“Foi eterno enquanto durou, mas chegou ao fim…”

Salvador, 4 de março de 2014, um dia que para muitos será inesquecível pois findará um ciclo vitorioso de 35 anos do Chiclete com Banana para começar um outro com um novo Chiclete com Banana e Bell Marques seguindo carreira solo. O local não poderia ser outro, o Campo Grande, circuito mais tradicional do carnaval soteropolitano, onde possui a Casa D’Itália, a Avenida Sete, o Relógio de São Pedro, a Rua Carlos Gomes e a Praça Castro Alves, ah, a Praça Castro Alves. Palco de inesquecíveis carnavais, que rendeu ao Chiclete com Banana um status não de banda, mais sim de uma lenda da música brasileira. O bloco não poderia ser outro, o Camaleão, que para quem não conhece é mais um bicho, para os chicleteiros tem formato de alegria, energia e tradição.

Foram 23 discos, com dois DVDs gravados em Salvador, no áudio uma inovação, o CD É Festa foi gravado em 1997 no carnaval da Bahia em cima de um trio elétrico. No vídeo outra inovação, o DVD Chiclete na caixa, Banana no cacho em 2003 foi gravado igualmente em cima de um trio elétrico. Isso configura a confiança no seu público e a inesquecível característica de fazer sucesso na base do improviso.

O Chiclete com Banana fez história. Além disso teve sempre a característica de atrair a multidão por onde passava nos quatro cantos do Brasil. Todo mundo queria ouvir aquelas músicas animadas e pular atrás daquele trio elétrico que arrastava todo mundo sem distinção de classes, de raças ou de credos.

História parecida pode haver, mas dificilmente será mais bonita que as páginas que Bell, Wadinho, Missinho, Rey, Jonny, Lelo, Denny, Waltinho, Wilson e Walmar ajudaram a escrever. Eles construíram amores, realizaram casamentos em cima do trio elétrico, encurtaram distâncias, criaram amizades que em condições normais dificilmente existiriam entre um pernambucano e uma gaúcha por exemplo.

As músicas são um capítulo a parte. Alguns exalam alegria quando escutam os primeiros acordes. Falam de amor, de alegria, de praias, de cidades, dos carnavais pelo Brasil afora, de energia, de fé, de paixão. Quem nunca se emocionou ouvindo Fé brasileira? Quem nunca se apaixonou ao som de Preciso dormir princesa, Amar você não dói ou Foi por esse amor? Quem nunca pulou ao som de Rumba de santa clara, Vumbora amar, Dê um grito aí ou Mistério das estrelas?

O Chiclete com Banana é isso. Alegria eterna. Fez parte da minha vida e da de milhares de brasileiros. Hoje o mundo estará menos alegre porque a magia do Chiclete que a gente pensava que fosse eterna sofreu uma fissura que culminou na separação de dois grupos com laços sanguíneos.

Não estamos aqui pra pedir que vocês mudem a decisão. Porque ela está cristalina na nossa mente. Só queremos dizer que vocês fizeram a vida de muita gente muito melhor.

Muito obrigado Chiclete com Banana. Vocês foram incríveis. Foi eterno enquanto durou mas chegou ao fim. É pena que esse amor não vai poder se eternizar. Que a magia do Chiclete possa ultrapassar novas gerações nesse novo jeito de caminhar e também nessa nova vida que segue.

Já dizia Wado Marques: “Chicleteiros do Brasil, bem-vindos ao mundo mágico do Chiclete com Banana onde toda alegria será permitida. Vamos fazer desse dia mais um dia inesquecível com a alegria de vocês, com a energia de vocês e o som do Chiclete com Banana.”

Um novo ciclo se começa a partir desta terça-feira. Os corações estarão divididos, alguns optarão por um único caminho, outros optarão por levantar duas bandeiras e vestir duas camisas, já os demais optarão por não seguir mais ninguém. Já que a vida é feita de escolhas.

Tocando e puxando a corda… Vai Camaleão!