O fim de um ciclo
O Senado vota hoje o impeachment de Dilma Rousseff, que foi aprovado pela Câmara dos Deputados com 367 votos no último dia 17 de abril. A expectativa é que os senadores deem mais de cinquenta votos pelo afastamento de Dilma por um período de até 180 dias. Isso significará mais do que o afastamento de uma presidente eleita co 54 milhões de votos, na verdade o fim melancólico de um projeto de poder que venceu quatro eleições presidenciais consecutivas que acreditou que pela outorga das urnas se achou acima da Constituição e do próprio país.
Esse projeto foi inicialmente liderado por Lula, que chegou em 2003 como o mais honesto dos políticos, e que iria fazer tudo diferente do que já havia sido feito até 31 de dezembro de 2002. Posteriormente, por conta dos escândalos de corrupção que derrubaram José Dirceu, Antonio Palocci e uma série de petistas graúdos, Dilma Rousseff por exclusão acabou sendo a indicada por Lula para suceder-lhe na presidência, e o povo brasileiro lhe conferiu dois mandatos presidenciais.
O primeiro governo de Dilma foi um completo desastre, pois a cada mês que passava a presidente desmanchava tudo que vinha sendo feito pelos seus antecessores Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e o próprio Lula. O governo Dilma de 2011 a 2014 entregou em 2015 um país muito pior do que havia recebido de Lula. E por um período de um ano e 4 meses, Dilma entrega um país a Michel Temer em frangalhos.
Dilma comprometeu a estabilidade econômica com uma crise sem precedentes, e comprometeu o país com suas práticas visando se manter no poder a todo custo, primeiro para se reeleger, segundo para fugir do impeachment. Desrespeitou o jogo político quando foi beneficiária direta dos escândalos de corrupção da Petrobras desequilibrando a disputa, mentiu aos brasileiros quando não relatou a real situação do país, possibilitando o maior estelionato eleitoral da história do país, e já no seu segundo governo se mostrou o pior chefe de estado que passou pelo cargo de presidente da República desde a redemocratização.
Esse ciclo danoso ao país termina hoje a noite no Senado, possibilitando a partir de amanhã que o futuro governo venha a criar melhores condições para recuperar o Brasil. Não se espera que seja a salvação da lavoura, porém qualquer indício de governo por parte de Michel Temer já será infinitamente superior aos quase seis anos de desgoverno Dilma Rousseff. Demorou muito, mas a era Dilma Rousseff e consequentemente a era petista, chegou ao fim.
Ministro – Conforme antecipamos nesta coluna no dia 14 de abril, o deputado Mendonça Filho (DEM) será mesmo ministro de Michel Temer. Cotado para várias pastas, Mendonça acabou ficando com o ministério da Educação que voltará a ter a Cultura integrada na pasta. É um dos maiores orçamentos da Esplanada e com certeza dará um upgrade na carreira política do pernambucano.
PSB – A executiva nacional do PSB deliberou ontem que não irá participar formalmente do governo Michel Temer indicando filiados para ministérios e demais cargos. Porém, decidiu que não proibirá seus filiados de assumirem cargos caso sejam convidados por Temer. Com isso o caminho fica livre para o deputado Fernando Filho assumir o ministério da Integração Nacional.
Suplente – Com a cassação do senador Delcídio Amaral confirmada ontem pelo plenário do Senado por 74 votos, o empresário Pedro Chaves (PSC) assume o mandato até fevereiro de 2019. Chaves declarou patrimônio de R$ 70 milhões e será um dos políticos com mandato mais ricos do país. Delcídio ficará sem poder disputar mandatos eletivos até 2027.
Rombo – O governo Dilma Rousseff termina hoje deixando um rombo de R$ 250 bilhões. Com esse valor daria pra construir 170 mil creches, 125 mil quilômetros em rodovias e 2,8 milhões de casas populares. Uma legítima herança maldita Michel Temer estará recebendo da sua antecessora, com enormes dificuldades de ser administrada.
RÁPIDAS
Disputa – Michel Temer nem assumiu ainda a presidência e já existe uma disputa silenciosa entre Jarbas Vasconcelos, Mendonça Filho e Bruno Araújo pela indicação do comando e dos cargos da CBTU em Pernambuco que estavam nas mãos do vice-líder do governo Dilma Rousseff na Câmara deputado Sílvio Costa (PTdoB).
Jaboatão – Nos últimos dias o nome de Conceição Nascimento voltou a ganhar força para ser a candidata à sucessão do prefeito Elias Gomes em Jaboatão dos Guararapes. Apesar do quadro ainda estar indefinido, o que caminhava para a indicação de Evandro Avelar acabou arrefecendo um pouco, consequentemente beneficiando a postulação de Conceição.
Inocente quer saber – O governador Paulo Câmara conseguirá recursos do governo federal após incentivar o PSB a não assumir cargos no governo Temer?