Por Mauricio Costa Romão*
A tabela que encabeça este breve texto mostra a votação, por estrato de votos, dos deputados federais eleitos por Pernambuco em 2014. Chama a atenção, de pronto, o fato de que quase a metade dos parlamentares eleitos teve de 100 mil a 200 mil votos.
Considerando apenas as duas últimas faixas de votos, constata-se que 60% dos eleitos obtiveram mais de 100 mil votos, o que dá uma idéia do forte potencial de votos do conjunto.
Registre-se, por oportuno, que sete suplentes em 2014 conseguiram votações expressivas, acima de 50 mil votos, com média de 61.692 votos. Dentre estes não eleitos, a votação menor foi de 50.128 votos e a maior de 73.967 votos.
A média de votos de todos os eleitos foi de 123.302 votos. Excluindo a votação da primeira faixa, que destoa das demais, a média sobe para 127.249 votos, uma média bastante elevada.
Tirando o caso extremo da primeira faixa, a menor votação do time dos eleitos foi de 85.053 votos. Cada eleição tem sua história própria, como se sabe, mas não se estaria longe do raio de possibilidades eleitorais considerar que a votação mínima para eleger um deputado federal em 2018 gravite por aí mesmo, no entorno desses 85 mil votos.
O quociente eleitoral para deputado federal em 2018 deve ficar ao redor de 170 mil votos, abaixo do registrado na última eleição (179.329 votos). Essa perspectiva se prende à tendência de a alienação eleitoral (abstenção, votos brancos e votos nulos) crescer em 2018, em função do desencanto com a política e com os políticos. Assim, contando-se com um pequeno incremento do eleitorado, os votos válidos devem cair e, por via de conseqüência, o quociente eleitoral.
A barreira numérica do quociente de 170 mil votos sinaliza, com base na eleição passada, que apenas alguns poucos partidos teriam cacife para disputar o pleito de 2018 isoladamente, sem coligações, e eleger pelo menos um deputado: PSB, PTB, PSDB, PT, PP e PR (o PMDB, sem Jarbas Vasconcelos candidato, teria dificuldades de alcançar esse quociente. Se o partido mudar de mãos, vai depender da dimensão eleitoral dos novos membros).
Todos os demais 24 partidos tiveram votações individuais em 2014 bem abaixo do quociente projetado de 170 mil votos. Não havendo nada de excepcional, ninguém deste grupo teria condições de eleger um representante em 2018, competindo em carreira solo (projete-se esta situação para 2022, quando as coligações estarão proibidas…).
Então, por motivos numéricos óbvios, a tônica vai ser a celebração geral de alianças (lembrando que nas últimas oito eleições nenhum parlamentar federal de Pernambuco foi eleito sem ser por coligações!).
E aí é o de sempre: a coligação planejada terá o desafio de superar o quociente eleitoral, enquanto que o candidato, notadamente aquele com perspectivas eleitorais medianas, ficará atento ao potencial de votos de seus pares da futura aliança, pois se o grupo tem candidatos eleitoralmente fortes, ele corre sério risco de não se eleger.
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Maurício Costa Romão, é Ph.D. em economia pela Universidade de Illinois, nos Estados Unidos.
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