O “novo Senado” continua o mesmo de sempre. As despesas com autopropaganda, consultorias, escritórios nos estados, passagens aéreas, viagens internacionais, combustível, aluguel de carros e aviões, e correios já custaram R$ 12 milhões aos cofres públicos no primeiro semestre deste ano. Tem até “chá de panela” bancado pelo contribuinte.
O campeão de gastos é o senador Humberto Costa (PT-PE), com um total de R$ 350 mil, sendo R$ 42 mil com viagens internacionais e R$ 82 mil com correios – R$ 44 mil numa só remessa. Os constantes deslocamentos do senador e de seus assessores pelo interior de Pernambuco consumiram mais R$ 90 mil em aluguel de carros, combustível, hospedagem e alimentação.
O senador Romário (PODE-RJ) usou 64% da sua cota para o exercício do mandato, o “cotão”, com passagens aéreas entre Brasília e o Rio de Janeiro. Dos R$ 116 mil gastos, R$ 49 mil pagaram passagens de seis assessores que ficam constantemente na ponte aérea. Só as passagens para Rafael Takashi custaram R$ 26 mil. Mais de 30 passagens do gabinete ficaram em torno de R$ 2 mil.
Muitos dos voos acontecem porque assessores que trabalham com emendas parlamentares moram no Rio de Janeiro. Além de receber e visitar prefeitos do estado, eles precisam se deslocar a Brasília seguidamente para reuniões em ministérios, onde liberam verbas federais para os aliados do senador. Se morassem capital federal, estariam a um quilômetro dos ministérios. O total de despesas de Romário já chega a R$ 214 mil.
Viagens para “estruturar o mandato” do novo Senado
Aconteceu o mesmo no gabinete do senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP), que utilizou mais da metade do “cotão” com passagens aéreas – um total de R$ 95 mil. Treze viagens de quatro assessores para Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo custaram R$ 41 mil só em passagens. As despesas do gabinete já somam R$ 214 mil.
O assessor Charles Achcar Chelala fez cinco viagens de Macapá a Brasília ao custo de R$ 16 mil. O objetivo de duas delas foi “estruturar o mandato para a nova legislatura”. Também viajou para participar de reunião no gabinete. Emílio Macedo também participou de reuniões para “estruturar o mandato”. A assessora de comunicação Francilene Rodrigues acompanhou o senador em viagens a São Paulo, Rio de Janeiro e Brumadinho (MG).
O senador Eduardo Braga (MDB-AM) gastou R$ 179 mil com serviço de apoio parlamentar. Quase a totalidade – R$ 164 mil – foi para a empresa Marcello Santos da Silva, que produz, monitora e gerencia as redes sociais do senador. A sua despesa total já chega a R$ 308 mil, incluindo R$ 45 mil da viagem a Doha, no Catar, onde participou da Assembleia da União Interparlamentar.
Omar Aziz (PSD-AM) também concentrou os investimentos. Pagou R$ 150 mil para a empresa de comunicação de Jefferson Coronel, que presta consultoria em comunicação e marketing, executando trabalhos em redes sociais, assessoria de imprensa e produção e edição de vídeos. As despesas do senador estão em R$ 266 mil.
Os gastos do senador Roberto Rocha (PSDB-MA) já somam R$ 251 mil, sendo R$ 173 mil do “cotão”. Ele gastou R$ 83 mil com escritórios de apoio em São Luís e Imperatriz e R$ 68 mil em viagens internacionais. Numa delas, em Washington, falou sobre a “Perspectiva congressional da relação espacial Brasil-EUA”. Esteve também numa feira de alimentação em Bangkok, Tailândia, onde apresentou a empresários as “potencialidades para investir no Maranhão”.
Novo Senado paga enxoval para cozinha
O novo Senado também oferece materiais de copa e cozinha para os gabinetes. Alguns senadores novatos esbanjaram um pouco mais. O “chá de panela” do senador Weverton (PDT-MA) aconteceu no mês de abril, quando solicitou ao Senado louças, talheres e outros utensílios no valor de R$ 2 mil. Ele completou o estoque em maio. Ao todo, foram 60 xícaras, 36 pratos e 78 copos de vidro, além de talheres, jarra inox, porta copo, garrafa térmica. Só as xícaras custaram R$ 780.
O senador Irajá (PSD-TO) recebeu louças, talheres e utensílios no valor de R$ 1,9 mil, incluindo 48 xícaras e 42 copos. O gabinete em Brasília conta com apenas 16 assessores. Jayme Campos (DEM-MT), que retornou ao Senado, recebeu materiais de copa e cozinha no valor de R$ 1,6 mil, sendo 60 xícaras. Izalci Lucas (PSDB-DF) deu uma despesa de R$ 1,5 mil. Mas tem uma explicação para as 62 xícaras solicitadas: ele conta com 85 assessores, todos em Brasília. É o recordista no ranking de geração de empregos.
