Antônio Campos*
No dia 25 de julho, celebramos o Dia do Escritor e concordando com José Saramago, “minha opinião, ser escritor não é apenas escrever livros, é muito mais uma atitude perante a vida, uma exigência e uma intervenção.” Ao escritor é dada a palavra de intervir no mundo, transformar sonhos em realidade e denunciar as tristezas e alegrias da vida.
Foi no ano de 1960 que o então presidente da União Brasileira de Escritores, João Peregrino Júnior, e seu vice-presidente, Jorge Amado que se plantou o ideal de festejar o Dia do Escritor, surgindo após a realização do I Festival do Escritor Brasileiro, da UBE. O grande sucesso do evento foi primordial para que, por intermédio de um decreto governamental, a data fosse instituída com a finalidade de celebrar a importância do profissional das letras, profissão que, infelizmente, nem sempre tem sua relevância reconhecida.
Com o amadurecer dos anos, a UBE vem ampliando seu entender que assim como os sonhos, a arte de escrever não tem limites. O profissional das letras não é exclusivamente o poeta e seus devaneios, o romancista e seus cenários, mais todo aquele que numa folha de papel ou digital constrói conhecimento e planta o imaginário.
O escritor de hoje já não é mas um monge copista, em seu secular mosteiro, que sob o canto gregoriano guarda segredos e replica silenciosamente conhecimentos e tradição em suas bibliotecas, hoje o escritor é um divulgador da palavra, e em nossos quinhentos anos de história podemos afirmar que a nossa literatura é de grande relevância e oferece uma diversidade de autores e gêneros.
Para marcar não apenas um dia, mas para reverenciar todos os escritores, o presidente da UBE em Pernambuco, Renato Siqueira, renova a missão da Casa do Escritor e promove dia 25 de julho palestra do critico literário e ensaísta Antônio Carlos Secchin – da Academia Brasileira de Letras, que em seu discurso de posse, na ABL, em 2004 afirmou: “Não interpreto os limites como região de plácido descompromisso entre o lá e o cá, mas como um tenso território em cujas bordas vivenciamos o risco e o fascínio do duplo. Dissolvida a confortável ilusão da unidade, aprendemos a confrontar-nos com o território do que desconhecemos. Percorrer o intervalo não é abrigar-se entre dois espaços, é expor-se a ambos. É aceitar o assédio e o aceno de tudo aquilo que, em nós ou fora de nós, se recusa à apropriação apaziguadora da identidade”.
O maior compromisso do escritor é com a verdade e com a liberdade, como nos ensinou Albert Camus.
*Antônio Campos é presidente da Fundação Joaquim Nabuco e membro da Academia Pernambucana de Letras
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