O advogado e pré-candidato ao Senado Federal Antônio Campos concedeu uma entrevista exclusiva ao blog, onde fala da relação com Eduardo Campos e Miguel Arraes, a sua candidatura a prefeito de Olinda, faz duras críticas à cunhada Renata Campos, e apresenta suas avaliações sobre o cenário político de Pernambuco. Confira na íntegra:
Edmar Lyra – Como era a sua relação com o seu avô Miguel Arraes e seu irmão Eduardo Campos quando eles foram governadores?
Antônio Campos – Minhas relações com Eduardo e Arraes sempre foram boas. Fui escolhido pela minha avó Madalena Arraes para ser Presidente do Instituto Miguel Arraes, o que demonstra um respeito a mim. Fui um conselheiro constante de Eduardo, na política, ele contou comigo nas horas difíceis e fui um irmão leal.
EL – Você decidiu ser candidato a prefeito de Olinda pelo PSB, chegou ao segundo turno, o que faltou pra vencer a eleição?
AC – Essencialmente, o trabalho do PSB estadual na reta final da campanha contra a minha candidatura, ajudando Lupércio na política e de outras formas, de forma não pública. Errei ao não denunciar isso na reta final da campanha.
EL – Eduardo Campos foi governador e saiu com 90% de aprovação, por que Paulo Câmara não consegue repetir o desempenho dele? O que falta ao governador?
AC – Falta liderança e capacidade de fazer política. Falta gestão também. O palanque de Paulo Câmara está em vias de se reduzir. Tenta uma tábua de salvação com o PT. É improvável essa aliança, porque é mais provável que o PSB nacional libere os estados a fazer suas alianças, ficando sem candidato nacional no primeiro turno, o que inviabiliza uma coligação em Pernambuco.
EL – Recentemente você disse numa entrevista que Renata Campos tinha cargos no governo, poderia nominar algumas pessoas?
AC – Renata possui diversos cargos familiares e não familiares na Prefeitura do Recife e no Governo do Estado e preferia não nominar apenas alguns. No momento certo e em breve, mostrarei a extensa relação completa.
EL – Você tinha uma boa relação com Renata quando Eduardo era vivo? Por que hoje ela é tão desgastada?
AC – A relação de Renata com meu pai e com os Campos sempre foi difícil. Eduardo equilibrava. Renata não queria minha mãe Deputada e nem Ministra. A vontade de Eduardo prevaleceu.
EL – Você acredita que um eventual segundo governo de Paulo Câmara será melhor ou pior do que o atual?
AC – Pior. Paulo demonstrou ser ruim na política e na gestão.
EL – Na sua avaliação, os atuais integrantes do Palácio possuem humildade?
AC – Os funcionários de carreira e os garçons do Palácio.
EL – Se você fosse traçar um perfil da sua cunhada Renata Campos, o que você diria?
AC – Uma pessoa inteligente intelectualmente, com baixa inteligência emocional e que para ela o mundo é a família Andrade Lima. A vida é uma questão familiar. Tem uma grande sede de poder. Eduardo a ouvia, mas quem decidia era ele.
EL – Por falar em Renata, por que você falou que iria desmascará-la? Ela fez algum mal a você?
AC – Renata foi quem deu a ordem a Geraldo Júlio e esse orquestrou o PSB para boicotar minha campanha em Olinda. Ela comemorou a minha derrota eleitoral em Olinda. Acho isso inusitado.
EL – A ministra Ana Arraes ainda tem algum tipo de relação com Renata? Você falou que elas se falaram no máximo seis vezes…
AC – Claro que tem, mas a relação familiar poderia ser melhor e ela (Renata) dificulta a relação com os netos.
EL – Qual será seu futuro político? Pretende disputar o Senado na chapa de Armando Monteiro?
AC – Sou pré-candidato ao Senado Federal pelo Podemos, pela vontade da nacional e de Álvaro Dias. Já tive convite de outro partido, mas a principio não aceitei. Agora, vai depender minha candidatura do conjunto das oposições, em Pernambuco, querer. O grande problema do G4 é de um melhor posicionamento político, daí minha prima Marilia Arraes está bem nas pesquisas. Poderia ajudar o G4 nesse discurso que o Palácio faz que é a turma do Temer.
EL – Você acredita que Fernando Bezerra Coelho comandando o MDB abrirá mão de ser candidato a governador?
AC – Não. Se ele resolver o PMDB, que acho que vai resolver e o PMDB tiver candidato a Presidente, ele será candidato.
EL – O que um novo governador poderá fazer diferente do que Paulo Câmara está fazendo?
AC – Um novo modelo de gestão e uma forma diferente de fazer política, com mais diálogo.
EL – Como você avalia esses primeiros 15 meses do prefeito Lupércio?
AC – Um governo que representa a continuidade da gestão de Renildo Calheiros, sem transparência e que inchou ainda mais a máquina pública, inclusive ultrapassando o limite de gasto com pessoal da Lei de Responsabilidade Fiscal. Tirando alguns serviços da secretaria de obras, não há avanços. A cidade precisa de um modelo diferente de gestão. A cidade está cheia de propaganda da esposa de Lupércio candidata a Deputada Estadual, que é o seu foco esse ano.
EL – Você pretende disputar novamente a prefeitura de Olinda?
AC – Não digo que dessa água não beberei e não descarto a hipótese.
EL – Você falou que havia uma missão a ser cumprida entrando na política, essa missão foi cumprida? Se não, o que faltaria para cumpri-la?
AC – A minha missão é não deixar que o legado de Arraes e Eduardo Campos fiquem em mãos indevidas e avançar ainda mais em servir o povo pernambucano.
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