O vice de Paulo Câmara
Nas eleições de 2010, na reeleição de Eduardo Campos, o então governador foi fustigado para trocar o seu vice João Lyra Neto, que para muitos não tinha envergadura para exercer o cargo, e inclusive Eduardo chegou a considerar a hipótese sendo demovido da ideia por Fernando Lyra, irmão de João. Animal político, Eduardo acabou entendendo que se substituísse Lyra por outro nome abriria uma fratura difícil de ser curada na campanha.
Em 2000, Raul Henry era vice de Roberto Magalhães, mas acabou sendo substituído por Sergio Guerra, que naquela ocasião estava se aproximando do jarbismo. A troca acabou não sendo bem-sucedida, e a reeleição Dr. Roberto, que estava encaminhada, acabou sofrendo uma das maiores viradas da história política e eleitoral do estado.
Ficou provado nestas duas ocasiões que a troca de vice não é uma tarefa muito fácil para um governante que tenta a reeleição, porém o governador Paulo Câmara não tem outra alternativa, uma vez que não há condições de manter Jarbas Vasconcelos e Raul Henry na chapa majoritária por eles serem do mesmo partido e do mesmo grupo político. Raul será alçado ao posto de candidato a deputado federal e dará lugar a outro nome.
Como não há condições para firulas, pois Paulo Câmara não tem elevada aprovação, caberá ao governador uma saída política e eleitoral para o posto. É preciso reconhecer a força dos partidos que compõem a Frente Popular na hora de fechar essa chapa, e hoje somente três nomes estariam legitimados para este posto. O ex-prefeito de Caruaru, José Queiroz, seria uma opção caso o governador queira repetir Eduardo e Jarbas e colocar um vice do Agreste em sua chapa. Queiroz tem envergadura e força política para o posto, uma vez que governou Caruaru até recentemente e saiu com significativa aprovação.
Outra opção seria o deputado federal Sebastião Oliveira, presidente estadual do PR e herdeiro político de Inocêncio Oliveira, que sempre foi uma grande referência da política pernambucana. Sebastião tem potencial para ser um dos federais mais votados de 2018, mas caso seja convocado pelo governador para a missão de vice-governador, terá um papel importante para toda a Frente Popular, uma vez que parte de seus votos pode ser distribuída com nomes que estejam em situação de maior dificuldade eleitoral. Paulo contemplaria um grupo que foi aliado de primeira hora na histórica vitória de Eduardo Campos que deu início a atual hegemonia do PSB e resolveria a vida de muitos deputados de sua base que estão perigando com parte dos votos de Sebastião.
Por fim, a alternativa Augusto Coutinho surge como uma opção também interessante, mas de difícil execução. Augusto circula bem em todas as matizes políticas do estado, mas assim como Sebastião, está com sua reeleição de federal encaminhada. Seria um excelente vice se não fosse cunhado do senatoriável Mendonça Filho, que está fincado na oposição. A escolha de Augusto lhe causaria um embaraço familiar de difícil desate.
Apesar das três alternativas serem excelentes e caberá ao governador fazer a escolha que melhor lhe aprouver, uma coisa é indiscutível: Assim como Eduardo em 2010, Paulo não pode inventar a roda. Terá que respeitar as forças da sua elástica aliança, e escolher quem tem argumento eleitoral e político para o posto, porque não será com “amigos da cozinha” que o governador vencerá a disputa em outubro, mas sim com toda a Frente Popular com o empenho e os votos de cada ator estratégico para garantir a sua reeleição.
Aproximação – Chamou a atenção a presença constante do pré-candidato a deputado federal Júnior Uchoa em Caruaru. Em poucos dias ele teve por três ocasiões na capital do Forró. No último final de semana, Uchoa posou junto do prefeito de São Lourenço, Bruno Pereira, que lhe apoia, ao lado da prefeita e anfitriã Raque Lyra. A aparição de Uchoa ao lado gestora, que é opositora do Palácio, chamou atenção e deu margem para inúmeras especulações.
Destaque – A prefeita de Primavera, Dayse Juliana (PDT), vem se destacando na região da Mata Sul. Com apenas 32 anos, ela conseguiu imprimir uma gestão de resultados no município e está sendo bastante elogiada pela forma como conduz os rumos da cidade. Ela apoia Fernando Monteiro e Guilherme Uchoa e deverá garantir expressivas votações aos seus candidatos por conta da sua credibilidade perante a população.
Empréstimo – O Ministério Público de Contas de Pernambuco (MPCO) fez um pedido de cautelar para suspender o empréstimo de 83 milhões da Caixa para a Prefeitura de Caruaru. O procurador Cristiano Pimentel quer uma análise jurídica e fiscal pelos auditores do TCE, antes que o empréstimo tenha prosseguimento. A prefeita Raquel Lyra (PSDB) já foi notificada para se manifestar.
Dificuldade – Caso confirme que não terá o palanque de Marília Arraes e o de Armando Monteiro para ser candidato a senador, Silvio Costa terá dificuldade para viabilizar uma candidatura avulsa ao Senado. Isto porque não montou chapa de federal e fragilizaria a reeleição de Adalberto Cavalcanti, e deixaria João Paulo Costa numa situação difícil para deputado estadual, uma vez que é pouco provável que o PRB abdique da coligação de Armando para apoiar este projeto.
RÁPIDAS
Alcides Teixeira – Vereador do Recife muito bem votado em 2016, Alcides Teixeira Neto tem sido procurado por muitos pré-candidatos a deputado estadual para receber apoio nesta eleição. Alcides, que ainda não fechou apoio para estadual, tem feito conversas políticas no sentido de assegurar obras e ações para as comunidades onde é votado.
Descortesia – Após dizer que não teria problemas em pedir votos para Humberto Costa caso ele fosse seu companheiro de chapa no Senado, o deputado Jarbas Vasconcelos não teve uma atitude recíproca do petista, que considerou a postura de Jarbas elegante, mas em nenhum momento falou não hipótese de votar em Jarbas.
Inocente quer saber – A chapa oposicionista será mesmo completada com Guilherme e Daniel Coelho?
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