O “chá de panela” do novo Senado é diferente. Não são os amigos que levam os presentes. O Senado fez uma licitação e comprou materiais de copa e cozinha padronizados. Quando precisam, os assessores fazem os pedidos pelo computador, uma espécie de “compra virtual”. Mas quem paga a conta é o contribuinte.
E não é qualquer louça que serve. Os pratos e xícaras são em porcelana fina, branca esmaltada, sem falhas ou bolhas. A borda é contornada com um friso dourado com espessura de 3 milímetros. A marca de referência é Arte Porcelana. A colher para café tem bojo em formato simétrico e bordas cuidadosamente arredondadas, confeccionada em única peça, sem emendas, com acabamento de aço inox em alto brilho.
Novo Senado justifica gastos do cotão
O gabinete de Humberto Costa justificou o elevado gasto com correios: “o senador envia publicações de interesse público impressas na gráfica do Senado. Este ano, o objeto de impressão é um “vade mecum”, que inclui 11 tipos de legislação, como a Constituição Federal e os Códigos Civil e Penal. A remessa de R$ 44 mil se refere ao envio de exemplares (cada um com quase mil páginas) ao escritório do Recife, que se ocupa de distribuir nas viagens de servidores aos municípios”.
A assessoria do senador Weverton afirmou que os utensílios citados na reportagem “estão no gabinete, onde os funcionários almoçam, em função da agenda que costuma ser cheia. E, por ser líder de bancada, o senador costuma realizar várias reuniões de trabalho semanalmente, com almoços bancados por ele mesmo com outros senadores, autoridades e representantes de diversos setores para tratar das pautas em discussão no Senado”.
A assessoria do senador Romário afirmou que todas as passagens do gabinete são de uso do senador ou de servidores do gabinete em serviço: “os funcionários viajam para reuniões de acordo com as demandas do mandato”. Sobre os elevados preços das passagens, argumentou que “os valores variam de acordo com a demanda. O Rio de Janeiro é um dos destinos mais procurados do Brasil, o que faz com que o preço da passagem varie muito para cima”.
O gabinete acrescentou que a crise da empresa Avianca resultou num aumento no preço das passagens de até 100%. Além disso, destacou que “a dinâmica da atividade parlamentar em Brasília não permite que o senador escolha os dias em que viaja. O gabinete compra sempre com a antecedência possível para conseguir tarifas mais em conta. Porém, se houver a necessidade de alteração, o valor volta a subir”.
Mandato requisitado
A assessoria do senador Randolfe destacou que o Amapá ostenta as mais altas tarifas aéreas praticadas no país. “Ressalte-se que neste ano, com a crise da Avianca, as passagens aéreas têm sofrido forte reajuste bem acima da inflação, chegando a 150%”. O gabinete acrescentou que a indicação do senador para liderança da Rede nessa nova legislatura “exigiu um grande esforço da equipe de colaboradores no sentido de reestruturar o gabinete para os novos desafios, tornando necessária a presença em Brasília dos principais coordenadores do mandato que atuam Macapá”.
O senador comentou: “nosso mandato tem sido muito requisitado para agendas com a imprensa nacional no Rio de Janeiro e em São Paulo, eventos para os quais tenho sido acompanhado pela minha assessoria de comunicação”.
A assessoria de Jayme Campos encaminhou ao blog o termo de referência de aquisição de materiais de copa e cozinha firmado entre o Senado Federal e a empresa vencedora do certame licitatório. “Cumpre-nos ressaltar que o objetivo da aquisição é suprir as necessidades de diversas unidades administrativas e legislativas do Senado Federal, cabendo ao gabinete parlamentar tão somente requisitar o material já disponível no setor responsável com vistas ao bom funcionamento desta unidade legislativa”.
O senador Roberto Rocha afirmou que gastou R$ 36 mil para aluguel do escritório de representação política de São Luís. Sobre vigilância do escritório na capital maranhense, disse que gastou R$ 35 mil na contratação de dois seguranças, que se revezam em turnos a cada 12 horas. O contrato inclui monitoramento eletrônico e câmeras de segurança.
Do site Gazeta do Povo
Andreia diz
Que absurdo!! Todos esses gastos desses senadores!! O trabalhado sendo esplorado para receber um salario minimo que desvaloriza o trabalhador que ainda tem que contribuir do nosso bolso para esses desoculpados ficarem esbanjando bando de sem noçãoooo.