O presidente Michel Temer (PMDB) e seus ministros não estão falando a verdade ao Brasil. Em 29 de junho de 2016, o atual ministro do Planejamento, Diogo de Oliveira, declarou – em uma audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal – que havia recursos previstos no Orçamento da União para o aumento salarial dos servidores federais dos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário, mais o Ministério Público Federal (MPF). O ministro disse, ainda, que o impacto financeiro já estava previsto para os anos de 2016 , 2017, 2018 e 2019 . Agora, de forma irresponsável, o governo tenta terceirizar a culpa da suspensão do reajuste. Quer creditar o seu fracasso na gestão das contas públicas ao governo anterior.
Michel Temer não fala a verdade. O Brasil todo sabe que o principal discurso do golpe era o equilíbrio fiscal, o ajuste das contas públicas. É verdade que o déficit público aumentou no governo da presidente Dilma em função das desonerações promovidas com o objetivo de estimular o consumo e preservar o emprego em nosso País. Reconheço que o então ministro da Fazenda, Guido Mantega, exagerou na política de desoneração, porém, Michel Temer não fala a verdade ao Brasil.
A primeira medida econômica que Michel Temer e seus ministros tomaram, após o golpe, foi a elevação do déficit público para R$ 170 bilhões, e de forma leviana colocaram está conta nas costas do governo da presidente Dilma. O déficit previsto para o final de 2016 era de R$ 120 bilhões, mas em abril Temer e seu grupo deram o golpe e fizeram um incremento de R$ 50 bilhões, ou seja, elevaram o déficit para R$ 170 bilhões, visando a criar uma “gordura” para gastar. Fizeram uma farra com os recursos públicos para dizer ao mercado que tinham base parlamentar, e isto é história, não é “estória”. Basta consultar o Orçamento da União de 2016 para se constatar a verdade que tentam esconder do Brasil.
Portanto, como vice-líder da oposição na Câmara Federal não posso aceitar tamanho cinismo e afronta ao povo Brasileiro . Michel Temer e seu grupo diminuíram o valor do salário mínimo para 2018, quer congelar o salário dos servidores, reduziram as políticas de inclusão social e quer privatizar empresas estatais eficientes – como o Aeroporto de Congonhas -, entre outras decisões desastradas, para fazer um remendo nas contas do País, que enfrenta um déficit que eles aprofundaram. E, de forma cínica, Temer e sua turma querem colocar a responsabilidade por esse “pacote de maldades” na conta da presidente Dilma.
Não vamos aceitar esse cinismo. Queremos fazer um debate verdadeiro, civilizado e acima de tudo com respeito ao País. Para começar, esperamos que o presidente Temer fale a verdade pelo menos uma vez ao Brasil.
* Sílvio Costa é deputado e vice-líder da oposição na Câmara Federal.
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