Por Terezinha Nunes
A crise econômica e uma seca definida como “a maior dos últimos 50 anos”, levaram o Estado de Pernambuco – o que mais crescia no Nordeste – a reduzir em 50% a perspectiva de aumento do PIB que havia sido projetada para o ano de 2012. Esta semana, a Secretaria de Planejamento do Estado informou que o PIB estadual do ano passado teve um incremento de 2,3%, quando se esperava que chegasse a 5%, considerando os investimentos públicos e privados em torno do Porto de Suape.
A seca, que fez a produção de leite estadual cair 80% e tem levado agricultores sertanejos ao desespero com a morte continuada de bovinos e equinos por falta de água e alimento, já se estendeu ao Agreste e à Zona da Mata e, há duas semanas, vem obrigando a população do Grande Recife a conviver com o racionamento d’água, algo que não ocorria desde 1999.
Se não chover suficientemente na Região Metropolitana – onde moram 40% dos habitantes do Estado –, nos próximos dois meses não está afastada a possibilidade de decretação do estado de emergência na área onde os reservatórios de água doce se encontram em níveis críticos.
Apesar deste cenário, a presidente Dilma e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, estão há mais de dois meses muito mais dedicados ao debate sobre a antecipada campanha presidencial de 2014 do que demonstrando preocupação com a calamidade provocada pela estiagem que não é só de Pernambuco, mas de todo o Nordeste.
A presidente, inclusive, acusada de estar transferindo menos recursos para Pernambuco do que o ex-presidente Lula, vem evitando, desde o Carnaval, pôr os pés em território pernambucano para não encher a bola do governador que deseja enfrentá-la na base governista no primeiro turno da eleição.
Dilma também não vem demonstrando preocupação com a seca em outros estados. Já esteve no Piauí, em Alagoas e na Paraíba muito mais dedicada a ouvir elogios e promessas de voto das lideranças políticas do que a falar da seca e das providências tomadas para minimizar sua extensão.
Só esta semana deixou vazar a informação de que o Governo Federal pretende ajudar os criadores a recompor seus rebanhos depois de passada a estiagem. Mas não visitou um só dos mais de 70% de municípios nordestinos castigados pela seca.
O governador Eduardo Campos não tem deixado por menos. Todos os dias, frequenta apenas as páginas políticas dos jornais pernambucanos, todos retratando suas andanças pelo País em busca de apoio.
Quase não recebe deputados e prefeitos, todos preocupados com a estiagem, e vem submetendo de tal forma sua agenda aos planos nacionais que esta semana o prefeito do Recife, Geraldo Júlio, foi obrigado a transferir para o período da manhã a festa de aniversário da cidade para que o governador pudesse participar do corte de um imenso bolo e, logo depois, seguir para Brasília.
O resultado foi desastroso. O forte calor fez a cobertura do bolo se desfazer a olhos vistos antes mesmo do corte da primeira fatia e o povo que, todos os anos, se aglomerava no Recife Antigo para experimentar a iguaria, sempre servida à noite, não compareceu. Uma cena patética acabou sendo revelada pela imprensa. Muitas autoridades em torno de uma imensa mesa e o vazio ao redor. Cena patética.
CURTAS
Preferência – O deputado federal João Paulo (PT) não faz segredo da preferência do seu partido pela candidatura a governador do senador Armando Monteiro (PTB). Não consta de sua agenda a propalada possibilidade do ministro Fernando Bezerra Coelho (PSB) ocupar este lugar. A não ser que Armando prefira o palanque do governador ao da presidente Dilma.
Reprovação – O Governo Federal, em saia justa com o levantamento do PNUD/ONU afirmando que o Brasil não melhorou seu índice de desenvolvimento humano, tentou descredenciar a pesquisa respeitada em todo o mundo. Da mesma forma o governo Eduardo Campos tentou descredenciar o movimento Todos pela Educação, que apontou Pernambuco com um dos quatro estados brasileiros onde os alunos têm notas mais baixas no IDEB.
União – O deputado estadual Cleiton Collins não passou incólume ao liderar movimento na Assembleia a favor da renuncia do pastor Feliciano à presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Teve que explicar ao seu partido o PSC que quis na verdade proteger o pastor e não condená-lo.
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