Brasília – O senador Armando Monteiro (PTB-PE) enfatizou o papel da indústria para impulsionar o desenvolvimento do Brasil, ao criticar o fato de o setor vir perdendo espaço na economia nacional, nas últimas décadas, para a produção e exportação de produtos agrícolas e minerais. Armando fez este registro durante a sessão especial do Senado queconcedeu o Diploma José Ermírio de Moraes aos empresários Francisco Ivens de Sá Dias Branco, José Alexandre dos Santos e Robson Braga de Andrade pela relevante contribuição ao crescimento e ao desenvolvimento econômico e social do País. A sessão foi presidida Armando Monteiro, que é presidente do Conselho que elegeu os homenageados.
Armando fez uma defesa veemente da indústria brasileira, que vem a cada ano perdendo força na economia. Segundo ele, a indústria de transformação, que tinha, até meados dos anos 1980, uma participação de mais de 30% na formação do produto econômico do País, viu essa posição declinar ao longo do tempo, e, hoje, representa menos de 15% do PIB.
A indústria brasileira também já foi responsável por 65% da pauta de exportação do Brasil, mas tem hoje uma participação inferior a 40%, num processo que pode ser identificado como de reprimarização das vendas externas nacionais. Ou seja, disse Armando, “quando José Ermírio (numa alusão ao nome do Diploma), nos anos 40, lembrava que um país não podia ficar cedendo matérias-primas e importando manufaturas, o que se verifica, hoje, é que o Brasil vive, por assim dizer, um processo regressivo, ganhou espaço como produtor de commodities agrícolas e minerais e vem perdendo posição na indústria”.
“O Brasil não vai aceitar essa aventura regressiva. O Brasil pode conciliar, sim, a sua condição de exportador de commodities, sem que isso signifique abdicar da sua justa ambição de ainda colocar-se como uma das mais importantes e diversificadas plataformas manufatureiras do mundo”, disse Armando.
No entanto, para que isso aconteça, para que a indústria no Brasil possa recuperar espaços, defendeu o senador, tem-se uma agenda densa e desafiadora, uma agenda que passa pela mobilização do setor empresarial na direção da inovação. Os ganhos de produtividade no futuro dependerão crucialmente da capacidade de inovar processos, de inovar produtos, e, por isso mesmo, a indústria brasileira precisa mobilizar-se para ter protagonismo nessa agenda da inovação. “Essa é uma nova agenda, mas temos que, simultaneamente, enfrentar ainda uma velha agenda que nos remete à discussão de todas essas carências e dos constrangimentos estruturais que ainda limitam o desempenho da economia brasileira”.
Armando cumprimentou os agraciados com o diploma, Francisco Ivens de Sá Dias Branco, do grupo cearense M. Dias Branco, do ramo alimentício; José Alexandre dos Santos, fundador das Indústrias Reunidas Coringa, de Alagoas, que também atua no setor de alimentos; e o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, presidente da empresa Orteng Equipamentos e Sistemas Ltda., que produz equipamentos de ponta para diversos segmentos industriais.
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, falou em nome dos agraciados e agradeceu a honraria. Aproveitou o discurso para defender reformas para mudar o quadro de perda de competitividade da indústria brasileira. Em discurso, o dirigente citou como obstáculos a carga tributária, as deficiências na infraestrutura e a “rigidez” da legislação trabalhista, entre outros pontos. Segundo ele, os custos inerentes ao trabalho são muito elevados.
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