhar para ajudar Pernambuco.
O senhor foi cogitado como pré-candidato à Prefeitura do Recife. Como estão as conversas do Republicanos com os partidos na Capital e em todo o Estado?
Meu nome foi lembrado para disputar a Prefeitura do Recife, mas isso nunca esteve no meu radar. O nosso projeto é Pernambuco. Tive a oportunidade de assumir a presidência do meu partido, o Republicanos, e hoje já temos sete prefeitos e mais de 130 vereadores. Ao lado dos deputados Ossesio Silva e William Brigido estamos estruturando o partido e teremos mais de 40 candidaturas a prefeito nas próximas eleições. Estamos crescendo, sobretudo, na qualidade dos nossos quadros. É claro que tenho o desejo de disputar uma eleição majoritária, pode ser em 2022 ou 2026, tenho tempo. Hoje, o foco é me dedicar ao mandato de deputado federal e ajudar o Brasil.
O Republicanos já definiu quem vai apoiar para prefeito do Recife?
Nós vamos votar em João Campos para prefeito. Tenho certeza de que o povo do Recife vai se surpreender com João, pela sua qualificação, capacidade de trabalho e preparo para governar a cidade. João é um jovem muito maduro, primeiro pela dor de ter perdido um pai da forma que perdeu. Segundo, porque se preparou desde cedo. Tenho confiança que ele vai surpreender muita gente. Lembro que em 2006 alguns tinham preconceito com o ex-ministro Eduardo Campos, candidato a governador, sobretudo na classe média alta. Quatro anos depois, aqueles que o criticavam, votaram nele na sua reeleição. João vai liderar esse novo ciclo na cidade, montar o seu time e fazer um grande governo. Uma gestão inteligente, que tenha um olhar para o social, mas que busque o desenvolvimento econômico da cidade.
Com o seu retorno à Frente Popular, o senhor espera que o partido participe da gestão socialista no âmbito municipal e estadual?
Olha, esse assunto não está em discussão.
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