Renan Calheiros já abandonou Dilma
Ciente da fragorosa derrota que o Palácio do Planalto caminha para sofrer no plenário da Câmara dos Deputados no próximo domingo, o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB/AL) já decidiu abandonar a presidente Dilma Rousseff. Ele sabe que Dilma já é carta fora do baralho no jogo político de Brasília e agora quem passa a dar a bola é Michel Temer, seu desafeto dentro do PMDB.
Diferentemente da maioria dos políticos, que por causa da força centrípeta que o Planalto exerce, acabam procurando Michel Temer por conta da expectativa de poder, Renan vislumbra a máxima de “vender dificuldade pra ganhar facilidade”. Uma vez apontando que precisará de prazo para analisar o impeachment no Senado, Renan sinaliza que quer uma atenção especial de Michel Temer no futuro governo, tal como ocorreu com Dilma.
Renan Calheiros quer continuar impondo sua agenda até fevereiro de 2017, quando termina o seu mandato de presidente do Senado. Temer sabe que o correligionário, se quiser, pode dificultar a sua vida no Senado, tanto no processo de impeachment, retardando-o quanto no cada vez mais provável governo Temer. Além de continuar sendo figura importante não só pelo cargo que exerce como também pela sua importância pessoal para a real política do país, Renan quer indicar aliados tanto na Esplanada dos Ministérios do governo Temer como também no primeiro e segundo escalão.
Uma vez presidente da República, Michel Temer precisará do apoio do Congresso para implementar o seu plano de governo, e Renan Calheiros pode ser fundamental nesse jogo, acalmando os ânimos no Senado e também jogando com as armas que tem a favor do governo, como por diversas vezes fez para ajudar Dilma Rousseff em troca de mais poder.
Renan é do tipo de pessoa que não tem coração nem ama ninguém. Frio e calculista, ele dança conforme a música, desde que não prejudique o seu narco de poder. Ele esteve ao lado de Collor, de Itamar, de FHC, de Lula, de Dilma e agora estará ao lado de Temer, mas está esperando ser ternurado com cargos e prestígio dentro do Palácio do Planalto, não só agora como principalmente depois que deixar a presidência do Senado em fevereiro do ano que vem.
Placar – De acordo com o Placar do Impeachment mantido pelo jornal Estado de S. Paulo já são contabiliados os 342 votos necessários para o impeachment de Dilma Rousseff. Isso leva a crer que até domingo pode haver um efeito manada que permitirá que o movimento pró-impeachment se aproxime ou até ultrapasse os 400 votos. A semana foi extremamente negativa para o Planalto.
Fernando Monteiro – O deputado federal Fernando Monteiro (PP) anunciou ontem seu posicionamento favorável ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. Sobrinho do ministro do TCU José Múcio Monteiro, Fernando acabou convencido que os fatos inviabilizaram a permanência de Dilma no cargo.
Tarde demais – Suplente de deputado federal, Cadoca disputou o mandato em 2014 pelo PCdoB e obteve pouco mais de 40 mil votos. Na janela da infidelidade partidária decidiu sair do partido e ficou indeciso o tempo todo, certamente aguardando para onde o vento iria. Quando os deputados Danilo Cabral e André de Paula decidiram reassumir seus mandatos para votar pelo impeachment, Cadoca que voltou a ficar sem mandato decidiu divulgar que seu voto seria pelo impeachment, o que foi tarde demais.
Ordem – Após decidir que a votação do impeachment começaria pelos deputados do Sul, o presidente da Câmara Eduardo Cunha teve que enfrentar questionamentos do PCdoB no Supremo Tribunal Federal, então ontem a tarde modificou seu entendimento, fazendo com que a votação fosse alternada, começando com estados do Norte, depois do Sul e vice-versa. A decisão de Cunha foi corroborada pelo Supremo Tribunal Federal ontem a noite.
RÁPIDAS
Equívoco – O grande erro do Planalto foi tentar judicializar o processo de impeachment ainda no ano passado. Se tivesse enfrentado o processo naquele momento as chances de sepultar o impedimento de Dilma na Câmara eram grandes. Quando optou por ganhar tempo, o Planalto não esperava que ele iria contar contra Dilma. Hoje petistas e aliados lamentam o crasso erro de cálculo feito naquele momento.
Aline Mariano – A oficialização da filiação de Aline Mariano ao PMDB foi uma evidência clara que a candidatura de Daniel Coelho a prefeito do Recife pelo PSDB é prego batido e ponta virada. Aline sonha em ser vice de Geraldo Julio, mas a tendência é que o indicado seja mesmo Jayme Asfora caso seja algum vereador.
Inocente quer saber – Os aliados de Dilma faltarão a votação pra não passarem vergonha?