O começo de uma nova era
Na campanha presidencial de 2014 quando havia um risco de derrota para Aécio Neves, a então presidente Dilma Rousseff utilizou uma tese interessante que foi a de governo novo, idéias novas. Isso foi exaustivamente utilizado, além obviamente dos petardos dados em Aécio Neves, a ponto de garantir o que seriam mais quatro anos para o PT. Na prática o segundo governo de Dilma foi mais do mesmo, ou melhor, pior do que o primeiro. O que configurou um verdadeiro estelionato eleitoral. Não obstante foi impichado ontem pelo Senado.
A saída de Dilma Rousseff encerra um ciclo de 13 anos de governos do PT, que tiveram seus acertos e a sua importância para o Brasil. Os programas como o Minha Casa Minha Vida, o ProUni, o Fies, o Pronatec e o Bolsa Família, que foi aprimorado e ampliado pelo PT, são provas de que existiram coisas boas na era petista. Porém, esse processo político já dava claros sinais de esgotamento ainda em 2013, quando surgiram as primeiras manifestações contra Dilma e o PT.
Isso ficou mais evidente ao longo do segundo governo de Dilma, quando a verdadeira situação do país veio à tona, e naturalmente causou descontentamento entre os brasileiros de todas as classes sociais, mas quem pagou a conta, como sempre, foi o povo mais pobre, que sentiu na pele os efeitos da inflação e do desemprego, quando 11 milhões de brasileiros ficaram fora do mercado de trabalho por conta da crise. O encerramento deste ciclo petista era óbvio de acontecer, fosse através de um impeachment ou através das eleições presidenciais de 2018.
A questão era que o Brasil não aguentava esperar mais dois anos e meio de recessão, desemprego, inflação e outros desdobramentos de uma grave crise política e econômica. Dilma se mostrou incapaz de liderar o país, de apontar um norte. Um processo de impeachment é sempre complexo e bastante traumático. Foi assim com Fernando Collor, e sem sombra de dúvidas será com Dilma Rousseff. Mas como não há mal que dure para sempre, assim como Itamar Franco conseguiu vencer a hiperinflação, Michel Temer terá condições de modificar o quadro econômico com medidas de austeridade, tal como ele já anunciou de bate pronto quando nomeou apenas 23 ministros, bem menos que os 39 que existiam no governo Dilma Rousseff antes de baixar para 32.
Temer também aponta para um enxugamento da máquina pública com a extinção de milhares de cargos comissionados. Esse é mais um sinal de que ele tentará fazer diferente. O cenário é desafiador, sem sombra de dúvidas, mas enquanto a crise antes de Itamar era por causa da hiperinflação, hoje o cenário se dava muito mais por conta da falta de capacidade de gestão de Dilma Rousseff, que com alguns ajustes Temer poderá dar início a uma nova era para o país. Foi dada a largada para o Brasil espantar a crise de uma vez por todas.
Ministros – Conforme havíamos antecipado na nossa coluna, quatro deputados pernambucanos foram nomeados pelo presidente Michel Temer. Foram eles: Raul Jungmann (Defesa), Mendonça Filho (Educação e Cultura), Bruno Araújo (Cidades) e Fernando Filho (Minas e Energia). Além deles, o também pernambucano Romero Jucá, que é senador por Roraima foi nomeado ministro do Planejamento.
Prestígio – O prestígio de Pernambuco não para na nomeação de cinco ministros, o senador Fernando Bezerra Coelho está praticamente certo para assumir a liderança do governo Michel Temer no Senado. FBC, que foi ministro da Integração Nacional, emplacou Fernando Filho para Minas e Energia mesmo a contragosto do governador Paulo Câmara.
Suplentes – Além de Fernando Monteiro (PP), Cadoca (PDT) e Augusto Coutinho (Solidariedade), com a nomeação de quatro deputados federais para o ministério de Michel Temer, assumem mandato em Brasília Creuza Pereira (PSB), Severino Ninho (PSB), Guilherme Coelho (PSDB) e Roberto Teixeira (PP). Todos pela coligação da Frente Popular liderada pelo PSB.
Pé frio – Conhecido pela sua falta de traquejo com as urnas ao colecionar várias derrotas majoritárias em Pernambuco, o senador Humberto Costa colecionou mais uma derrota para a sua vida. Na condição de líder do governo Dilma no Senado, Humberto viu o governo ruir em poucos meses após a prisão de Delcídio Amaral, seu antecessor no posto.
RÁPIDAS
Vitorioso – Se tem alguém vitorioso em Pernambuco após o desfecho do impeachment de Dilma Rousseff, esse alguém é o deputado federal Daniel Coelho, que teve a sua candidatura a prefeito do Recife contra Geraldo Julio mais do que confirmada. E diferentemente de antes do processo do impeachment, Daniel vem mais fortalecido do que nunca.
Pauta – O prefeito de Araripina Alexandre Arraes e a assessora especial do Palácio do Campo das Princesas Roberta Arraes, ambos do PSB, estiveram reunidos ontem com o governador Paulo Câmara. Na pauta a implantação de um IML, do Aeroporto Regional do Araripe, outras obras e uma visita do governador à região.
Inocente quer saber – Com a nomeação de Fernando Filho, o secretário Felipe Carreras cumprirá a promessa de sair do PSB para se filiar a Rede Sustentabilidade?