Falta de prioridade motivou derrotas de Elias Gomes em 2016
O prefeito de Jaboatão dos Guararapes Elias Gomes tentou ampliar seu arco de influência para além da cidade que governava nas eleições deste ano, lançando candidatos em Bom Jardim, Moreno, Cabo de Santo Agostinho e Jaboatão dos Guararapes. Em política não dá pra querer tudo, por isso é fundamental estabelecer prioridades, fato que Elias não soube.
A prioridade óbvia seria manter o que já possuia, que era a prefeitura de Jaboatão dos Guararapes, e para isso era fundamental a construção de uma candidatura que agregasse a sua base política e que tivesse tempo de se viabilizar ao longo do ano de 2016 para chegar nas eleições com chances de vitória. Dos nomes postos – Heraldo Selva, Evandro Avelar, Mirtes Cordeiro e Conceição Nascimento – nenhum deles possuía densidade eleitoral em Jaboatão dos Guararapes, e pra isso seria fundamental a escolha imediata do nome para que ele fosse trabalhado nas comunidades e em toda cidade.
Elias desconsiderou a variável da ausência do guia eleitoral para enaltecer os feitos da sua gestão e principalmente para alavancar o seu candidato, seja quem fosse o escolhido, por isso o anúncio tardio de que Heraldo Selva era o escolhido apenas em junho foi fator determinante para que o candidato de Elias sequer chegasse ao segundo turno, mesmo tendo o maior volume de campanha de todos os candidatos.
O lançamento de Betinho Gomes no Cabo foi outro equívoco de Elias, não necessariamente a candidatura, mas Elias apostava piamente numa impugnação de Lula Cabral na disputa, fato que não ocorreu e desmoronou qualquer chance de reação de Betinho Gomes, que diga-se de passagem se preparou bastante para ocupar o cargo de prefeito. Esses resultados já colocariam Elias numa situação de dificuldade no meio político, mas se agravou com a derrota do prefeito de Bom Jardim Miguel Barbosa, outro aliado de Elias que tentava a reeleição.
A única vitória de um aliado de Elias Gomes se deu em Moreno com a volta de Vavá Rufino a governar a cidade, mas os números foram muito aquém da expectativa, pois Vavá se elegeu com pouco mais de três mil votos de vantagem sobre seu adversário, mesmo tendo liderado as pesquisas com larga margem na cidade.
Elias Gomes recentemente atribuiu para si a derrota de Heraldo Selva em Jaboatão dos Guararapes, mas isso não se deu efetivamente pela falta de experiência de Elias ou que sua gestão fosse ruim, a ausência de Heraldo no segundo turno e a derrota para Anderson Ferreira e Neco se deram exclusivamente por conta da indecisão excessiva do prefeito, que por excesso de zelo viu seu projeto ser derrotado nas urnas e a sua sonhada postulação ao Senado em 2018 ficou completamente distante.
Orçamento – A prefeita eleita de Caruaru Raquel Lyra (PSDB) disporá de um orçamento de mais de R$ 1 bilhão em 2017 que foi aprovado pela Câmara Municipal de Caruaru. Será o maior valor da história de Caruaru e permitirá a Raquel a chance de colocar muitas ideias defendidas na campanha em prática, como a geração de oito mil vagas de creche no município.
Ministro – Após ser deputado estadual, deputado federal e senador, o pernambucano Roberto Freire (PPS) de 74 anos foi nomeado ontem pelo presidente Michel Temer como ministro da Cultura em substituição a Marcelo Calero que pediu desligamento da pasta após divergências com integrantes do governo. Com isso Pernambuco passa a ter cinco ministros na Esplanada.
Pagamento – Com os quase meio bilhão da repatriação que o estado de Pernambuco terá direito, o governador Paulo Câmara ganhou um fôlego extra para poder pagar a folha do décimo terceiro salário do funcionalismo público estadual. Com as receitas em queda o governador tem feito malabarismo para manter a folha dos servidores em dia.
Nando Ceres – O vereador Nando Ceres (PDT) tem se movimentado muito bem na Câmara de Jabotão dos Guararapes e poderá ser o próximo presidente da Casa no biênio 2017/2018. Caso seja eleito ele substituirá o vereador Jailton (PSDB) que acabou não se reelegendo para a Câmara Municipal ficando na primeira suplência do PSDB.
RÁPIDAS
Saída – Recém-eleito prefeito do Cabo de Santo Agostinho, o deputado estadual Lula Cabral está um poço de mágoas com o Palácio do Campo das Princesas após o vice-governador Raul Henry ter subido no palanque de Betinho Gomes no Cabo. Lula inclusive teria cogitado sair do PSB tão logo assumisse o mandato.
Primeira-secretaria – O deputado estadual Romário Dias (PSD) ensaia uma disputa pela presidência da Alepe mas sabe que não tem a menor chance de derrotar Guilherme Uchoa (PDT), por isso o foco dele seria construir as condições para derrotar Diogo Moraes (PSB) na disputa pela primeira-secretaria e consequentemente ficar com a chave do cofre da Casa Joaquim Nabuco.
Inocente quer saber – Por quê Geraldo Julio depois que foi reeleito sumiu da política?
William Pontes diz
A derrota do Elias Gomes tem um nome: soberba; A Raquel Lyra ganhou um orçamento e não dinheiro. Vamos ver se arrecadação chega a esse patamar; o ministro Calero caiu por não submeter as pressões do célebre anaozinho do orçamento Geddel Vieira para liberação de um esporão onde adquiriu um imóvel, será que Roberto Freire vai liberar o espigao? Roberto Freire é na cota Paulista, de há muito deixou de ser pernambucano.
José Mário diz
Bastante coerente seu comentário William Pontes.
José Mário diz
Em tempo:
O fato de Elias não ter tido competência na disputa em JDG, não quer dizer que o mesmo tivesse sucessos. O eleitor mostrou uma característica bastante interessante e que precisa servir como referência em qualquer análise: MUDANÇAS!
Foi assim em quase todos os colégios eleitorais, onde o velho só ganhou qdo apresentou um viés de novo, de diferente. E isso, a busca por mudanças, arremessou Anderson e Neco para o 2º turno, e depois escolheu Anderson por ser mais do novo…
O candidato ideal para a sucessão de Elias passava por Evandro Avelar, por agregar todos os campos políticos, ou o Júnior Matuto, por ser puro sangue do governo, ou Cleiton Collins, apesar de não agregar.
Face ao acima, reputo a vitória de Anderson Ferreira como uma das mais emblemáticas e competente gestões eleitorais dos últimos anos, e que me lembrou muito, guardados o tipo de pleito, ao 1º mandato de Eduardo Campos, que correu por fora, e ganhou no vácuo criado pelas disputas mais fortes, porém desunidas.