Hoje o governador Eduardo Campos e a ex-senadora Marina Silva anunciaram uma decisão que tem reflexo impactante nas eleições de 2014. Como sabemos, Marina não conseguiu viabilizar a sua Rede Sustentabilidade e tinha a opção de se filiar a alguma legenda para ser candidata à presidência da República no ano que vem. Mesmo diante da possibilidade de optar por uma legenda e disputar de certeza, ela optou pelo caminho de se filiar ao PSB, que já possui um pré-candidato colocado, que é o governador de Pernambuco.
Tal decisão, apesar de ser surpreendente, mostra a visão sistemática de uma eleição presidencial da parte de Eduardo Campos e também de Marina Silva. Se Marina anunciasse hoje que estaria fora do pleito presidencial o jogo iria zerar e Dilma Rousseff voltaria ao status de favorita à reeleição. Se optasse por um partido sem candidato teria que justificar sua ida a todo momento e consequentemente prejudicaria seu voo.
Era previsível que tendo quatro candidaturas colocadas alguém teria que desidratar e a mais propensa a isso era a própria Marina, que novamente disputaria a presidência e naturalmente deixava de ser o fato novo da eleição. Sem uma estrutura de palanques e tempo escasso de televisão ela corria riscos de ceder terreno para os outros três candidatos.
O grande fato novo da eleição já tinha nome e sobrenome: Eduardo Campos. Certamente Marina se deu conta disso quando tomou essa decisão. Sua saída do jogo e consequente colocação de apoio ao projeto do PSB aglutina parte consideravel do seu eleitorado para o projeto do PSB, o inverso não ocorreria.
Muitos perguntarão como alguém com 26% de intenções de voto abre para alguém que possui apenas 8%? Certamente é porque ela sabe que existe um recall para ela e que dificilmente existiria um potencial de crescimento para a mesma, tendo grandes chances de desidratação quando o jogo começasse pra valer. O nome que possui apenas 8% pode chegar a 26% quando se tornar conhecido, principalmente se houver uma campanha competente.
Hoje, Marina e Eduardo possuem juntos 34% das intenções de voto, considerando o cenário do último Datafolha que dá um total de 85% de intenções de voto e um universo de 15% de indecisos, brancos e nulos, chegamos a conclusão que Eduardo e Marina juntos têm uma partida de 40 milhões de votos, que nas primeiras sondagens tendem a diminuir, porque o voto de Marina deve se pulverizar um pouco, mas como ela continuará no projeto, boa parte deve migrar para Eduardo. Se ela conseguir levar metade das suas intenções de voto pro governador do PSB, a candidatura já apareceria com 21% das intenções de voto e desbancaria Aécio Neves, candidato do PSDB.
A união de Eduardo e Marina é uma espécie de aliança estratégica que consolida uma alternativa de poder à dicotomia PT x PSDB que se instaurou nas últimas cinco eleições presidenciais.
Está criada a Frente Sustentável Brasileira, que pode atrair os insatisfeitos da base governista e os que não acreditam no projeto do PSDB como oposição. Eduardo jogou sua rede e pescou uma sereia que pode lhe dar a presidência da República.
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