Brasília (DF) – O número de denúncias de violação contra as pessoas idosas no Brasil ano passado chegou a 37.454, aponta levantamento do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, divulgados na quarta-feira (12). O dado alarmante, que corresponde a 102 denúncias por dia, mostra o quanto os mais velhos estão vulneráveis no país.
Comparado com o ano de 2017, quando foram registradas 33.133 ocorrências, o número representa um aumento de 13% em relação àquele ano.
Dados colhidos por meio do Disque 100, Disque Direitos Humanos, revela que seis de cada dez casos, 60,7% de violação têm origem na família – os suspeitos são filhos ou netos das vítimas. A maioria ocorre contra mulheres.
Diante do número assustador, os parlamentares do PRB têm discutido e apresentado propostas no Congresso Nacional que ampliam a proteção aos mais velhos. Uma delas é o projeto do deputado federal Ossesio Silva (PRB-PE), em tramitação na Câmara dos Deputados, que prevê a abertura de delegacias especializadas do idoso e a realização de campanhas ostensivas e permanentes de participação dos diversos segmentos da sociedade no atendimento ao público.
“A violência contra idosos é uma questão que vem tornando-se problemática. Infelizmente, o número exato de vítimas de violência é bem superior aos denunciados, uma vez que os atos violentos praticados por pessoas próximas não são adequadamente notificados”, destacou Ossesio na proposta.
Ainda de acordo com a pasta dos Direitos Humanos, a violação contra os idosos segue o padrão da observada pelo órgão contra as crianças e as mulheres, ocorrem em casa, longe dos olhos de pessoas que não são familiares e poderiam ter mais predisposição a denunciar os maus-tratos.
A maioria dos violadores e testemunhas dos atos, aponta o ministério, são familiares, sendo mais comuns a negligência (38%); violência psicológica, como humilhação e hostilização (26,5%), e abuso financeiro, quando os bens da vítima são retidos ou destruídos.
O coordenador nacional do PRB Idoso, Ricardo Quirino, que tem atuado em defesa das pessoas idosas pelo país, e apoiado as ações defendidas pelos republicanos no Congresso Nacional, diz acreditar que o crescimento das denúncias indica um aumento na conscientização, mas pondera que o problema pode ser muito maior do que o mostrado pelas estatísticas.
“Sobre estes dados, não podemos dizer que a violência cresceu ou se estabilizou, mas entendemos que os números não refletem a verdadeira realidade da violência, pois acreditamos que seja muito maior. Isso mostra que as pessoas estão tomando coragem e incentivando outras a denunciarem. Hoje, os canais de denúncias estão sendo mais divulgados, as pessoas têm mais acesso e coragem de denunciar às autoridades, como o Disque 100. É também a demonstração de que está havendo conscientização e participação da sociedade e de familiares que não concordam com essa prática”, avaliou Quirino.
Sobre o fato de as ocorrências de violação ocorrerem mais contra as mulheres, Ricardo Quirino lembra que isso se dá pelo fato de que este público vive mais que os homens acabam ficando dependentes dos parentes. “A mulher, por ter uma sobrevida maior que o homem, geralmente seis a sete anos a mais, ela acaba ficando viúva e dependente, indo morar com filhos, netos e/ou noras. E nessa relação acaba ficando totalmente impotente, pois perde autonomia e em muitos casos sua independência, é aí que ela passa a ser vítima dessa violência. Nós, do PRB Idoso, vamos continuar trabalhando para que haja mais casos de denúncias, mas também vamos trabalhar na educação. Essa é a nossa campanha: ‘O silencio não cura as feridas”, explicou Ricardo Quirino.
15 de junho
O Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa, 15 de junho, foi instituído em 2006 pela Organização das Nações Unidas(ONU) e pela Rede Internacional de Prevenção à Violência à Pessoa Idosa. O principal objetivo do dia é criar uma consciência mundial, social e política, da existência da violência contra a pessoa idosa.
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