Por Marcelo Araújo
Se tem um assunto que causa arrepio aos brasileiros é a política. Infelizmente, lamentável, pois é justamente esse o sentimento desejado pela classe que hoje detém o poder. Quanto menos gente interessada em assumir o protagonismo das decisões, mais fácil será o caminho para os que gozam dos privilégios.
“Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles que gostam”, disse Platão. É o que tem acontecido. E para isso
O brasileiro precisa acordar dessa letargia que assombra o presente e o futuro de nosso País. Consequentemente, precisa entender também que a política é algo imprescindível para o indivíduo e está relacionada diretamente com a vida em sociedade. Identificar o real papel e tamanho do Estado. Recuperar a sua capacidade de indignação. Lutar pela sua liberdade individual.
O Congresso Nacional, hoje, discute uma nova Reforma Política. Na verdade, é mais um remendo que atenda ao seu bel-prazer, onde buscam o melhor remédio para a sobrevivência política. Apesar dos vários pontos questionáveis da discussão, até para não ser cansativo, focarei a observação no absurdo financiamento público de campanha. De antemão, deixo claro que não desejo ser o dono da verdade, mas apenas expressar a minha opinião sobre a temática.
Questiono-o antes de prosseguir: Você acha razoável que o seu dinheiro, arrecadado pelo Estado através da cobrança de altos impostos, seja destinado aos partidos políticos para financiarem campanhas eleitorais?
Reflita! Esses R$ 3,5 bilhões, de acordo com o texto original da reforma, poderiam muito bem ser aplicados em áreas essenciais para o desenvolvimento social e econômico dos vários brasis que existem aqui.
Sigo para a esfera privada. Proibiu-se, acertadamente, a doação por parte de empresas privadas. Excelente. Isso se confirma ao assistimos atônitos – ou nem tanto assim – a Operação Lava Jato desarticular um mega esquema de corrupção envolvendo essas empresas e agentes públicos. Muito dinheiro de propina circulando descaradamente dentro e fora do País, abastecendo caixa 2 de partidos e políticos.
Voltemos a esfera pública. E já respondendo ao meu próprio questionamento: sou totalmente contra também ao financiamento público de campanha. Não aceito que o meu dinheiro seja usado para financiar ideias e ideais diferentes daquilo que penso ser o melhor caminho. Não podemos financiar campanhas políticas milionárias, acordos escusos e a compra de votos e apoio.
A política precisa ser feita com o debate de ideias, sendo financiada por pessoas que compartilhem delas e com limite de doação. Jamais se justificará um candidato gastar um determinado valor, quando ele nunca irá recuperá-lo no exercício do mandato. É um disparate.
Lutemos pela reforma do sistema político geral, que acabe com os privilégios, que reduza o alto custo dessa jovem democracia e que mande para a cadeia os asseclas cleptocráticos. É preciso enterrar o Fundo Partidário com dinheiro do pagador de impostos.
Marcelo Araújo é liberal, empresário, consultor e palestrante.
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