Por Terezinha Nunes
Em linguagem popular, o nordestino costuma dizer que uma pessoa está “com uma batata quente nas mãos” quando enfrenta dificuldades difíceis de resolver.
A seca que atinge o Nordeste e, particularmente Pernambuco, demonstra que a presidente Dilma Rousseff e o governador Eduardo Campos estão, literalmente, nesta situação. Sobretudo depois que a recente estiagem expôs a nível local e nacional algo que estava escondido dos holofotes da grande mídia do Sul e Sudeste: a falta de projetos consistentes dos dois governantes para minimizar os efeitos da ausência de chuvas.
Com quatro anos de Governo, bons índices de aprovação popular e excelente estrutura de marketing, a presidente e o governador, tidos como excelentes administradores, falharam a olhos vistos diante da seca.
As imagens expostas pelas emissores de TV e pelos jornais locais e nacionais são a maior prova disso. Há décadas só se podia localizar nos arquivos ou nos filmes de época o que agora se vê ao vivo e a cores: carcaças de bois, bodes e cabras expostos ao sol, vitimados pela fome, sede, ou doenças provocadas pela ingestão de comida estragada ou água contaminada.
Pesa, no caso da presidente, o descaso com as obras que vinham sendo tocadas para minimizar os efeitos da seca, como a transposição do Rio São Francisco, hoje, em sua quase totalidade, paralisadas. Além da absoluta falta de providências para tocar projetos de irrigação que, se não são capazes de combater a seca, minimizam seus efeitos através da produção de frutas de grande qualidade no semiárido, gerando emprego e renda para os sertanejos.
Pesa, no caso do governador, uma parcela de culpa pelo problema nacional já que é, no momento, responsável pela condução do Ministério da Integração Nacional, através do ministro Fernando Bezerra Coelho, a pessoa que, no âmbito do Governo Federal, responde pela transposição do São Francisco, pela irrigação e pelas providências emergenciais para socorrer as áreas flageladas.
Como se não bastassem a morte de animais e o desespero de criadores que nem sequer conseguem vendê-los, o Ministério não conseguiu sequer fazer a distribuição devida de milho para os agricultores alimentarem os rebanhos, o que obrigou criadores do Pajeú a ameaçarem fazer piquetes na BR-232 esta semana para chamar a atenção do país.
Não há quem conteste a fama de bom administrador do governador Eduardo Campos mas a seca expôs que seu Governo está, infelizmente, ainda se arranhando pelo litoral, onde os grandes investimentos geram emprego e movimentam a economia local.
No interior, os bons tempos ainda não chegaram.
Para complicar, uma combinação de fatores nacionais e locais acabou por tornar ainda mais dramática a situação nos municípios vitimados pela seca.
A presidente Dilma Rousseff provocou uma redução considerável da receita nesses municípios quando reduziu a cobrança de IPI sobre os automóveis para evitar desemprego no Sudeste e derrubou as transferências do FPM, das quais vivem a maioria deles.
E o governador não teve força sequer para evitar que a área da seca fosse excluída de mais este flagelo, sendo afetada duplamente.
CURTAS
PEN – Está em gestação mais um partido político que responde pela curiosa sigla de PEN (Partido Ecológico Nacional). Já teria a adesão de nove deputados estaduais paraibanos, outras dezenas nos demais estados nordestinos e uma possibilidade de, em Pernambuco, tornar-se sublegenda do PTB. Motivo: aqui ele é tocado por João Paulo Costa, filho do deputado federal Sílvio Costa (PTB) e candidato a deputado estadual em 2014.
Controle – Ninguém mais disfarça nos bastidores do PT a convicção de que o prefeito do Recife, João da Costa, pode assumir a direção do partido no Recife, e, em seguida, a estadual, caso consiga fazer vingar as milhares de filiações que promoveu recentemente. Outra convicção petista: se isso ocorrer, dificilmente o deputado federal João Paulo fica na legenda.
Água – Sensibilizado com o drama da seca, o arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, está pedindo aos fiéis católicos que doem água mineral em vasilhames de plástico para ser enviada ao agreste e sertão, onde não há água potável para consumo da população vitimada pela prolongada estiagem. As igrejas estão recebendo as doações em tempo integral.
Lamborghini V12 engine diz
This was an excellent read. Very thorough and well-researched.